O Paquistão, ainda enfurecido pelo ataque da Otan, a aliança militar do Ocidente, que matou 24 soldados seus no fim de semana, pode deixar de apoiar a "guerra ao terror" travada pelos EUA na região, caso a sua soberania volte a ser violada, disse a chanceler do país, Hina Rabbani Khar.
Em protesto contra o incidente, o Paquistão já cancelou sua participação em uma conferência internacional sobre o Afeganistão, marcada para a semana que vem na Alemanha.
"Já chega", afirmou Hina ao Senado paquistanês, segundo relato do jornal "The News". "O governo não vai tolerar nenhum incidente que derrame uma só gota do sangue de um civil ou um soldado,"
"O papel do Paquistão na guerra ao terror não deve ser ignorado", acrescentou Hina, insinuando que o Paquistão poderia romper a aliança iniciada na época em que os EUA invadiram o Afeganistão para perseguir os militantes responsáveis pelos atentados de 11 de setembro de 2001.
Num fato que deve exacerbar a crise, dois paquistaneses foram mortos na madrugada desta quinta-feira no Afeganistão, e guardas de fronteira do Paquistão disseram que a Otan pode ter sido responsável.
Os guardas disseram que os dois paquistaneses, oriundos da localidade de Chagai, recolhiam lenha a 30 km da fronteira quando um helicóptero da Otan bombardeou o veículo deles. A Otan não se pronunciou.
No sábado, helicópteros e caças da Otan atacaram duas guarnições militares paquistanesas na região da fronteira, no pior incidente desde 2001. Militares paquistaneses disseram que se tratou de uma agressão deliberada --algo que o general Martin Dempsey, chefe do Estado-Maior dos EUA, negou categoricamente.
As relações entre EUA e Paquistão já vinham declinando devido a bombardeios anteriores da Otan em território paquistanês, e também por causa da ação militar norte-americana que em maio matou o líder da rede terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden, nos arredores de Islamabad.
Posteriormente, políticos e militares acusaram os serviços paquistaneses de inteligência de colaborarem com militantes islâmicos.
Desde sábado, várias cidades paquistanesas registram protestos diários contra a Otan. Fontes militares disseram que uma delegação de 15 integrantes, chefiada pelo diretor-geral do Estado-Maior paquistanês, general Mohammad Asif, cancelou uma visita que faria nesta semana aos Estados Unidos.
Fonte: Reuters
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