O presidente sírio, Bashar al-Assad, disse que seu país não vai se curvar diante da pressão internacional e que vai continuar enfrentando as "gangues armadas" que, segundo ele, vêm gerando violência nas ruas.
Em entrevista ao jornal britânico Sunday Times, ele disse que a unidade e a estabilidade na Síria estão em risco.
Um ultimato dado pela Liga Árabe ao país para o fim da repressão violenta dos protestos anti-governo terminou na noite de sábado, mas não há sinais de que os confrontos estejam diminuindo.
Assad aceitou em princípio o plano de paz do grupo de nações árabes, mas teria proposto mudanças no número de observadores a ser enviado ao país, que seria reduzido de 500 para 40.
O papel dos observadores seria supervisionar a implementação do plano de paz, que prevê que o governo pare de atacar manifestantes, retire militares de áreas de tensão e comece negociações com a oposição.
As alterações estão sendo analisadas pela Liga Árabe, mas críticos dizem que a negociação é apenas uma manobra do governo sírio para ganhar tempo.
'Terremoto' no Oriente Médio
Na entrevista ao Sunday Times, Assad acusou a Liga Árabe de criar um pretexto para uma invasão ocidental em seu país, o que, segundo ele, criaria um "terremoto" no Oriente Médio.O presidente prometeu realizar eleições em fevereiro ou março, quando os sírios escolheriam representantes no Parlamento para criar uma nova constituição. Esta, por sua vez, determinaria a realização eleições presidenciais no futuro.
"Essa constituição vai lançar as bases de como eleger um presidente, se um presidente é necessário ou não... As urnas vão decidir quem deve ser presidente", disse ele.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, um grupo de oposição baseado na Grã-Bretanha, ao menos 27 pessoas morreram em confrontos no sábado.
Quatro delas eram agentes da inteligência do governo, cujo carro teria sofrido uma emboscada na cidade de Hama realizada por homens armados, que seriam desertores do Exército.
Granadas
Duas granadas teriam atingido nesta madrugada um prédio do partido do governo, o Baath, na capital Damasco, segundo relatos de moradores e ativistas.
Se confirmado, este seria o primeiro ataque do tipo na capital, desde o início do levante contra o governo do presidente Bashar al-Assad em março.
Após relatos iniciais de fumaça no prédio, bombeiros teriam sido enviados até o local.
A situação teria voltado ao normal na manhã deste domingo, mas um repórter da BBC diz que as forças de segurança ainda estão dentro do prédio.
Um grupo de desertores do Exército sírio teria assumido a responsabilidade pelo ataque.
Analistas afirmam, no entanto, que há alguma suspeita de que o próprio regime possa estar por trás do incidente, como forma de justificar sua posição de que terroristas armados são os responsáveis pelos protestos no país.
Segundo a ONU, mais de 3,5 mil pessoas já morreram na Siria desde o início dos protestos pró-democracia, em março.
O governo sírio vem restringindo a entrada de jornalistas estrangeiros no país, tornando difícil a verificação e a confirmação dos acontecimentos no local.
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