O Brasil comemorou, em uma nota da Chancelaria, a admissão da Palestina como Estado pleno da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
"O governo Brasileiro felicita a Palestina por sua admissão [da Unesco], primeira agência especializa do sistema das Nações Unidas que admitiu a Palestina como membro pleno", diz em nota o Ministério das Relações Exteriores.
Nesta segunda-feira, a Palestina se tornou membro pleno da Unesco durante uma votação nominal durante a 36ª Conferência Geral do órgão, em Paris. A resolução foi aprovada com 107 votos a favor, 52 abstenções, e 14 votos contrários, entre eles de Israel, Alemanha e Estados Unidos.
A presidente brasileira, Dilma Rousseff, deu seu apoio em setembro à adesão da Palestina como Estado da ONU, durante a Assembleia Geral da entidade.
O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Marmoud Abbas, agradeceu aos países que apoiaram o ingresso da Palestina na Unesco nesta segunda-feira. Além do Brasil, países como Rússia, China, Índia, África do Sul, França Espanha e Argentina votaram a favor da iniciativa. O Reino Unido se absteve da votação.
"Este voto não é contra ninguém, é apenas em apoio à liberdade e à justiça", disse Abbas em declaração à agência oficial da ANP.
O presidente afirmou que o apoio recebido impulsiona "a paz e representa o consenso internacional em apoio (de nossos) legítimos direitos nacionais, e dentre eles nosso direito a um Estado".
ENTRADA
Para conceder o status de Estado-membro à Palestina, a Unesco precisava do voto favorável de dois terços dos 193 países representados na votação.
A condição anterior dos palestinos era de membro observador. A solicitação de mudança de status é parte da batalha diplomática empreendida pelo povo árabe para que sejam reconhecidos como Estado, o que culminaria em sua tentativa de ingressar na ONU.
A agência é a primeira da organização em que os palestinos buscaram integração como membro total desde que o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, entrou com o pedido de assento na ONU, em 23 de setembro.
Mahmoud Abbas, saudou nesta segunda-feira a adesão da Palestina como membro pleno da Unesco como uma "vitória" para os direitos de seu povo.
"Aceitar a Palestina na Unesco é uma vitória para (os nossos) direitos, para a justiça e para a liberdade", afirmou seu porta-voz, Nabil Abu Rudeina, citando declarações feitas por Abbas em uma ligação a partir de Amã.
REPERCUSSÃO
Poucas horas depois do anúncio da admissão da Palestina como membro pleno da Unesco, os Estados Unidos, que votaram contra a resolução, anunciaram a suspensão dos repasses de fundos à entidade.
Segundo a porta-voz do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland, a decisão da Unesco foi "lamentável, prematura e mina o objetivo comum para um acordo de paz justo e duradouro" entre israelenses e palestinos.
Por isso, segundo ela, os EUA deixarão de fazer o pagamento de US$ 60 milhões que faria em novembro. No entanto, de acordo com a porta-voz, os EUA continuarão a ser membro da organização.
Os EUA que se retiraram da Unesco em 1984 argumentando que não estava de acordo com a gestão do organismo, regressando em 2003 advertiram em reiteradas ocasiões que poderiam cortar a ajuda econômica à Unesco, de 22% do orçamento bianual, que chega a US$ 653 milhões.
Já Israel anunciou que reformulará sua cooperação com a Unesco, após a admissão da Palestina como membro pleno da organização nesta segunda-feira.
O Ministério de Relações Exteriores israelense afirmou que a decisão afasta ainda mais a possibilidade de um acordo de paz.
"Após esta decisão, o Estado de Israel considerará seus próximos passos sobre a cooperação com a organização", adverte a nota do Ministério das Relações Exteriores israelense.
O ministério diz que a posição israelense é em prol do diálogo como a única via para conquistar a paz, e que ele deve acontecer sem condições preliminares, incluindo a exigência palestina de suspender o crescimento das colônias de judeus em seu território.
"A estratégia palestina na Unesco e os passos similares em outros organismos da ONU supõe uma rejeição dos esforços da comunidade internacional para avançar no processo de paz", diz a nota, que agradece aos países que se opuseram ao pedido palestino.
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