François Haas, Diretor da Turbomeca do Brasil, empresa do grupo francês Safran, esteve presente ao evento promovido pelo Consórcio Rafale junto a FIRJAN e falou um pouco sobre a participação do Grupo Safran no mercado brasileiro e principalmente sobre a sua empresa, a Turbomeca do Brasil.
A Turbomeca faz parte do Grupo Safran, no Brasil o Grupo Safran equipa todos os aviões da GOL e metade dos aviões da TAM tem turbinas do Grupo Safran em cooperação com a GE, todos os aviões da TAM possuem trens de pouso, rodas e freios do Grupo Safran, o novo avião da Embraer, o KC-390, vai ter rodas e freios de uma empresa do Grupo Safran, outra empresa no Brasil faz cartões bancários com chip, a metade dos cartões bancários que os brasileiros usam a cada dia são fabricados aqui no Brasil pelo grupo, a policia federal utiliza um sistema de biometria para identificação do cidadão brasileiro que foi desenvolvido pelo Grupo Safran.
Falando agora na Turbomeca, fabricante de helicopteros em nível mundial que possui hoje uma fatia do mercado mundial em torno de 40%, atualmente temos hoje cerca de 15 mil turbinas operacionais no mundo.
A história da Turbomeca no Brasil começou no final dos anos 70, quando foi instalado um escritório para dar apoio técnico e acompanhar a primeira venda de um helicóptero equipado com uma turbina turbomeca no Brasil, um Esquilo da Marinha do Brasil. Ao mesmo tempo o grupo ganhou um contrato para fornecer á Petrobras 20 grandes turbinas industriais instaladas em plataformas. Como resultado a Turbomeca montou uma fábrica em Xerém, no Rio de Janeiro. A partir de 2002 , como obrigação do programa de off-set, a turbomeca instalou no Brasil a capacidade de realizar a revisão de turbinas de helicópteros. Então neste momento a turbomeca passou a ampliar sua capacidade no Brasil, não só com todos os tipos de turbinas operados no Brasil pelas suas forças armadas e clientes civis, mas também em toda América Latina.
A participação da empresa hoje na América Latina possui cerca de 1.400 turbinas em operação, sendo a metade destas aqui no Brasil. Se observar o mercado brasileiro com o resto da América Latina, o mercado brasileiro é realmente muito atrativo para a turbomeca, sendo dividido entre o mercado militar, o mercado de segurança pública, o mercado off-shore e o mercado civil.
Segundo François Haas: "A indústria de defesa e aeronaútica, não pode depender de um mercado só, é importante se apoiar em vários mercados com um mesmo produto."
A Turbomeca instalou no Brasil toda a estrutura necessária para atender seu cliente, sendo esta uma das grandes estratégias da empresa. A Turbomeca do Brasil possui hoje 100% das funções necessárias para atender as necessidades de seus clientes no Brasil sem que seja necessário qualquer tipo de apoio da matriz, o que agiliza a resposta as solicitações de seus clientes, seja na venda de materias, apoio técnico, treinamento, tudo é feito no Brasil por uma equipe brasileira.
Tendo o Brasil como ponto de partida a turbomeca decidiu criar no país um centro de assistência para toda América Latina, onde são feitas as revisões de todas as turbinas dos cliente militares e civis, do México até a Terra do Fogo. Hoje a Turbomeca conta no Brasil com um time de mais de 200 profissionais.
O mercado da América Latina é visto como pequeno, com vistas a manter sua sustentabilidade econômica, a Turbomeca do Brasil realiza hoje não só revisões de turbinas dos clientes na América Latina, mas de clientes do Japão, China, EUA e Europa, ou seja, do mundo inteiro. Como resultado desta estratégia, hoje a Turbomeca do Brasil já realizou desde 2002 a revisão de mais de 3.200 turbinas.
O faturamento hoje da Turbomeca hoje tem como fonte cerca de 50% oriundo do mercado brasileiro, 30% da América Latina e os 20% restante do resto do mundo. Com essa atividade de revisões de turbinas a Turbomeca deu um salto em seu faturamente que era de cerca de 20 milhões de euros, para mais de 90 milhões de euros, lembrando que metade deste faturamento provêm do Brasil e a outra metade do resto do mundo, sendo um número bastante expressivo.
O proximo passo da Turbomeca, como reação à compra brasileira de 50 novos helicópteros para suas forças armadas, a Turbomeca do Brasil irá montar um novo motor, além do motor auxiliar (APU) e a integração de sistemas do piloto automático do novo helicoptero brasileiro. Outro passo do Grupo Safran em metalurgia dentro do programa KC-390 e Rafale, a Turbomeca esta responsável por desenvolver em parceria com uma empresa nacional e um instituto de pesquisa o desenvolvimento de aços especiais para aplicação aeronáutica. O primeiro será um aço especial para produção de trens de pouso, o segundo será uma super liga especial para produção de paletas de turbinas. Isso para o Brasil é um passo fundamental, sendo o país um grande exportador de minério de ferro e que com isso poderá se tornar um exportador de aços de alta tecnologia no mercado global.
François Haas informou que o grupo irá trabalhar em parceria com os centros de pesquisa das universidades brasileiras, afim de desenvolver duas linhas de pesquisa. Na primeira linha de pesquisa buscará desenvolver biocombustíveis de qualidade aeronáutica, montando uma cadeia produtiva brasileira, onde haverá a oporunidade de testar e certificar a tecnologia em produtos como as turbinas de helicopteros. Um segundo passo será o desenvolvimento de turbinas híbridas, onde possam trabalhar com combustível e baterias elétricas. Havendo um grande espaço para cooperação entre a empresa e os centros de pesquisa e desenvolvimento das universidades.
Concluindo a sua apresentação, François Haas, citou a preocupação da empresa em ter mão de obra qualificada, deixando clara a necessidade de se estabelecer parcerias com vistas a formar e capacitar engenheiros, técnicos e mecânicos. No Rio de Janeiro, por exemplo, a Turbomeca possui uma parceria com a EAPAC e o SENAI, com vista a não limitar o crescimento futuro das empresa de tecnologia com relação a oferta de mão de obra qualificada.
A Turbomeca é parte do Grupo Safran, um dos importantes membros do Consórcio Rafale, que visa fornecer ao Brasil os novos vetores da FAB e estabelecer uma parceria estratégica com o Brasil no mercado mundial.
Angelo D. Nicolaci
Editor GeoPolítica Brasil
Cobertura Especial GeoPolítica Brasil
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