O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta sexta-feira a redução das tropas de paz no Haiti e anunciou que, a partir do ano que vem, cerca 3.300 soldados serão retirados do país.
Com a decisão, o total de militares da missão será reduzido para 10.500 - mesmo número de soldados que estava no país antes do terremoto, em janeiro de 2010.
Segundo a ONU, a redução se justifica porque, apesar de frágil, a situação da segurança do país melhorou.
O porta-voz do Itamaraty, embaixador Tovar Nunes, confirmou à BBC Brasil que 257 dos 2.200 militares brasileiros deixarão o país.
O ministro da Defesa, Celso Amorim, já havia anunciado a retirada parcial, em março de 2012, dos brasileiros da Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), cujo comando militar é liderado pelo Brasil.
"Essa posição, que já havia sido coordenada com a Defesa, foi aprovada por consenso hoje", afirmou Nunes.
"E o chanceler (Antonio Patriota) aproveitou a visita da primeira-dama haitiana, Sophia Martelly, ao Brasil para elogiar a formação do novo governo e para reiterar o engajamento do Brasil com o desenvolvimento do Haiti, seguindo os desejos da população."
Popularidade em queda
O plano da ONU prevê a redução dos atuais 7.340 soldados para 3.241 no próximo ano. Muitos haitianos, no entanto, vêm pedindo a retirada total das forças da ONU no país.
Isso porque a popularidade da Minustah entre os haitianos vem caindo nos últimos meses, principalmente pelas acusações de que os soldados da ONU vindos do Nepal foram os responsáveis por levar uma epidemia de cólera ao país, que matou cerca de 6 mil pessoas.
A situação da missão se agravou no mês passado, quando foi publicado na internet um vídeo no qual militares uruguaios da força de paz supostamente estupravam um haitiano de 18 anos.
O governo do Uruguai determinou o retorno imediato dos cinco "capacetes azuis" acusados de envolvimento no caso.
'Progressos'
A Minustah foi criada pelo Conselho de Segurança em 2004 e desde então vem auxiliando as policiais a manter a segurança no Haiti, especialmente durante as eleições, que foram marcadas por fraude e revoltas.
A missão é formada por soldados provenientes de 18 países, principalmente latino-americanos.
Apesar da melhora na segurança do país, a resolução da ONU expressou "preocupação com os novos crimes que se popularizaram após o terremoto, como assassinatos, estupros e sequestros na capital Port-au-Prince e nos departamentos no oeste".
Mas o conselho afirmou que o Haiti "teve progressos consideráveis" desde o tremor: "Pela primeira vez em sua história, o Haiti está passando por uma transferência pacífica de poder".
O país ainda enfrenta um imenso desafio com a reconstrução após o terremoto, que matou mais de 250 mil pessoas.
Fonte: BBC Brasil
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