sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Embraer é finalista em disputa nos EUA



O turboélice Super Tucano, fabricado pela Embraer, é um dos finalistas do programa americano LAS (Light Air Support), que prevê a compra de 20 aeronaves para missões de treinamento avançado de pilotos e operações no Afeganistão. Seu principal concorrente agora é o americano T-6, da Hawker-Beechcraft.

Segundo a Embraer, os outros dois aviões que disputavam o contrato com o governo dos EUA, o italiano M-346, da Alenia Aermacchi, e o suíço Pilatus, não estão mais no páreo. O vice-presidente de Operações da Embraer Defesa e Segurança, Eduardo Bonini Santos Pinto, disse que a expectativa é que o resultado da concorrência seja anunciado em novembro.

"Já entregamos todas as informações que foram solicitadas pelo governo dos EUA e fizemos todas as demonstrações de voo previstas pelo programa. Não temos mais nenhuma pendência em relação a esse projeto", disse Bonini. A Embraer, segundo ele, está bastante otimista com o desfecho da concorrência, pois acredita que tem o melhor produto, além de contar com um parceiro americano, a Sierra Nevada, que vem conduzindo os contatos em relação às exigências do governo americano.

O concorrente da Embraer no programa LAS, embora esteja sofrendo algumas alterações, com vistas a uma nova versão - AT-6B - é considerado inferior ao Super Tucano, sob diversos aspectos. O principal deles é o fato de estar em desenvolvimento, enquanto o Super Tucano está em operação há mais de sete anos e é empregado por forças aéreas de cinco países.

Além disso, já foi testado com sucesso e em combate real, não só no Brasil, como também na Colômbia, em regiões de características comprovadamente hostis. No total, segundo a Embraer, o Super Tucano acumula 130 mil horas de voo e 18 mil horas de combate sem nenhuma perda.

Embora o Super Tucano seja uma aeronave bastante competitiva e que atende perfeitamente à especificação técnica do contrato, o executivo da Embraer pondera que a decisão sobre o LAS, também poderá levar em conta fatores geopolíticos que transcendem à questão técnica.

O Super Tucano recebeu, na semana passada, a certificação da FAA (Administração Federal de Aviação, na sigla em inglês) dos EUA, principal órgão regulador aeronáutico americano. Com este certificado, a aeronave poderá iniciar uma turnê de demonstração em bases militares americanas, criando novas oportunidades de negócios para a Embraer no maior mercado de defesa do mundo.

Os EUA utilizam hoje os caças supersônicos F-16 em missões de contrainsurgência. O problema, segundo a Embraer, é que a aeronave não é a mais adequada para esse tipo de operação, pois voa muito alto e rápido, além de só conseguir permanecer 30 minutos no teatro de operações.
Já o Super Tucano é capaz de sobrevoar por mais de quatro horas, realizando missões de reconhecimento e apoio a tropas terrestres. A hora de voo do F-16 custa cerca de US$ 5 mil e a do Super Tucano US$ 500 mil.

Concebido para atender aos requisitos operacionais da Força Aérea Brasileira (FAB), especialmente na região Amazônica, o Super Tucano já vem sendo considerado uma referência mundial na área de treinamento avançado e ataque leve. Segundo Bonini, a aeronave acumula até o momento um total de 180 encomendas, das quais 152 já foram entregues.

A receita obtida com a venda do modelo até agora, de acordo com a fabricante brasileira, é da ordem de US$ 1,6 bilhão. A Embraer projeta um mercado potencial de US$ 3,5 bilhões para a classe do Super Tucano, algo em torno de 300 aeronaves.

A aeronave já foi vendida para a Colômbia, Equador, Chile, Indonésia, República Dominicana, Guatemala e para dois clientes na África. O foco da Embraer com o Super Tucano são as regiões do Sudeste da Ásia, África e América Latina.

Se a Embraer ganhar o contrato do programa LAS, os aviões serão montados nos EUA, uma das exigências do governo americano para a compra de equipamentos de defesa de outros países. A fábrica provavelmente seja instalada no município de Jacksonville, na Flórida, onde a empresa já fez um contato preliminar para avaliar a viabilidade desse projeto.

Fonte: Valor Econômico
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