Em uma reunião em que também debateram propostas de saídas para a crise financeira global, a presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro em exercício da Bélgica, Yves Leterme, discutiram ontem parcerias para o desenvolvimento de um satélite geoestacionário para o Brasil e uma cooperação na área de tratamento de dejetos nucleares. Dilma também mostrou interesse na experiência belga na gestão de portos, aeroportos e hidrovias.
Em seu pronunciamento, a presidente recomendou que os países europeus não façam ajustes fiscais drásticos. "Nossa experiência demonstra que, no nosso caso, ajustes fiscais extremamente recessivos só aprofundaram o processo de estagnação, de perda de oportunidades e de desemprego", afirmou Dilma, referindo-se à crise pela qual o Brasil passou entre as décadas de 1980 e 1990. "Dificilmente se sai da crise sem aumentar o consumo, o investimento e o nível de crescimento da economia."
Leterme concordou que medidas econômicas precisam garantir o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e não devem prejudicar o poder de compra da população, mas defendeu a redução dos déficits públicos na região. Sem dar maiores detalhes, contou que constou da pauta do encontro a discussão sobre a possibilidade de países em desenvolvimento, como os integrantes do grupo dos Brics, ajudarem financeiramente a Europa a sair da crise. "A economia é global hoje. Quando há problemas de crescimento, é claro que os grandes países de exportação e de investimento potencial são parceiros", comentou em rápida entrevista.
A colaboração no projeto do satélite geoestacionário que o Brasil quer lançar até o fim de 2014 também fez parte da agenda entre os dirigentes. Segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, o governo pretende investir cerca de R$ 700 milhões, mas exigirá a transferência de tecnologia e a participação da indústria nacional no projeto. Já há negociações com a Embraer nesse sentido, disse. "Não queremos simplesmente comprar um satélite da prateleira."
O satélite será usado para a comunicação das Forças Armadas, a oferta de serviços de telecomunicações e internet em áreas remotas e o controle do espaço aéreo. Atualmente, o Brasil aluga os serviços de satélites geoestacionários de terceiros.
Apesar de ter perdido o suporte do Parlamento em abril de 2010, Leterme permanece no cargo interinamente.
Fonte: Valor Econômico
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