Em sua primeira audiência no Senado após assumir o ministério da Defesa, Celso Amorim criticou nesta quinta-feira o baixo investimento federal nas Forças Armadas.
Falando na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Amorim disse que o montante gasto pelo país com o Exército, a Marinha e a Aeronáutica é o menor dentre todos os países do BRIC (sigla do grupo de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia e China).
De acordo com o ministro, os R$ 60 bilhões anuais do setor representam cerca de 1,3% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, quando nos outros países do grupo esse percentual é de, no mínimo, 2,2% (China).
No início do ano, a compra de equipamentos militares sofreu um revés, devido ao contingenciamento geral de R$ 50 bilhões ordenado pelo governo. Só a Defesa perdeu cerca de R$ 4,3 bilhões.
Com isso, por exemplo, a negociação para a compra de 36 caças para a FAB (Força Aérea Brasileira), cujo custo pode chegar a R$ 10 bilhões, foi paralisada.
"É necessária, mas a crise econômica dificulta uma decisão imediata sobre esse programa", disse Amorim.
Mesmo adotando um tom duro sobre a falta de dinheiro, ele poupou a presidente Dilma Rousseff, dizendo que ela tem "enorme compreensão" da necessidade de reaparelhar as Forças.
Para o ministro, o investimento militar tem como um dos principais objetivos a proteção dos recursos naturais do país. "É preciso dizer: não vem que não tem."
Brasil vai começar a retirar tropas do Haiti em março.
O Brasil deve começar a retirada parcial de suas tropas no Haiti em março de 2012, afirmou nesta quinta-feira o ministro da Defesa, Celso Amorim. Segundo Amorim, 257 dos 2,2 mil militares brasileiros que estão na Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti) deixarão a ilha caribenha nessa data, de acordo com a Agência Brasil.
Em depoimento à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, o ministro disse que "tudo depende do plano (de retirada) da ONU", mas que o Brasil é o país que menos reduzirá seu efetivo no Haiti. Além dos brasileiros, outros 1,6 mil oficiais de outras nacionalidades devem deixar a missão da ONU no início do ano que vem.
Saída gradual
Para o ministro, a retirada das forças de paz deve ocorrer gradualmente, para entregar o controle do Haiti a seu próprio governo de maneira coordenada, já que, segundo ele, a segurança social no país já havia sido consolidada. "Não devemos e não queremos nos eternizar no Haiti, mas também não vamos sair de maneira irresponsável", afirmou.
Amorim disse que o objetivo inicial é reduzir as tropas para o número de soldados brasileiros que estavam no país antes do terremoto de janeiro de 2010. Após o tremor, cerca de 900 militares brasileiros extras foram enviados ao país.
Entre o efetivo brasileiro que deixará o Haiti, não estarão membros do batalhão de Engenharia, que têm atuado na reconstrução de pontes, poços artesianos e produção de energia, entre outras obras emergenciais.
Unasul
No início desse mês, durante visita a Buenos Aires, Amorim já havia defendido a redução gradual das tropas, a partir da definição de um cronograma conjunto dos países da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) com a ONU, antes da retirada total. "Não podemos ter uma saída desorganizada que gere uma situação de caos", disse o ministro na época.
Embora Amorim não tenha feito referência ao assunto, há rumores de que as tropas da Minustah estejam enfrentando uma resistência cada vez maior por parte dos haitianos. A situação foi agravada após acusações de que militares uruguaios teriam abusado sexualmente de um jovem haitiano.
Em sua visita à Argentina, o ministro afirmou que tal episódio não poderia contaminar toda a missão, mas admitiu problemas com a permanência estendida dos militares no país. "Qualquer tropa em qualquer lugar do mundo sofre desgaste", afirmou.
O mandato brasileiro como chefe da missão também passará por votação para ser renovado.
Líbano
O Congresso aprovou nessa quarta-feira o envio de forças brasileiras para compor a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil). De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o governo prepara o envio de um navio da Marinha, equipado com um avião e até 300 tripulantes.
Criada por meio de resolução do Conselho de Segurança da ONU em 1978, a Unifil tinha como objetivo original supervisionar a retirada das tropas israelenses do território do Líbano. Após a crise entre os dois países ocorrida em 2006, o Conselho de Segurança reforçou a missão e adicionou à sua missão o monitoramento do fim das hostilidades e a contribuição para o acesso de ajuda humanitária a civis.
O Brasil iniciou sua participação na Unifil em fevereiro desse ano, com um destacamento de oito militares. A missão conta atualmente com 11.746 militares, 351 funcionários civis internacionais e 656 nacionais.
Fonte: GeoPolítica Brasil com agências de notícias
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