A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, reafirmou nesta quinta-feira seu apelo ao Paquistão para que combata os talebans em território paquistanês, de onde atacam as forças americanas e locais no vizinho Afeganistão, e insistiu em uma relação "mais sólida" entre Washington e Islamabad.
"Queremos ver o fim dos santuários e de qualquer outra forma de apoio aos terroristas procedente de dentro do Paquistão. Queremos seguir trabalhando para construir nossa relação sobre uma base mais sólida".
Uma semana após ser acusado pelos Estados Unidos de proteger o grupo taleban Haqqani, o pior inimigo da coalizão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Afeganistão, o governo paquistanês afirmou nesta quinta-feira sua unidade para resistir à pressão americana.
As declarações de Clinton chegam no mesmo dia em que líderes políticos do Paquistão realizaram uma reunião envolvendo todos os partidos para discutir as crescentes exigências americanas para que Islamabad ataque militantes islâmicos e a possibilidade de os Estados Unidos adotarem ações militares unilaterais no país.
No Congresso dos EUA, cresce o apoio para que seja expandida a ação militar americana no Paquistão além dos ataques teleguiados que já têm como alvo os militantes em território paquistanês, disse o senador republicano Lindsey Graham.
RELAÇÃO CONTURBADA
A posição de Graham, uma voz republicana influente sobre política externa e relações militares, segue os comentários feitos pelo chefe do Estado-Maior dos EUA, almirante Mike Mullen, que acusou o Paquistão na semana passada de apoiar o ataque de 13 de setembro da rede militante Haqqani contra a embaixada dos EUA em Cabul. A rede Haqqani é aliada do Taleban e acredita-se ter ligações próximas com a rede terrorista Al Qaeda.
EUA e Paquistão têm sido aliados há décadas, mas a relação é carregada de desconfiança. O Paquistão, considerado crucial para os esforços dos EUA para estabilizar o Afeganistão, costuma ser descrito como um parceiro não confiável.
Desde que os americanos acusaram alguns membros do governo paquistanês de ajudar militantes anti-EUA, o Congresso está reavaliando a promessa feita em 2009 de triplicar a ajuda não militar ao Paquistão para um total de US$ 7,5 bilhões em cinco anos.
Qualquer ação militar unilateral americana aprofundaria o sentimento anti-EUA que já está elevado no Paquistão sobre os ataques teleguiados e outras questões. Os políticos paquistaneses terão esse sentimento em mente quando formularem uma mensagem para os EUA na reunião desta quinta.
O chefe do serviço militar de espionagem paquistanês, o tenente-general Ahmad Shuja Pasha, deve atualizar os políticos na reunião sobre as discussões com oficiais americanos sobre as relações complicadas.
Os comentários dele devem indicar se o país vai endurecer sua postura ou buscar uma reconciliação.
PRESSÃO
Islamabad, que recebeu bilhões de dólares de ajuda dos EUA apesar da relutância em caçar a rede Haqqani, enfrenta a pressão mais intensa para atacar a militância desde que se juntou à "guerra ao terror" americana há uma década.
Graham disse que os congressistas poderiam apoiar opções militares além dos ataques teleguiados que acontecem há anos no território do Paquistão, o que poderia incluir o uso de aviões de bombardeio. Contudo, ele não defende o envio de tropas dos EUA ao país.
"Eu diria que quando se trata de defender tropas americanas, você não quer se limitar," afirmou. "Não seria uma batalha de pés no chão (com tropas) --não estou falando isso, mas temos muitas alternativas além dos teleguiados."
Fonte: Folha
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