A imprensa estatal da China criticou neste sábado os Estados Unidos, depois que agência de classificação de riscos Standard & Poor's (S&P) rebaixou a nota da dívida americana de longo prazo pela primeira vez na história. Na sexta-feira, os papéis americanos receberam a nota AA+, em vez da avaliação máxima AAA.
Em um texto opinativo, a agência de notícias estatal Xinhua afirma que a China "tem todo o direito agora de exigir que os Estados Unidos lidem com o seu problema estrutural de dívida e garantam a segurança dos ativos em dólar da China".
A China é o maior detentor mundial de papéis da dívida americana. O texto da Xinhua também afirma que já se passou a época em que os Estados Unidos conseguiam tomar empréstimos para se livrar de problemas causados pelos próprios americanos, e sugeriu que uma nova moeda internacional pode surgir para substituir o dólar.
"Supervisão internacional sobre a questão dos dólares americanos deveria ser introduzida e uma nova moeda de reserva global, estável e segura, também pode ser uma opção para evitar uma catástrofe provocada por qualquer país individualmente."
A reação em outros países foi de cautela. Autoridades no Japão, Coreia do Sul e Austrália pediram calma aos investidores.
Avaliação "errada"
Nos Estados Unidos, fontes do governo criticaram a S&P e sugeriram que a agência de risco cometeu um erro ao rebaixar a nota da dívida americana. Uma autoridade, cujo nome não foi divulgado, teria detectado um erro de US$ 2 trilhões na avaliação da agência de risco. Isso levou o porta-voz do Tesouro a dizer: "Um julgamento influenciado por um erro de US$ 2 trilhões fala por si só". No entanto, ele não explicou qual teria sido o erro da S&P.
O diretor do comitê de classificações de risco de dívidas soberanas da S&P, John Chambers, disse que o governo americano poderia ter evitado o rebaixamento da dívida caso tivesse agido antes.
"A primeira coisa que poderia ter se feito é aumentar o teto da dívida de forma imediata, para que todo esse debate fosse evitado desde o começo", disse ele à rede de televisão CNN.
A Standard & Poor's argumenta que o governo americano não conseguiu negociar no Congresso uma forma de reduzir a dívida americana em US$ 4 trilhões ao longo da próxima década. Ao invés disso, o acordo aprovado pelo Congresso na terça-feira passada – após um longo processo de negociação entre democratas e republicanos – faz economias de aproximadamente metade deste valor.
A S&P afirma que os políticos americanos só conseguiram atingir "poupanças relativamente moderadas" que são insuficientes diante das necessidades da economia americana. "De maneira mais ampla, o rebaixamento reflete a nossa visão de que a eficiência, a estabilidade e a previsibilidade da elaboração de políticas americanas e das instituições políticas enfraqueceram em um momento de desafios correntes fiscais e econômicos", explicou a S&P em uma nota divulgada na noite de sexta-feira.
A agência de risco afirma que pode rebaixar a avaliação da dívida americana em mais um ponto – para AA – nos próximos dois anos, caso as medidas de redução dos gastos públicos se provem insuficientes.
China critica EUA pela crise da dívida e exige garantias
A China, principal credora dos Estados Unidos e com US$ 1,16 trilhão em bônus do Tesouro dos Estados Unidos e US$ 3,2 trilhões de reservas em moeda estrangeira em dólares, a queda da dívida americana de AAA - a máxima qualificação possível - para AA+ gerou um forte mal-estar em Pequim.
A agência oficial chinesa "Xinhua" publicou neste sábado um duro editorial no qual assegura que a decisão da Standard & Poor's é "uma fatura que os Estados Unidos devem pagar por sua própria dependência quanto ao endividamento e por suas brigas políticas sem visão de futuro em Washington".
"A China tem todo o direito agora de reivindicar aos Estados Unidos que corrijam os erros estruturais de sua dívida e garantam a segurança dos ativos em dólares da China", afirmou a "Xinhua".
Ao mesmo tempo, reivindicou "supervisão internacional" sobre a moeda americana, e foi além, ao propor como alternativa ao dólar "uma nova moeda de reserva estável e assegurada em nível global" para evitar a dependência mundial da divida dos EUA.
Há alguns dias, Chen Daofu, diretor do Centro de Pesquisas Políticas do Conselho de Estado da China, advertiu da necessidade de buscar alternativas de investimento para as reservas chinesas, e avaliou que mudar a composição destas "é um desafio crucial para os conselheiros políticos em Pequim".
Com relação ao futuro, a "Xinhua" assinalou que se não houver cortes na "gigantesca despesa militar" e nos custos do novo sistema de previdência social universal disposto por Barack Obama, a Standard & Poor's pode diminuir ainda mais a qualificação da dívida americana.
Ainda assim, o economista-chefe do Centro de Informação Estatal da China, Jianping Fan, considerou que o endividamento americano afetará principalmente os mercados financeiros, e, só em segundo plano, o comércio. O analista prevê uma queda nas exportações do país asiático, porém mais ligada aos problemas da Europa que aos indicadores americanos.
Fonte: BBC Brasil / EFE
Em um texto opinativo, a agência de notícias estatal Xinhua afirma que a China "tem todo o direito agora de exigir que os Estados Unidos lidem com o seu problema estrutural de dívida e garantam a segurança dos ativos em dólar da China".
A China é o maior detentor mundial de papéis da dívida americana. O texto da Xinhua também afirma que já se passou a época em que os Estados Unidos conseguiam tomar empréstimos para se livrar de problemas causados pelos próprios americanos, e sugeriu que uma nova moeda internacional pode surgir para substituir o dólar.
"Supervisão internacional sobre a questão dos dólares americanos deveria ser introduzida e uma nova moeda de reserva global, estável e segura, também pode ser uma opção para evitar uma catástrofe provocada por qualquer país individualmente."
A reação em outros países foi de cautela. Autoridades no Japão, Coreia do Sul e Austrália pediram calma aos investidores.
Avaliação "errada"
Nos Estados Unidos, fontes do governo criticaram a S&P e sugeriram que a agência de risco cometeu um erro ao rebaixar a nota da dívida americana. Uma autoridade, cujo nome não foi divulgado, teria detectado um erro de US$ 2 trilhões na avaliação da agência de risco. Isso levou o porta-voz do Tesouro a dizer: "Um julgamento influenciado por um erro de US$ 2 trilhões fala por si só". No entanto, ele não explicou qual teria sido o erro da S&P.
O diretor do comitê de classificações de risco de dívidas soberanas da S&P, John Chambers, disse que o governo americano poderia ter evitado o rebaixamento da dívida caso tivesse agido antes.
"A primeira coisa que poderia ter se feito é aumentar o teto da dívida de forma imediata, para que todo esse debate fosse evitado desde o começo", disse ele à rede de televisão CNN.
A Standard & Poor's argumenta que o governo americano não conseguiu negociar no Congresso uma forma de reduzir a dívida americana em US$ 4 trilhões ao longo da próxima década. Ao invés disso, o acordo aprovado pelo Congresso na terça-feira passada – após um longo processo de negociação entre democratas e republicanos – faz economias de aproximadamente metade deste valor.
A S&P afirma que os políticos americanos só conseguiram atingir "poupanças relativamente moderadas" que são insuficientes diante das necessidades da economia americana. "De maneira mais ampla, o rebaixamento reflete a nossa visão de que a eficiência, a estabilidade e a previsibilidade da elaboração de políticas americanas e das instituições políticas enfraqueceram em um momento de desafios correntes fiscais e econômicos", explicou a S&P em uma nota divulgada na noite de sexta-feira.
A agência de risco afirma que pode rebaixar a avaliação da dívida americana em mais um ponto – para AA – nos próximos dois anos, caso as medidas de redução dos gastos públicos se provem insuficientes.
China critica EUA pela crise da dívida e exige garantias
A China, principal credora dos Estados Unidos e com US$ 1,16 trilhão em bônus do Tesouro dos Estados Unidos e US$ 3,2 trilhões de reservas em moeda estrangeira em dólares, a queda da dívida americana de AAA - a máxima qualificação possível - para AA+ gerou um forte mal-estar em Pequim.
A agência oficial chinesa "Xinhua" publicou neste sábado um duro editorial no qual assegura que a decisão da Standard & Poor's é "uma fatura que os Estados Unidos devem pagar por sua própria dependência quanto ao endividamento e por suas brigas políticas sem visão de futuro em Washington".
"A China tem todo o direito agora de reivindicar aos Estados Unidos que corrijam os erros estruturais de sua dívida e garantam a segurança dos ativos em dólares da China", afirmou a "Xinhua".
Ao mesmo tempo, reivindicou "supervisão internacional" sobre a moeda americana, e foi além, ao propor como alternativa ao dólar "uma nova moeda de reserva estável e assegurada em nível global" para evitar a dependência mundial da divida dos EUA.
Há alguns dias, Chen Daofu, diretor do Centro de Pesquisas Políticas do Conselho de Estado da China, advertiu da necessidade de buscar alternativas de investimento para as reservas chinesas, e avaliou que mudar a composição destas "é um desafio crucial para os conselheiros políticos em Pequim".
Com relação ao futuro, a "Xinhua" assinalou que se não houver cortes na "gigantesca despesa militar" e nos custos do novo sistema de previdência social universal disposto por Barack Obama, a Standard & Poor's pode diminuir ainda mais a qualificação da dívida americana.
Ainda assim, o economista-chefe do Centro de Informação Estatal da China, Jianping Fan, considerou que o endividamento americano afetará principalmente os mercados financeiros, e, só em segundo plano, o comércio. O analista prevê uma queda nas exportações do país asiático, porém mais ligada aos problemas da Europa que aos indicadores americanos.
Fonte: BBC Brasil / EFE
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