terça-feira, 5 de julho de 2011

Venezuela exibe pela 1ª vez armas compradas da Rússia


O governo venezuelano mostrou nesta terça-feira (5) pela primeira vez parte do armamento adquirido em Moscou nos últimos anos, como os tanques T-72, o que motivou o presidente Hugo Chávez a agradecer o apoio da Rússia, com quem mantém estreita relação.

No desfile militar do Bicentenário da Independência, realizado em Caracas, os venezuelanos viram vários batalhões de T-72, assim como carros de combate BMP-3, fuzis Dragunov, sistemas antimísseis e veículos para o transporte de tropas, tudo comprado da Rússia.

"Graças à Rússia, a seu governo e a seu apoio, hoje sim temos umas Forças Armadas de verdade. Felicidades!", escreveu o presidente Hugo Chávez em sua conta na rede social Twitter. O presidente não esteve presente no desfile devido ao fato de estar se recuperando no palácio de governo em Caracas de uma operação realizada em Cuba na qual extraiu um tumor cancerígeno.

Entre 2005 e 2007, Caracas assinou contratos de compra de armas de mais de US$ 4 bilhões para adquirir da Rússia aviões Sukhoi, helicópteros de combate e fuzis, entre outros. Além disso, ajudada por um empréstimo de 2,2 bilhões de dólares concedido por Moscou, a Venezuela também encomendou em 2010 à Rússia tanques T-72 e um número não divulgado de mísseis de defesa antiaérea S-300.

O governo venezuelano assegura que esses investimentos milionários em armas, que a oposição considera excessivos, são necessários para modernizar as equipes e estar preparado para a defesa do país. Todos os componentes das Forças Armadas, incluindo as milícias, civis treinados para funções militares, participaram do desfile de terça-feira.

"Tremendo desfile popular militar! Digno desta Grande Festa Pátria Bicentenária! Cumprimento todos e todas", disse o presidente em sua conta no Twitter. O general Carlos Alcalá, que dirigiu a exibição militar, usou os qualificativos de "socialistas, revolucionários e antiimperialistas" para se referir às Forças Armadas venezuelanas, que, por lei, devem chamar-se também "bolivarianas". O desfile militar desta terça-feira foi concluído com o slogan "pátria socialista ou morte. Venceremos!".

Chávez preside a distância desfile de comemoração do bicentenário da Venezuela

.O presidente Hugo Chavez, que se restabelece de uma operação para a retirada de um câncer, presidiu nesta terça-feira, a distância, a partir do palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, o desfile militar do bicentenário de independência da Venezuela.

No dia seguinte ao retorno de Cuba, onde se submeteu à cirurgia, o líder do socialismo de Estado latino-americano, saudou a nova independência da Venezuela, que arrancou, segundo ele, sob o seu mandato, desde sua primeira eleição triunfal, em 1998. E essa nova independência seria em relação aos interesses multinacionais, das potências estrangeiras, da burguesia venezuelana, explicou.

"Não temos melhor maneira de celebrar este dia esperado por tanto tempo do que sendo independentes, como somos novamente. Não somos mais uma colônia, de quem quer que seja, e não o seremos jamais", declarou ele, do palácio presidencial, a uma multidão aglomerada em outro ponto de Caracas, em torno de uma avenida aonde foi realizado um desfile militar com fausto.

A multidão pôde acompanhar o breve discurso de Chavez de uma tela gigante. Os militares aproveitaram para render homenagem ao presidente.

Chavez, de 56 anos, nacionalizou, desde que chegou ao poder, setores cruciais da economia, como o dos hidrocarbonetos, e colocou em prática numerosos programas sociais voltados para a saúde e a educação das camadas menos desfavorecidas da população, que afirmam ter encontrado, finalmente, "dignidade", nesta potência petrolífera de desigualdades sociais gritantes.

O presidente venezuelano foi acolhido, na véspera, por milhares de simpatizantes, diante do palácio de Miraflores. Ele havia advertido, no entanto, que não poderia assistir pessoalmente ao desfilé militar de comemoração do bicentenário de independência da Venezuela, proclamado no dia 5 de julho de 1811 pelo Congresso.

Chavez foi submetido, no dia 20 de junho, em Cuba, a uma cirurgia para a retirada de um tumor canceroso na "zona pélvica". Mas nada se sabe sobre a gravidade da doença e a natureza de seu tratamento.

Os ministros das Relações Exteriores de vários países da América Latina foram a Caracas para as celebrações, assim como os presidentes uruguaio, José Mujica; paraguaio, Fernando Lugo, e boliviano, Evo Morales.

"Após ter perdido esta independência que lhe custou tanto, a Venezuela, nos últimos anos, voltou a recuperá-la", declarou nesta terça-feira o chefe de Estado.

Chavez convidou os cidadãos a festejarem, juntos, em 2021, o bicentenário da batalha de Carabobo, que marcou definitivamente a derrota das tropas espanholas e a independência efetiva da Venezuela, dez anos após sua proclamação.

O presidente é candidato à própria sucessão na eleição presidencial do final de 2012, e jamais escondeu que quer governar até 2021.

"Caminhamos para, no dia 24 de junho de 2021, comemorarmos os 200 anos da consolidação da independência nacional. Para lá vamos, com a ajuda de Deus (...) Este não é só o retorno de Chávez, mas da independência plena", disse Chávez.

"Aqui estou, em recuperação, mas ainda recuperado-me. Iniciamos outra longa marcha", disse.

"Estou com vocês de corpo e alma. Graças a Deus, graças a minha vida, graças a meu povo por ter-me permitido, apesar das grandes dificuldades, estar aqui plenamente com vocês, como estou hoje, nesta festa de nossa pátria", concluiu Chávez.

Fonte: AFP
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