Os mais altos funcionários da União Europeia para o setor de Finanças participam nesta segunda-feira de uma reunião de emergência para discutir um pacote de ajuda financeira à Grécia, em meio aos temores de que a Itália pode ser a próxima vítima da contaminação da crise na zona do euro.
O principal índice da Bolsa de Valores de Milão caiu 3,5% na sexta-feira e as ações do maior banco do país, Unicredit Spa, caíram 7,9% por conta dos temores de que o governo italiano, enfraquecido por escândalos políticos, não consiga implementar um necessário plano de cortes de gastos para conter seu déficit público.
A reunião desta segunda-feira foi convocada no fim de semana pelo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. Um porta-voz de Rompuy afirmou que o encontro não é "uma reunião de crise, mas de coordenação" e negou que a situação da Itália estará na agenda.
Mas analistas e funcionários envolvidos na reunião consideram que será inevitável que o tema seja discutido. A Itália é a terceira maior economia da zona do euro, e problemas financeiros no país teriam uma consequência muito maior para os demais países da região do que a crise grega.
Além de Van Rompuy, participam da reunião em Bruxelas o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, o chefe dos ministros das Finanças da zona do euro, Jean-Claude Juncker, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e o comissário da União Europeia para Assuntos Econômicos, Olli Rehn.
O encontro de emergência será seguido de uma reunião já programada entre os ministros das Finanças dos países da zona do euro.
PACOTE DE AJUDA
A pauta oficial da reunião é a discussão sobre o segundo pacote de ajuda financeira à Grécia. O país já recebeu uma ajuda de 110 bilhões de euros (cerca de R$ 245 bilhões), acertada no ano passado, mas necessita de um novo aporte financeiro para conseguir cumprir com os pagamentos de sua dívida.
Segundo reportagem publicada nesta segunda-feira pelo diário britânico "Financial Times", líderes europeus já admitem que o novo pacote de ajuda à Grécia inclua uma moratória no pagamento de parte dos títulos da dívida grega, com o objetivo de levar a dívida total do país a níveis sustentáveis.
Na semana passada, a agência de classificação de risco Standard & Poor's havia advertido que a proposta original para uma reestruturação voluntária da dívida grega seria considerada na prática como uma moratória, provocando o rebaixamento da nota dada aos títulos do país.
O novo pacote de ajuda à Grécia vem sendo negociado há várias semanas, mas até agora não houve um consenso entre os países da zona do euro e representantes dos credores da Grécia sobre as condições para a sua aprovação.
Autoridades europeias temem que um atraso grande na aprovação do plano possa prejudicar a situação de outros países da região que também enfrentam dificuldades financeiras, como Portugal, Espanha e Irlanda, além da Itália, cuja relação entre a dívida e PIB é menor apenas que a da Grécia entre os países da zona do euro.
Fonte: BBC Brasil
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