O ministro da Defesa Nelson Jobim nunca foi muito de seguir a liturgia dos cargos que ocupa. Na presidência do Supremo Tribunal Federal, que exerceu de junho de 2004 a março de 2006, ele quis agir como parlamentar, movimentando-se para emplacar uma lei sobre precatórios, e depois operou de forma explícita para tornar-se candidato a congressista, governador - ou, por que não?, presidente.
Nesta terça-feira, Jobim mostrou mais uma vez que não se contém. Passou por cima da etiqueta para dizer publicamente que votou no tucano José Serra nas eleições de 2010. Ainda que o fato não seja novidade nos bastidores de Brasília, a declaração pública é uma afronta à presidente Dilma Rousseff – que é sua chefe e o manteve num cargo que ele ocupa desde o governo Lula.
Proposital - A experiência política de Jobim, filiado ao PMDB, não deixa brecha para a ingenuidade: ele sabe que suas palavras serão interpretadas como um recado à presidente. Há sete meses, o ministro gozava de muito prestígio no Planalto. Foi conselheiro do então presidente Lula para os assuntos mais diversos e era chamado para debater questões em pauta no STF, além da agenda política.
Uma das questões em que Jobim esteve diretamente envolvido foi a renovação da frota de caças da Força Aérea Brasileira (FAB), um negócio avaliado em 5 bilhões de euros. Lula e Jobim tinham preferência pela compra dos caças franceses Rafale. Outro assunto da alçada de Jobim na era Lula era a construção no Brasil de um submarino de propulsão nuclear, com tecnologia francesa, plano que custaria ao menos 800 milhões de euros ou 2 bilhões de reais.
Acontece que, assim que assumiu o governo, Dilma mandou avisar que os dois projetos estavam suspensos e que a negociação recomeçaria, em outro momento, do zero.
Com Dilma, Jobim trata apenas dos programas relacionados ao ministério da Defesa. “As tarefas que a presidente lhe propõe são burocráticas, muito pouco para o ego de Jobim”, afirma um peemedebista. O Planalto evita colocar lenha na fogueira acesa por Jobim. A orientação é minimizar o impacto das declarações do ministro. O que então segura Jobim no cargo?
O primeiro motivo é o prestígio de que Jobim goza junto aos comandantes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Não é tarefa simples colocar um civil em meio às Forças Armadas. O segundo é a costura que ele vem fazendo desde 2009 pela aprovação da Comissão da Verdade – proposta rejeitada pelos quartéis, mas defendida pela presidente . O projeto de lei, que prevê a investigação dos crimes ocorridos durante a ditadura militar, é um temas caros a Dilma e será encaminhado ao Congresso Nacional no segundo semestre.
Fonte: EXAME
Nesta terça-feira, Jobim mostrou mais uma vez que não se contém. Passou por cima da etiqueta para dizer publicamente que votou no tucano José Serra nas eleições de 2010. Ainda que o fato não seja novidade nos bastidores de Brasília, a declaração pública é uma afronta à presidente Dilma Rousseff – que é sua chefe e o manteve num cargo que ele ocupa desde o governo Lula.
Proposital - A experiência política de Jobim, filiado ao PMDB, não deixa brecha para a ingenuidade: ele sabe que suas palavras serão interpretadas como um recado à presidente. Há sete meses, o ministro gozava de muito prestígio no Planalto. Foi conselheiro do então presidente Lula para os assuntos mais diversos e era chamado para debater questões em pauta no STF, além da agenda política.
Uma das questões em que Jobim esteve diretamente envolvido foi a renovação da frota de caças da Força Aérea Brasileira (FAB), um negócio avaliado em 5 bilhões de euros. Lula e Jobim tinham preferência pela compra dos caças franceses Rafale. Outro assunto da alçada de Jobim na era Lula era a construção no Brasil de um submarino de propulsão nuclear, com tecnologia francesa, plano que custaria ao menos 800 milhões de euros ou 2 bilhões de reais.
Acontece que, assim que assumiu o governo, Dilma mandou avisar que os dois projetos estavam suspensos e que a negociação recomeçaria, em outro momento, do zero.
Com Dilma, Jobim trata apenas dos programas relacionados ao ministério da Defesa. “As tarefas que a presidente lhe propõe são burocráticas, muito pouco para o ego de Jobim”, afirma um peemedebista. O Planalto evita colocar lenha na fogueira acesa por Jobim. A orientação é minimizar o impacto das declarações do ministro. O que então segura Jobim no cargo?
O primeiro motivo é o prestígio de que Jobim goza junto aos comandantes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Não é tarefa simples colocar um civil em meio às Forças Armadas. O segundo é a costura que ele vem fazendo desde 2009 pela aprovação da Comissão da Verdade – proposta rejeitada pelos quartéis, mas defendida pela presidente . O projeto de lei, que prevê a investigação dos crimes ocorridos durante a ditadura militar, é um temas caros a Dilma e será encaminhado ao Congresso Nacional no segundo semestre.
Fonte: EXAME
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