Muitos falam em geopolítica, porém poucos conseguem dar a definição exata desta ciência. Entre as muitas explicações a respeito da geopolítica, alguns tentam usar a seguinte explicação: Geo = Geografia (ciência que estuda o espaço físico e suas relações com as sociedades) e Política (ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados), porém a ciência geopolítica é definida como a ciência que estuda as relações entre a política de poder dos Estados e suas relações com o mundo.
A geopolítica esta amparada em pilares que definem as relações de poder do Estado interna e externamente. Classifico em minha concepção os seguintes pilares, os quais mais a frente iremos analisar em artigos futuros: coesão política interna, poderio militar, política econômica, tecnologia, IDH, recursos naturais e energéticos. Estes são apenas alguns dos pilares, sendo base de diversas ramificações pelas quais se obtém a capacidade de impor sua política de poder, alvo principal do estudo geopolítico, no cenário internacional através de sua política externa.
Voltando na história da humanidade, podemos observar em diversas épocas desde a mais remota antiguidade demonstrações do pensamento geopolítico, porém de forma muito limitada, sendo este raciocínio limitado pelas distantes fronteiras e o conhecimento limitado. Contudo, no século XIX houve o princípio da normatização metodológica desta ciência, quando o geógrafo alemão Friedrich Ratzel (1844-1904) formulou conceitos fundamentais para abordagem real da geopolítica internacional em seu livro intitulado “ANTROPOGEOGRAFIA – Fundamentos da aplicação da geografia à história”. Defendendo que a função do Estado é expandir e defender o território nacional.
Neste primórdio conceitual da geopolítica, Ratzel expôs o conceito de mobilidade das fronteiras nacionais, sendo estas diretamente relacionadas à capacidade do Estado de propiciar sua expansão ou manutenção através de seu expoente político-militar. Tendo como fonte de seus estudos o cenário que se desenvolvia na Europa à época.
Além de Ratzel, podemos citar como um dos precursores da geopolítica atual o almirante americano Maham, que elaborou em sua tese a respeito dos EUA uma visão estratégica com base na posição geográfica dos EUA e traçando uma visão geopolítica da importância de se estabelecer acordos com o México e Canadá, assim obtendo certa coesão política regional interestatal. Segundo sua análise os EUA eram uma “enorme ilha” cercada pelos oceanos Atlântico e Pacífico, o que seria um importante fator que limitaria a possibilidade de invasão de seu território apenas através dos seus vizinhos ao sul e ao norte. Mahan ainda defende a idéia de que as potências marítimas tendem a ser dominantes, pois são capazes de manter o controle de áreas ao redor do continente euroasiático, então o “núcleo sócio-econômico-político” do mundo.
De fato, a Eurásia pode ser definida como uma enorme massa territorial contínua cuja segurança depende, principalmente da ação de forças militares basicamente terrestre, ou seja, as nações euroasiáticas teriam uma mentalidade estratégica voltada para exércitos, enquanto os países em seu entorno optam pelo poder naval. Nos dias atuais podemos definir a escolha pelo poder aeronaval por parte das nações periféricas à eurásia, representado principalmente pelo poder amparado pelos porta-aviões. Assim podemos definir dois tipos de nações: as nações “baleias” versus os países “ursos”.
Nesta viagem em busca dos primórdios da ciência geopolítica citamos ainda outros nomes importantes, os quais serão posteriormente tema de postagens aqui no GeoPolítica Brasil em continuidade deste estudo que vos apresento, como Mackinder, Kjellen entre outros.
Em suma, a geopolítica tem como foco principal o estudo das relações de poder e a cena que se desenvolve em decorrência destas no cenário internacional e militar, onde posso afirmar que esta ciência esta intimamente relacionada com os conflitos e guerras, sendo estes uma expressão decorrente da política de poder entre Estados e suas ambições. Havendo ainda uma forte relação com as visões de Ratzel e Mackinder no que cerne a relação entre o poder político e a equação conflitualidade x guerra.
A geopolítica em resumo, é a ciência que surge da necessidade de se explicar o surgimento, ascensão e queda das potências políticas e suas influências no plano político-econômico-estratégico mundial. Determinando métodos de estudos e formas de traçar futuros plausíveis, através da análise histórica e do estudo de tendências futuras de forma a formular sugestões de processos que conduzam ao futuro desejado, além de analisar o cerne das decisões políticas e estratégicas adotadas pelos Estados.
Neste artigo espero ter atingido meu objetivo quando nesta madrugada me debrucei sobre os livros e procurei trazer até o amigo leitor uma síntese do que é e do que trata-se quando falamos em geopolítica. Em breve trarei uma continuidade desta breve abordagem, de forma a lhe proporcionar um conteúdo mais profundo nesta ciência tão importante e pouco difundida em nosso país.
Angelo D. Nicolaci - Editor do GeoPolítica Brasil, cursa relações internacionais pela UCAM, pesquisador sobre geopolítica e assuntos geoestratégicos.
Muito boa explicação.
ResponderExcluirParabéns!
Bem explicado!
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