terça-feira, 12 de julho de 2011

O horizonte escurece para a Zona do Euro 12 anos após sua criação


A crise da dívida chegou a tal nível que falar da desintegração da Zona do Euro deixou de ser um tabu, a não ser que se consiga evitar o contágio à Itália ou Espanha, dois países sem comparação em termos econômicos com Portugal, Irlanda e Grécia.

Estes são os desenlaces possíveis para esta crise sem precedentes desde a criação da união monetária, em 1999, do pior ao melhor cenário.

Primeiro cenário: Itália e Espanha arrastadas pelo turbilhão

- As medidas tomadas a conta-gotas pelas autoridades europeias não bastam para acalmar os mercados superexcitados. As taxas de juros exigidas de Itália ou Espanha para pedir emprestado a longo prazo seguem muito altas para que possam aguentar. Roma e Madri se veem obrigadas a pedir ajuda aos seus sócios europeus e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para conseguir empréstimos e assim honrar seus pagamentos.

- O desafio é muito maior do que no caso de Grécia, Irlanda ou Portugal, que não representam mais do que uma pequena parte da economia da zona do euro (3% do Produto Interno Bruto europeu, no caso de Atenas). Isto obrigaria os outros países a acrescentar dinheiro de forma considerável para aumentar seu fundo de resgate financeiro, dotado atualmente de 440 bilhões de euros, em um momento em que a margem de manobra orçamentária é limitada. É uma tarefa difícil no âmbito político, já que países como Alemanha, Holanda e Finlândia têm opiniões públicas reticentes em relação a pegar o talão de cheques para que seus vizinhos cheguem ao fim do mês. Em particular, há autoridades europeias que reconhecem que um resgate de Espanha e Itália, além dos outros, estaria além das possibilidades da Zona do Euro.

Segundo cenário: a Zona do Euro desmorona

- Neste caso, a união monetária poderia chegar ao fim, com a saída progressiva de seus países mais frágeis. Um economista alemão de renome, o presidente do instituto Ifo, Hans-Werner Sinn, pediu abertamente a saída temporária da Grécia da Zona do Euro para que não arraste seus sócios com ela.

"O impensável tornou-se possível: a saída de um país da Zona do Euro, o final do euro e, inclusive, a desintegração da União Europeia já não são tabus", afirma o "think tank" de Bruxelas, European Policy Center.

Terceiro cenário: a Zona do Euro apaga o incêndio

- É o mais otimista de todos eles. Após um ano e meio de crises, os líderes europeus tomam decisões radicais. Para começar, solucionam o caso da Grécia aplicando rapidamente o segundo plano de resgate para que o país fique protegido por vários anos. Compram uma parte de sua dívida nos mercados para reduzir o peso dos juros que o país tem que pagar e concedem taxas muito inferiores às atuais. Reforçam o sistema de defesa anticrise da união monetária para evitar o contágio a Espanha e Itália. Adotam planos para reduzir os déficits públicos. Paralelamente, fazem esforços para acelerar a integração econômica da Zona do Euro. Colocam inclusive sobre a mesa a ideia, até agora tabu, de criar Eurobônus que permitam aos países se abastecer nos mercados para compartilhar riscos. O espacialista francês Jacques Attali considera que "é preciso criar bônus do Tesouro europeus e um orçamento federal que federe uma parte da dívida", porque, caso contrário, "em 10 anos o euro terá deixado de existir".

Fonte: AFP
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