sábado, 23 de julho de 2011

Nova geração de cientistas


Planalto vê como estratégica para o país a formação de mão de obra especializada em tecnologia e pretende oferecer a estudantes brasileiros 100 mil bolsas de estudo nas melhores universidades do exterior, além de recrutar pesquisadores estrangeiros.

O governo pretende aumentar de 75 mil para 100 mil o número de bolsas que serão disponibilizadas, até 2014, para brasileiros estudarem nas 30 melhores universidades do mundo. A diferença de 25 mil benefícios em relação ao anunciado no início de maio seria bancada por empresários que fazem parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, órgão consultivo da Presidência. O programa, batizado de Brasil sem Fronteiras, tem outra vertente: trazer cientistas estrangeiros para liderar pesquisas em universidades nacionais. A proposta da presidente deve movimentar entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões até o fim de seu mandato.

A presidente Dilma Rousseff disse que o governo pretende conceder as bolsa prioritariamente aos melhores alunos qualificados no Programa Universidade para Todos (ProUni), no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Com isso, ela pretende privilegiar estudantes de baixa renda, mas com alto potencial de aprendizagem e conhecimento. "O critério será por mérito. Só os melhores vão ser escolhidos", afirmou a presidente ontem. "Vamos oferecer bolsas para graduação, pós-graduação, doutorado e pós-doutorado", emendou.

As primeiras bolsas do Brasil sem Fronteiras devem começar a ser distribuídas no ano que vem. Hoje, existem 5 mil brasileiros estudando no exterior. Os destinos mais procurados são Estados Unidos, França e Alemanha.

O objetivo do governo é melhorar a qualificação da mão de obra disponível no país capaz de empreender um ciclo de desenvolvimento de alta tecnologia. O Brasil tem deficit, por exemplo, de doutores. A presidente disse, em outras ocasiões, que o país não consegue dar um salto de qualidade se for dependente de outras nações na área tecnológica. "O Brasil tem um gap de conhecimento que precisa ser resolvido", afirmou a presidente.

Nasa

No exterior, Dilma está de olho especificamente em milhares de engenheiros demitidos da Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa, na sigla em inglês) nos últimos anos em decorrência do fim das missões com ônibus espaciais. "Tem muito cientista desempregado nos Estados Unidos e na Europa. Só a Nasa demitiu 4 mil engenheiros", afirmou a presidente. Os estrangeiros seriam admitidos, de acordo com a ideia de Dilma, por até 10 anos pelas instituições de ensino brasileiras. "É preciso criar uma carreira especial temporária com duração de cinco anos, renovável por mais cinco anos", emendou. "Nós precisamos de cientistas e pesquisadores de fora", emendou. Como atrativo aos estrangeiros, o governo pretende conceder uma série de benefícios, como auxílio-moradia.

Dilma afirmou ter discutido a proposta com o professor Miguel Nicolelis, neurocientista, pesquisador da Duke University e entusiasta de iniciativas que visem descentralizar a pesquisa científica brasileira do eixo Rio-São Paulo (leia para saber mais).

Parceria

Inicialmente, a proposta de Dilma para o Brasil sem Fronteira era conceder 75 mil bolsas no exterior, mas ela decidiu elevar o número tendo como ideia fazer uma pareceria com a iniciativa privada, começando com os integrantes do Conselhão, que são afáveis à ideia. Os 75 mil benefícios serão divididas entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), com 45 mil; e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com 30 mil. Ainda não foi estipulado como serão distribuídos as 25 mil bolsas restantes.

O Capes pretende oferecer 65% das vagas para graduação e doutorado dividido, chamado de sanduíche no jargão acadêmico. Nessa modalidade, parte do curso é feito no Brasil e a outra, no exterior. Este ano, a Capes tem como meta chegar a 8 mil bolsas. Em 2012 seriam 13 mil, até chegar a 4 mil por ano até 2014.

Fonte: Correio Braziliense
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