O governo do premiê italiano Silvio Berlusconi deve aprovar nesta sexta-feira na Câmara dos Deputados um plano de ajuste que prevê fornecer € 79 bilhões aos cofres do Estado em quatro anos, embora sindicatos e empresários o considerem insuficiente.
Para acalmar as turbulências dos mercados, em apenas três dias o governo italiano conseguiu fechar um ambicioso plano de ajuste introduzindo novas medidas e cortes para elevar de € 47 bilhões a € 79 bilhões o previsto inicialmente.
Da mesma forma que ontem no Senado, o governo pedirá, por volta das 13h (horário de Brasília), um voto de confiança à Câmara para aprovar rapidamente o decreto, que desta maneira já entrará em vigência na próxima segunda-feira.
A imprensa italiana afirma que é possível que Berlusconi assista à votação na Câmara.
O plano consta de quatro fases de cortes: 3 bilhões de euros para 2011, € 6 bilhões para 2012, € 25 bilhões para 2013 e € 45 bilhões para 2014, o que deixa o maior peso de economia para a próxima legislatura.
O objetivo do plano é trazer o deficit público para perto de zero até 2014, alvo que foi estipulado pela União Europeia. O FMI cobra que o rombo nas contas públicas, que foi de 4,5% no ano passado, baixe para 3% até o ano que vem.
As mudanças no pacote vão incluir privatizações de empresas estatais e redução de benefícios fiscais, além de cortes de gastos, anunciou o ministro de Finanças da Itália, Giulio Tremonti.
O decreto para equilibrar o orçamento será reforçado para um período de quatro anos completos, disse o ministro, na associação de bancos do país.
Na mesma palestra, o presidente do BC italiano e futuro presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, cobrou a adoção urgente das medidas.
A Itália é a terceira maior economia da zona do euro e tem a segunda maior taxa de endividamento da região, de 120% do PIB (Produto Interno Bruto). Ela está na lista de países europeus em risco de uma quebra e que inclui Grécia, Irlanda e Portugal.
A chamada crise da dívida europeia foi uma consequência da crise econômica de 2008. Para proteger a economia, os governos aumentaram suas despesas.
Aqueles que já tinham gastos públicos elevados viram a dívida estourar, junto com as taxas de juros. Essa bola de neve levou os países periféricos a atingir deficits públicos recordes, perdendo a capacidade de pagar a dívida.
Fonte: Folha
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