A crise comercial entre Brasil e Argentina reacendeu nesta semana com inúmeros produtos dos dois países travados na fronteira.
Após reuniões ministeriais para tentar solucionar o problema e declarações mútuas de que os governos trabalhariam pela fluidez do comércio, carros argentinos continuam sem conseguir entrar no Brasil, segundo confirmou à Folha fontes da Adefa (sigla em espanhol para Associação dos Fabricantes de Automóveis).
Pelo lado brasileiro, produtos como eletrodomésticos da linha branca, alimentos e têxteis também estão bloqueados na alfândega do país vizinho, segundo informação da Cira (Câmara de Importadores da Argentina).
"Esse vai e vem na relação comercial fica dependente das pressões, não há uma linha de comércio fluída", afirmou Miguel Ponce, gerente de relações institucionais da Cira.
Os governos dos países evitaram ontem comentários sobre a situação.
A crise comercial entre Brasil e Argentina, frequente desde 2004, estourou novamente em maio deste ano, quando o governo Dilma decidiu frear a importação de automóveis, medida que afetou todos os países, mas sobretudo a indústria automobilística da Argentina.
A decisão foi uma resposta brasileira à adoção de várias medidas protecionistas pelo país vizinho, segundo maior sócio do Mercosul e um dos principais parceiros comerciais do Brasil.
A Argentina adota essas barreiras para tentar salvar o superavit de sua balança comercial, que diminui cada vez mais. Os argentinos também estão descontentes com o crescente deficit no comércio com o Brasil, que chegou a US$ 4 bilhões em 2010.
Nesta semana a imprensa argentina informou que o governo de Cristina Kirchner estendeu sua política protecionista aplicando o modelo 1 por 1, impondo aos importadores de bens finais o seguinte modelo: as empresas têm que importar a mesma quantidade de dólares que exportam.
Em maio, para tentar solucionar a crise, Brasil e Argentina acertaram a liberação mútua de US$ 40 milhões em produtos retidos nas fronteiras, mas depois os governos não voltaram a se reunir para tratar do assunto.
Na cúpula do Mercosul em Assunção, em junho, as presidentes Dilma e Cristina tinha acertado uma reunião bilateral para tentar pôr fim à crise, mas a mandatária argentina acabou não viajando ao Paraguai. Assim, o imbróglio ainda não foi resolvido.
Fonte: Folha
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