terça-feira, 28 de junho de 2011

Rebeldes avançam rumo a Trípoli e celebram ordem do TPI



O presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), o órgão político dos rebeldes líbios, comemorou nesta segunda-feira a ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional contra o ditador Muammar Gaddafi.

"A justiça foi feita", disse Mustafá Abdeljalil, em entrevista a jornalistas em Benghazi, reduto dos rebeldes.

Gaddafi é o segundo chefe de Estado alvo de um mandado do TPI, depois do sudanês Omar al Bashir. O mandado vale ainda para seu filho Seif al-Islam e o diretor do serviço secreto líbio, Abdallah al-Senussi.

Os três são suspeitos de homicídios e de perseguições, que constituem crimes contra a humanidade cometidos pelas forças de segurança contra a população civil líbia desde 15 de fevereiro, sobretudo em Trípoli, Benghazi e Misrata.

A decisão dos juízes foi divulgada durante uma audiência pública em Haia. Eles afirmaram que a Promotoria apresentou provas suficientes para a emissão da ordem de prisão contra Gaddafi e seus parentes por orquestrar assassinato, ataques, prisão e detenção de centenas de civis durante os primeiros 12 dias da revolta popular contra seu regime.

O mandado torna Gaddafi, Seif e Sanoussi em suspeitos procurados internacionalmente, mas sua prisão só pode ocorrer em países que assinaram o tratado reconhecendo o TPI.

AVANÇO

O mandado veio em meio ao avanço das forças rebeldes, que dizem estar a apenas 80 km da capital Trípoli. Se confirmado, terá sido o maior avanço da oposição em várias semanas.

Os rebeldes, que têm como reduto as Montanhas Ocidentais, a sudoeste de Trípoli, estão lutando contra as forças pró-Gaddafi para assegurarem o controle da localidade de Bir al Ghanam, o que representa um avanço de cerca de 30 quilômetros para o norte em relação à sua posição anterior, disse um porta-voz rebelde à Reuters.

"Estamos na periferia sul e oeste de Bir al Ghanam", disse o porta-voz rebelde Juma Ibrahim, falando por telefone da vizinha cidade de Zintan.

"Houve batalhas por lá na maior parte de ontem. Alguns dos nossos combatentes foram martirizados, e eles (forças governamentais) também sofreram baixas, e capturamos equipamentos e veículos. Está tranquilo lá hoje, e os rebeldes ainda estão nas suas posições."

Os rebeldes que têm apoio aéreo da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) enfrentam as forças de Gaddafi desde o final de fevereiro, quando milhares de pessoas se rebelaram contra o regime dele, que já dura 41 anos.

O governo reprimiu violentamente os distúrbios, e a revolta se tornou a mais sangrenta na atual onda de revoluções que varre o Oriente Médio, e que ficou conhecida com Primavera Árabe.

Os rebeldes líbios controlam o leste do país e alguns enclaves no oeste líbio, e já fazia semanas que eles não conseguiam avanços significativos, ao mesmo tempo em que os bombardeios da Otan se mostram incapazes de desalojar Gaddafi.

Analistas dizem que um avanço dos rebeldes nos arredores da capital poderia inspirar uma rebelião de grupos anti-Gaddafi que estão dentro de Trípoli, um fator que muitos acreditam seria decisivo para depor o regime.

Fonte: Folha
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