O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Anders Fogh Rasmussen, rechaçou nesta quarta-feira qualquer interrupção dos ataques contra a Líbia, em resposta ao pedido feito mais cedo pela Itália para que ajuda humanitária pudesse ser entregue no país.
"Se cessarmos [as operações], inúmeros civis poderiam perder sua vida", disse Rasmussen em um comunicado, sem mencionar explicitamente o pedido italiano.
Uma coalizão internacional liderada por França, Reino Unido e Estados Unidos iniciou em 19 de março uma ofensiva aérea sobre a Líbia, sob mandado da ONU, para proteger os civis da repressão das forças do ditador Muammar Gaddafi.
A Otan assumiu o comando das operações em 31 de março, realizando, inclusive, dezenas de ataques na capital líbia, Trípoli. No último domingo (19), a Otan reconheceu sua responsabilidade na morte de civis durante um ataque aéreo a uma área residencial de Trípoli, que deixou nove mortos, segundo o regime líbio.
O reconhecimento dividiu Itália e França sobre os próximos passos da intervenção militar no país africano.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, pediu que a Otan ofereça dados concretos sobre "erros dramáticos" cometidos em seus bombardeios e afirmou que a aliança coloca sua credibilidade em jogo com ações do tipo e que "não se pode correr o risco de matar civis".
Diante de uma comissão da Câmara de Deputados italiana, Frattini pediu ainda que a Otan suspenda os ataques aéreos contra a Líbia para permitir que ajuda humanitária seja entregue ao país.
Ele ressaltou que a interrupção das hostilidades permitiria o acesso a localidades isoladas da Líbia nas quais a situação humanitária é "dramática, como acontece nas imediações de Misrata e na própria Trípoli".
O porta-voz da Chanceler francesa, Bernard Valero, por sua vez, rechaçou nesta quarta-feira qualquer pausa nas operações militares, argumentando que permitiria ao ditador líbio, Muammar Gaddafi, "ganhar tempo e se reorganizar".
"A coalizão e os países reunidos no Grupo de Contato [sobre a Líbia] em Abu Dhabi há duas semanas foram unânimes em sua estratégia: temos que intensificar a pressão sobre Gaddafi", afirmou Valero.
Valero advertiu ainda que "no final, será a população civil que padecerá ao mínimo sinal de debilidade da nossa parte".
Fonte: France Presse
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