quinta-feira, 30 de junho de 2011

Mercosul quer unir forças para alcançar desenvolvimento com inclusão social


Além de destacar "a consolidação da região como um dos mercados mais atraentes em nível mundial", os presidentes comprometeram-se a "impulsionar o desenvolvimento econômico com inclusão social, através da redução da pobreza", destaca o texto final.

Os chefes de Estado destacaram a necessidade de que o bloco reflita sobre "a forma com a qual enfrentará as oportunidades e desafios que a transformação do cenário internacional apresenta".

Os presidentes dos países do Mercosul também uniram forças para fortalecer o bloco ante a invasão de produtos provenientes de países como China, que buscam mercados em expansão.

"Novos ventos sopram em nossa região e isso é muito positivo, o crescimento incrível do Paraguai em 2010 (de 15%) foi acompanhado de avanços nos outros países (do bloco). (...) Temos que comemorar, mas resta muito a ser feito", destacou a presidente Dilma Rousseff, em seu discurso na cúpula de presidentes.

"Com o excepcional crescimento da região (durante 2010), países de fora buscam vender" e "devemos estudar mecanismos comunitários para reequilibrar a situação", destacou a presidente, que citou a necessidade de tomar medidas concretas durante a presidência temporária do Uruguai, que assume nesta quarta-feira.

Nesse sentido, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que os países do Mercosul devem preservar seus mercados e evitar que sejam "invadidos por produtos de países que não têm a quem vender", como os Estados Unidos, os países europeus e asiáticos.

Segundo Dilma, o grupo também deve analisar a forma de se relacionar com outros países. "É importante concluir as negociações de acordo de associação com a União Europeia", e também "fortalecer as negociações sul-sul", disse.

Por sua vez, o presidente uruguaio, José Mujica, chamou o bloco a "construir economias complementares" e criar uma "autodefesa" frente à entrada de produtos provenientes do exterior.

"É lógico que aumentar e assegurar nossos mercados é decisivo", destacou, ao afirmar que os governos devem "garantir a institucionalidade do Mercosul, já que é a porta de entrada para o crescimento".

A esse respeito, o chanceler Antonio Patriota afirmou que serão iniciadas negociações com Bolívia e Equador para integrá-los como membros plenos do bloco.

Em representação da presidente argentina, Cristina Kirchner, o ministro de Relações Exteriores do país, Héctor Timerman, destacou que o Mercosul deve continuar analisando mecanismos para aprofundar o processo de integração entre os países e o "desenvolvimento equilibrado de todos os seus membros".

Por sua vez, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, aproveitou o encontro para pedir a eliminação "de barreiras de toda índole" e garantir "a livre circulação de bens e mercadorias".

Nesse sentido, durante o encontro, foi criado um grupo de alto nível para supervisionar a eliminação da dupla cobrança do Tarifa Externa Comum (TEC), que deve entrar em funcionamento em 1º de janeiro de 2012, mas que para sua implementação ainda falta definir elementos práticos e técnicos.

O comércio entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai encerrou o ano passado com um volume de 44,55 bilhões de dólares, e as autoridades prevêem que o grupo cresça 5% em 2011.

Mas para que esse crescimento se concretize, o bloco deve estimular as cadeias produtivas, agregar mais valor aos produtos locais e investir em setores estratégicos, como o energético, estimou a presidente.

A utilização dos recursos energéticos também foi destacada por Lugo como um ponto fundamental para o desenvolvimento.

"A integração energética é a garantia de avanço econômico do Mercosul. (...) Esta integração não nos garantirá apenas benefícios econômicos, (devemos) iniciar um processo que terá como consequência o desenvolvimento de nossos povos", destacou.

Nesta quarta-feira, Lugo recebeu Dilma, em um encontro durante o qual discutiram os meios para aumentar a integração de ambos os países, informou o principal assessor brasileiro de Relações Internacionais.

Fonte: AFP
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