O Irã realizou testes secretos de mísseis balísticos além das públicas manobras militares de dez dias iniciadas na segunda-feira, alegou nesta quarta-feira o ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, em uma audiência na Câmara dos Comuns.
Sem dizer quando os testes ocorreram especificamente, ele disse que houve experimentos secretos com mísseis que poderiam ser capazes de transportar uma arma nuclear. "(O Irã) realizou testes encobertos de mísseis balísticos e lançamentos de foguetes, incluindo o teste de mísseis capazes de transportar uma carga nuclear em violação da resolução 1929 das Nações Unidas", afirmou Hague.
O Reino Unido acredita que Teerã conduziu ao menos três testes secretos de mísseis balísticos de médio alcance desde outubro, em meio a uma aparente escalada de seu programa nuclear para escapar de escrutínio da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O Irã atualmente está expondo seu poder de fogo em uma série de jogos de guerra em um aparente show de transparência, e na terça-feira disparou 14 mísseis em testes públicos. No entanto, o Reino Unido acredita que os testes secretos mostram que os líderes iranianos querem evitar a inspeção da real extensão de seu programa de armas.
No mês passado, um relatório da AIEA listou "disparos de alta voltagem e instrumentação para testes de explosivos em longas distâncias e, possivelmente, no subterrâneo, indicando que há indicações de que Teerã está conduzindo atividades clandestinas de armas nucleares.
Hague também disse que o Reino Unido está preocupado com a decisão do governo iraniano de aumentar sua capacidade de enriquecer urânio a um nível mais alto na central de Fordo, perto da cidade sagrada de Qom, no centro do país. "Anunciou sua intenção de triplicar sua capacidade para produzir urânio enriquecido a 20%. Esses são níveis de enriquecimento acima do necessário para energia nuclear pacífica", disse o chanceler britânico.
Testes de mísseis
Na terça-feira, o Irã lançou 14 mísseis balísticos de curto e médio alcance durante um de seus tradicionais exercícios de "defesa" destinados a demonstrar a força do país e a dissuadir Israel e EUA de atacar a República Islâmica.
Os Pasdaran, oficiais da Guarda Revolucionária que controlam o programa de mísseis iraniano, dispararam um Ghadr de médio alcance (1.800 a 2.000 km) e outros 13 modelos de curto alcance: Zelzal (400 km), Shahab 1 e Shahab 2 (300 km a 500 km).
Os disparos foram feitos um dia depois de o Irã revelar ter silos subterrâneos que podem carregar mísseis capazes de atingir Israel e bases dos EUA no Golfo. A TV estatal mostrou imagens dos silos, alegando que mísseis de médio e longo alcance estocados no local estão prontos para ser lançados no caso de um ataque ao Irã.
Sem oferecer detalhes, uma autoridade da Guarda Revolucionária disse que Teerã construiu "numerosos" silos subterrâneos de mísseis que não podem ser detectados por satélites.
O Ghadr, que teoricamente pode atingir o território de Israel, é uma versão aperfeiçoada do míssil de combustível líquido Shahab-3 iraniano, desenvolvido a partir do No-dong norte-coreano, segundo os especialistas ocidentais. Os mísseis Shahab 1 e 2, assim com o Zelzal, são derivados do Scud soviético.
Em várias ocasiões, Israel e EUA afirmaram não descartar ataques militares contra a República Islâmica, suspeita, apesar dos reiterados desmentidos, de tentar produzir armamento atômico sob a fachada de um programa nuclear civil.
Fonte: Último Segundo
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