A confirmação da discórdia entre o Fatah e o Hamas a respeito da composição do governo palestino de reconciliação nacional foi uma excelente notícia para os israelenses e os americanos. Os dois irmãos inimigos do movimento palestino estão desde o dia 14 de junho no Cairo para negociações. Segundo Washington e Jerusalém, se eles são incapazes de chegar a um consenso para escolher um primeiro-ministro, que credibilidade pode ter sua iniciativa que visa obter da Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, o reconhecimento de um Estado palestino?
O Fatah, principal partido da Autoridade Palestina, se pronunciou no sábado (11) a favor de Salam Fayyad, atual primeiro-ministro e arquiteto da renovação institucional e econômica da Cisjordânia. Se o Hamas, partido islâmico no poder em Gaza, rejeitou essa escolha logo no domingo, foi porque viu nele o homem dos americanos.
E exatamente por isso que Salam Fayyad é uma escolha dificilmente contornável. Sem ele, é grande o risco de os doadores se afastarem da Autoridade Palestina. Mahmoud Abbas, seu presidente, não aderiu com entusiasmo à escolha de Salam Fayyad. Existe uma rivalidade silenciosa entre os dois homens, e o ex-especialista do Banco Mundial fez muitos inimigos dentro do Fatah, ao combater a corrupção.
No Hamas, o jogo político é igualmente complexo. Fragilizada pela desestabilização política vivida por seu poderoso padrinho sírio, a ala política do Movimento da Resistência Islâmica, dirigida por Khaled Meshaal (exilado em Damasco), quer favorecer uma aproximação com o Fatah. Em Gaza, os “durões” do Hamas, como Mahmoud Zahar, não pretendem conceder ao Fatah uma chance de recuperar a autoridade e popularidade na Faixa de Gaza.
Todos sabem que a “reconciliação” palestina é uma hipocrisia, mas no momento as duas facções têm interesse em jogar o jogo da unidade. Mais ainda do que o Fatah, o Hamas precisa do apoio do Egito, que facilitou a reconciliação palestina e aliviou o bloqueio israelense ao abrir o posto fronteiriço de Rafah. Será que as autoridades egípcias conseguirão convencer o Hamas a aceitar Salam Fayyad? É uma questão importante, uma vez que influi no prazo da ONU, em setembro.
A estratégia que consiste em contornar o impasse das negociações de paz com Israel por meio da ONU é a única que a direção palestina acredita ter, mas ela não é unanimidade. Vários caciques têm se manifestado para ressaltar as incertezas dessa iniciativa. Além disso, se não for certa uma maioria significativa de Estados a favor da criação de um Estado palestino, o que acontecerá no “day after”?
A resposta poderia se resumir a isto: nenhuma melhoria para a população palestina, e chances quase nulas de reiniciar o processo de paz... Os israelenses insistem em exagerar a extensão de tais estados de espírito dentro da liderança palestina. Como os americanos, eles se mobilizam para desarticular o reconhecimento de um Estado independente da Palestina. O ministério israelense das Relações Exteriores enviou um plano de batalha diplomática a todas suas embaixadas. O objetivo é convencer o maior número possível de governos a não apoiar a iniciativa “unilateral” palestina.
A Europa se encontra dividida, e os Estados Unidos decidiram dar seu veto à iniciativa palestina, mas estão desconfortáveis com a ideia de parecerem contrários à criação de um Estado palestino. Portanto, Washington tem intensificado a pressão sobre seu aliado israelense, exortando-o a aceitar os “parâmetros Obama” como base de uma retomada das negociações com os palestinos, única escapatória que permitiria que Mahmoud Abbas desistisse de recorrer à ONU.
São poucas as chances de sucesso, uma vez que o premiê israelense Binyamin Netanyahu insistiu na recusa em aceitar o novo mantra da Casa Branca, ou seja, um regulamento israelense-palestino baseado nas fronteiras de 1967, com trocas acordadas de territórios. Essa obstinação israelense e a iniciativa palestina levam a crer que o mês de setembro pode ser um mês bastante perigoso.
Fonte: Le Monde via UOL
O Fatah, principal partido da Autoridade Palestina, se pronunciou no sábado (11) a favor de Salam Fayyad, atual primeiro-ministro e arquiteto da renovação institucional e econômica da Cisjordânia. Se o Hamas, partido islâmico no poder em Gaza, rejeitou essa escolha logo no domingo, foi porque viu nele o homem dos americanos.
E exatamente por isso que Salam Fayyad é uma escolha dificilmente contornável. Sem ele, é grande o risco de os doadores se afastarem da Autoridade Palestina. Mahmoud Abbas, seu presidente, não aderiu com entusiasmo à escolha de Salam Fayyad. Existe uma rivalidade silenciosa entre os dois homens, e o ex-especialista do Banco Mundial fez muitos inimigos dentro do Fatah, ao combater a corrupção.
No Hamas, o jogo político é igualmente complexo. Fragilizada pela desestabilização política vivida por seu poderoso padrinho sírio, a ala política do Movimento da Resistência Islâmica, dirigida por Khaled Meshaal (exilado em Damasco), quer favorecer uma aproximação com o Fatah. Em Gaza, os “durões” do Hamas, como Mahmoud Zahar, não pretendem conceder ao Fatah uma chance de recuperar a autoridade e popularidade na Faixa de Gaza.
Todos sabem que a “reconciliação” palestina é uma hipocrisia, mas no momento as duas facções têm interesse em jogar o jogo da unidade. Mais ainda do que o Fatah, o Hamas precisa do apoio do Egito, que facilitou a reconciliação palestina e aliviou o bloqueio israelense ao abrir o posto fronteiriço de Rafah. Será que as autoridades egípcias conseguirão convencer o Hamas a aceitar Salam Fayyad? É uma questão importante, uma vez que influi no prazo da ONU, em setembro.
A estratégia que consiste em contornar o impasse das negociações de paz com Israel por meio da ONU é a única que a direção palestina acredita ter, mas ela não é unanimidade. Vários caciques têm se manifestado para ressaltar as incertezas dessa iniciativa. Além disso, se não for certa uma maioria significativa de Estados a favor da criação de um Estado palestino, o que acontecerá no “day after”?
A resposta poderia se resumir a isto: nenhuma melhoria para a população palestina, e chances quase nulas de reiniciar o processo de paz... Os israelenses insistem em exagerar a extensão de tais estados de espírito dentro da liderança palestina. Como os americanos, eles se mobilizam para desarticular o reconhecimento de um Estado independente da Palestina. O ministério israelense das Relações Exteriores enviou um plano de batalha diplomática a todas suas embaixadas. O objetivo é convencer o maior número possível de governos a não apoiar a iniciativa “unilateral” palestina.
A Europa se encontra dividida, e os Estados Unidos decidiram dar seu veto à iniciativa palestina, mas estão desconfortáveis com a ideia de parecerem contrários à criação de um Estado palestino. Portanto, Washington tem intensificado a pressão sobre seu aliado israelense, exortando-o a aceitar os “parâmetros Obama” como base de uma retomada das negociações com os palestinos, única escapatória que permitiria que Mahmoud Abbas desistisse de recorrer à ONU.
São poucas as chances de sucesso, uma vez que o premiê israelense Binyamin Netanyahu insistiu na recusa em aceitar o novo mantra da Casa Branca, ou seja, um regulamento israelense-palestino baseado nas fronteiras de 1967, com trocas acordadas de territórios. Essa obstinação israelense e a iniciativa palestina levam a crer que o mês de setembro pode ser um mês bastante perigoso.
Fonte: Le Monde via UOL
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