O chanceler Antonio Patriota afirmou ontem que o Brasil condena o uso de minas antipessoa "onde quer que elas sejam usadas". É uma reação à divulgação, ontem pela Folha, de carta enviada ao governo brasileiro pela ONG International Campaign to Ban Landmines (ICBL), cobrando explicações sobre o uso de minas brasileiras na Líbia.
"Condenamos fortemente o seu uso [de minas], independentemente do país", disse o ministro, por meio de seu porta-voz. Patriota disse que, pelas imagens e informações passadas ao Itamaraty pela ONG (que combate o uso de minas terrestres), não é possível comprovar a origem das minas como brasileira.
O Itamaraty afirmou, no entanto, que vai "averiguar" as denúncias. "Queremos esclarecer essa questão. O Brasil não tem nenhum interesse em estar envolvido na utilização de minas terrestres por outros países", afirmou o porta-voz do ministro, Tovar Nunes.
EXPLICAÇÕES
Na carta enviada a Patriota, a ICBL pedia não só uma condenação pública do uso das minas antipessoa como explicações sobre transferências das minas para a Líbia e o número de artefatos repassados ao regime do ditador Muammar Gaddafi.
A diplomacia brasileira afirma que, se a procedência das minas for mesmo brasileira, elas saíram do país há mais de 20 anos. Os artefatos não são fabricados no país desde 1989.
"O Brasil é signatário do Tratado de Ottawa (de 1999) e temos um compromisso firme com ele", disse Nunes. A convenção proíbe a produção, armazenamento, venda e uso de minas terrestres. O Exército brasileiro, porém, usa minas até hoje em treinamentos militares.
As minas encontradas, segundo a ICBL, seriam do tipo T-AB-1, pesam cerca de 125 gramas e podem matar uma pessoa que exercer peso sobre elas de pelo menos 18 kg.
Fonte: Folha
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