O Brasil pretende lançar até 2014 um satélite geoestacionário para interligar os sistemas de defesa em todo o seu território. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (29) pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, a 10 senadores que participaram de uma audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) na sede do próprio ministério. A audiência foi realizada por requerimento do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), presidente da Subcomissão da Amazônia e da Faixa de Fronteiras.
O novo satélite, cujo lançamento ainda depende de uma decisão final do governo brasileiro, permitirá a comunicação direta entre Brasília e pelotões de fronteira e submarinos que navegam no Oceano Atlântico, além do rápido envio de imagens de áreas pouco acessíveis. Atualmente, como explicou o ministro, o governo brasileiro aluga canais de um satélite de propriedade de uma empresa privada de capital mexicano.
- Hoje, quando precisamos de uma imagem, os mexicanos só as enviam para nós em 36 horas. E ainda não temos como saber se a mesma imagem será cedida a terceiros - disse Jobim.
O custo total de colocar um novo satélite estatal em órbita será de aproximadamente R$ 700 milhões, segundo o ministro. A quantia envolve a construção do satélite, seu lançamento, seguro e sistema de acompanhamento em terra. Atualmente, o custo anual do aluguel dos canais de um satélite privado, para serviços de telecomunicação e transmissão de imagens, é de R$ 44,8 milhões.
O ministro considerou o satélite "vital" para a segurança nacional, além de permitir o acesso à internet para mais de 1.800 municípios que ainda não são conectados à rede mundial de computadores. Após ouvir os dados referentes ao satélite, o senador Jorge Viana (PT-AC) concordou com o ministro em que este não poderia ser comercial, mas sim "algo estratégico do país".
Integração
As imagens do novo satélite poderão ser cedidas a países vizinhos, como antecipou Jobim, dentro de uma política de aproximação com as nações da América do Sul. Ao lembrar que o Brasil possui a maior economia do subcontinente, o ministro defendeu a adoção de uma "relação de compreensão" com os demais países sul-americanos. Em resposta a uma questão da senadora Ana Amélia (PP-RS), a respeito da receptividade de países vizinhos à nova política brasileira de defesa, ele ressaltou a rapidez da aprovação do Conselho Sul-Americano de Defesa, apesar de algumas resistências à proposta em nações vizinhas.
Jobim relatou aos senadores que esteve há poucos dias na Colômbia, negociando acordos de cooperação em defesa na área de fronteira. Em sua opinião, a cooperação com a Colômbia poderá servir de modelo a ações semelhantes com outros países vizinhos. Propondo maior aproximação com esses países, ele recordou que a América do Sul conta com a maior capacidade do mundo de produção de proteína vegetal e animal, além de grande capacidade de produção de energia e das reservas de água doce da Amazônia e do Aquífero Guarani.
- Precisamos evitar que retorne o discurso de internacionalização da Amazônia - afirmou.
Ao final da exposição, o senador João Pedro (PT-AM) demonstrou preocupação com a carência de policiais federais na região de fronteira. Por sua vez, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) recordou sua experiência como governador de Santa Catarina ao defender a realização de concursos para policiais que trabalhem nos municípios mais distantes.
Mozarildo Cavalcanti relatou uma reivindicação dos secretários estaduais de Segurança por maior participação no Plano Estratégico de Fronteiras. O presidente da comissão, senador Fernando Collor (PTB-AL), agradeceu ao ministro pela exposição detalhada do plano aos senadores.
Fonte: Senado Federal via Notimp
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