Os prédios do reator do Centro Experimental Aramar, do combustível e de outros setores onde se trabalhará com material radioativo são projetados e construídos para resistirem a abalos sísmicos (terremotos) equivalentes até o grau 4 na escala Richter, levando-se em consideração balanços estatísticos da região de Sorocaba. Esta mesma projeção é válida para outros prédios que trabalharão com material radioativo em Aramar.
Em 11 de março deste ano, no nordeste do Japão, um terremoto atingiu a magnitude 8,9 da escala Richter, foi seguido de gigantesca tsunami que destruiu cidades e causou milhares de mortes e a tragédia provocou um acidente em central nuclear da cidade de Fukushima. Vazamentos radioativos assustaram o mundo e mobilizaram a comunidade internacional.
Para a Marinha do Brasil, "o ocorrido no Japão não possui correlação estatística com a região de Sorocaba." A Força acrescenta que, em ordem de potência térmica, os reatores japoneses são 15 vezes, no mínimo, maiores do que o reator previsto para ser instalado em Aramar em 2014, e ambos possuem sistemas de segurança diferentes.Estas comparações foram apresentadas pela Marinha do Brasil a partir de perguntas do Cruzeiro do Sul enviadas por e-mail e respondidas pelo contra-almirante Paulo Mauricio Farias Alves, diretor do Centro de Comunicação Social da Força. O objetivo da reportagem foi esclarecer quais as lições que a Marinha pode tirar do acidente nuclear de Fukushima em relação a Aramar - a principal unidade do seu programa nuclear localizada em Iperó, município da região de Sorocaba.
Segundo a Marinha, o acidente no Japão oferecerá "muito provavelmente" ensinamentos técnicos que serão levados em conta. A Força informa que o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTM/SP), órgão vinculado a Aramar, observa as leis de segurança industrial e nuclear, juntamente com a legislação de proteção e preservação ambiental.
Os recursos da ordem de R$ 1,040 bilhão liberados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva num período de oito anos estão sendo executados conforme o previsto, segundo a Marinha. Isto faz com que, atualmente, Aramar seja um canteiro de obras. Estão em construção os prédios do reator, do combustível nuclear, das turbinas, de preparação e testes de embalados, de armazenamento intermediário de rejeitos e o prédio de apoio operacional. Veja a íntegra das avaliações da Marinha do Brasil:
1) A catástrofe no Japão (terremoto/tsunami/complexo de Fukushima) reativou os debates sobre as preocupações com a segurança das usinas nucleares. Como a Marinha do Brasil avalia esse tipo de preocupação em relação ao Centro Experimental de Aramar, localizado em Iperó, cidade vizinha de Sorocaba?
Os eventos ocorridos no Japão (isto é, terremotos de elevada intensidade, ondas marítimas de grandes proporções, entre outros) e suas consequências proverão muito provavelmente ensinamentos técnicos, como já ocorreu no passado, os quais serão analisados oportunamente, contando inclusive com avaliações e recomendações de organismos internacionais. Assim, podemos concluir que o ocorrido no Japão não possui correlação estatística com a região de Sorocaba.
O Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) observa as leis de segurança industrial e nuclear, juntamente com a legislação de proteção/preservação ambiental. Para tal, os projetos desenvolvidos seguem as recomendações e normas técnicas aplicáveis para cada caso, dentro de processos de licenciamento junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e ao Ibama.
Para a parte nuclear especificamente, há códigos de normas técnicas que são utilizadas por vários países, as quais derivam de experiências anteriores e de experimentação em laboratórios dedicados. Tais normas são de origem dos EUA e da Europa, havendo também um conjunto de orientações brasileiras. A aplicação dos códigos de projeto verifica-se em diversas etapas dos projetos: fabricação mecânica, recebimento de materiais, construção civil, montagens eletromecânicas. Para os projetos do ciclo do combustível e do Labgene (reator PWR de pequena potência), as normas técnicas de projeto empregadas estão de acordo com o que se preconiza no licenciamento junto à Cnen e Ibama. Dentre os vários preceitos, vários tipos de defesas ou de sistemas de proteção são utilizados para se evitar consequências às pessoas, ao meio ambiente e ao patrimônio. Por exemplo, nos projetos do Labgene a possibilidade de ocorrência de abalos sísmicos e ventos de elevada intensidade é levada em consideração.
2) Que medidas de segurança estão previstas para Aramar em caso de desastres naturais?
São adotados diversos procedimentos para lidar com esse tipo de situação. O treinamento das equipes de operação é uma preocupação contínua, com relação aos procedimentos de segurança (isto é, utilização de monitores, isolamento de áreas, mobilização de meios de apoio, dentre outros). Adicionalmente, os dispositivos de alarmes e de segurança são verificados e são executados exercícios periódicos para os tipos de situações emergenciais que são previstas, onde são inclusas as consequências de eventos naturais de elevada intensidade (mencionados acima à título de exemplo). Na parte dos sistemas, estes contemplam dispositivos de alarme, válvulas de fechamento rápido, estruturas de contenção, suportação especial para abalos sísmicos, e outros, quando assim for necessário e exigido no processo de licenciamento nuclear e ambiental.
3) Na hipótese de ocorrências de desastres naturais na região de Sorocaba, qual é a capacidade de resistência das instalações de Aramar aos impactos de qualquer natureza?
A capacidade de resistência a determinados carregamentos ou solicitações naturais é considerada ao longo de toda a vida de um projeto (construção, operação, manutenção etc.) Por exemplo, no caso do Labgene, as edificações (o prédio do reator, o prédio do combustível e alguns outros prédios, onde se trabalhará com material radioativo de vários tipos de atividades) são projetadas e construídas para resistir a abalos sísmicos equivalentes até o grau 4 na escala Richter, baseando-se nos levantamentos estatísticos relativos à região de Sorocaba. Igualmente importante, os ventos de elevada intensidade são também considerados no projeto e na construção de tais prédios, como tornados típicos da região de Itu/Salto, que se verificaram mais recentemente, dentro de uma avaliação estatística referente à região em tela.
4) Que lições a Marinha do Brasil tira do complexo de Fukushima? Os atuais acontecimentos no Japão vão levar a Marinha do Brasil a fazer algum tipo de reavaliação sobre as condições de segurança do Centro Experimental de Aramar?
Os reatores existentes na central japonesa de Fukushima são do tipo BWR (boiling water reactor), enquanto que o Labgene é do tipo PWR (pressurized water reactor). Em ordem de potência térmica, os reatores japoneses são 15 vezes, no mínimo, maiores do que o Labgene, possuindo também sistemas de segurança diferentes. Os reatores japoneses foram projetados para trabalhar com vapor com radioatividade, blindando-se assim todo o conjunto reator, tubulações, turbinas, condensador etc. Essa situação leva a um conjunto eletromecânico de dimensões grandes.
No caso do PWR, como no Labgene, não se trabalha com vapor radioativo, havendo uma separação entre o vapor e o núcleo do reator. Vale também acrescer que o reator do Labgene operará dentro de um tanque de blindagem, o qual se situará dentro de uma contenção metálica, a qual estará imersa em uma piscina de água leve, estando esse conjunto dentro de um prédio projetado para suportar abalos sísmicos e ventos de elevada intensidade. Essa configuração converge para a aplicação do conceito de defesa em profundidade. Todavia, como se verifica em diversas áreas de conhecimento, como a indústria aeronáutica, de engenharia civil e automobilística, os resultados das análises técnicas dos eventos severos ocorridos recentemente no Japão poderão indicar modificações eventualmente necessárias, as quais serão objeto de avaliações pela Cnen.
5) Em 2007, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Aramar e anunciou a liberação de recursos da ordem de R$ 1,040 bilhão para o programa nuclear da Marinha do Brasil em oito anos. Esses recursos estão sendo liberados conforme o cronograma previsto?
Sim, os investimentos previstos pela Presidência da República estão sendo executados conforme planejamento acertado.
6) O reator de Aramar deverá estar pronto para entrar em funcionamento em 2014, segundo informação divulgada em 2008 pelo engenheiro de produção Edgard Batochio e o engenheiro e capitão-de-fragata Cláudio Velasco, durante visita ao Centro feita pelo ex-vice-presidente da República, José Alencar. Esse cronograma continua previsto? Que obras novas estão em fase de construção em Aramar?
O cronograma de término da montagem eletromecânica do Labgene e início do seu comissionamento está previsto para 2014. Atualmente, estão em obras civis o prédio do reator, o prédio do combustível nuclear, o prédio das turbinas, o prédio de preparação e teste de embalados, o prédio de armazenamento intermediário de rejeitos e o prédio de apoio operacional. Em paralelo, diversos sistemas estão na fase final de projeto e em construção mecânica, os quais começarão a ser montados em 2012. Outro setor que está em obras é o Centro de Treinamento Nuclear, voltado para a formação dos operadores do Labgene. A Unidade Piloto de Produção de Hexafluoreto de Urânio (Usexa) está em fase final de montagem eletromecânica e início de testes de comissionamento.
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul via Notimp
Em 11 de março deste ano, no nordeste do Japão, um terremoto atingiu a magnitude 8,9 da escala Richter, foi seguido de gigantesca tsunami que destruiu cidades e causou milhares de mortes e a tragédia provocou um acidente em central nuclear da cidade de Fukushima. Vazamentos radioativos assustaram o mundo e mobilizaram a comunidade internacional.
Para a Marinha do Brasil, "o ocorrido no Japão não possui correlação estatística com a região de Sorocaba." A Força acrescenta que, em ordem de potência térmica, os reatores japoneses são 15 vezes, no mínimo, maiores do que o reator previsto para ser instalado em Aramar em 2014, e ambos possuem sistemas de segurança diferentes.Estas comparações foram apresentadas pela Marinha do Brasil a partir de perguntas do Cruzeiro do Sul enviadas por e-mail e respondidas pelo contra-almirante Paulo Mauricio Farias Alves, diretor do Centro de Comunicação Social da Força. O objetivo da reportagem foi esclarecer quais as lições que a Marinha pode tirar do acidente nuclear de Fukushima em relação a Aramar - a principal unidade do seu programa nuclear localizada em Iperó, município da região de Sorocaba.
Segundo a Marinha, o acidente no Japão oferecerá "muito provavelmente" ensinamentos técnicos que serão levados em conta. A Força informa que o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTM/SP), órgão vinculado a Aramar, observa as leis de segurança industrial e nuclear, juntamente com a legislação de proteção e preservação ambiental.
Os recursos da ordem de R$ 1,040 bilhão liberados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva num período de oito anos estão sendo executados conforme o previsto, segundo a Marinha. Isto faz com que, atualmente, Aramar seja um canteiro de obras. Estão em construção os prédios do reator, do combustível nuclear, das turbinas, de preparação e testes de embalados, de armazenamento intermediário de rejeitos e o prédio de apoio operacional. Veja a íntegra das avaliações da Marinha do Brasil:
1) A catástrofe no Japão (terremoto/tsunami/complexo de Fukushima) reativou os debates sobre as preocupações com a segurança das usinas nucleares. Como a Marinha do Brasil avalia esse tipo de preocupação em relação ao Centro Experimental de Aramar, localizado em Iperó, cidade vizinha de Sorocaba?
Os eventos ocorridos no Japão (isto é, terremotos de elevada intensidade, ondas marítimas de grandes proporções, entre outros) e suas consequências proverão muito provavelmente ensinamentos técnicos, como já ocorreu no passado, os quais serão analisados oportunamente, contando inclusive com avaliações e recomendações de organismos internacionais. Assim, podemos concluir que o ocorrido no Japão não possui correlação estatística com a região de Sorocaba.
O Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) observa as leis de segurança industrial e nuclear, juntamente com a legislação de proteção/preservação ambiental. Para tal, os projetos desenvolvidos seguem as recomendações e normas técnicas aplicáveis para cada caso, dentro de processos de licenciamento junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e ao Ibama.
Para a parte nuclear especificamente, há códigos de normas técnicas que são utilizadas por vários países, as quais derivam de experiências anteriores e de experimentação em laboratórios dedicados. Tais normas são de origem dos EUA e da Europa, havendo também um conjunto de orientações brasileiras. A aplicação dos códigos de projeto verifica-se em diversas etapas dos projetos: fabricação mecânica, recebimento de materiais, construção civil, montagens eletromecânicas. Para os projetos do ciclo do combustível e do Labgene (reator PWR de pequena potência), as normas técnicas de projeto empregadas estão de acordo com o que se preconiza no licenciamento junto à Cnen e Ibama. Dentre os vários preceitos, vários tipos de defesas ou de sistemas de proteção são utilizados para se evitar consequências às pessoas, ao meio ambiente e ao patrimônio. Por exemplo, nos projetos do Labgene a possibilidade de ocorrência de abalos sísmicos e ventos de elevada intensidade é levada em consideração.
2) Que medidas de segurança estão previstas para Aramar em caso de desastres naturais?
São adotados diversos procedimentos para lidar com esse tipo de situação. O treinamento das equipes de operação é uma preocupação contínua, com relação aos procedimentos de segurança (isto é, utilização de monitores, isolamento de áreas, mobilização de meios de apoio, dentre outros). Adicionalmente, os dispositivos de alarmes e de segurança são verificados e são executados exercícios periódicos para os tipos de situações emergenciais que são previstas, onde são inclusas as consequências de eventos naturais de elevada intensidade (mencionados acima à título de exemplo). Na parte dos sistemas, estes contemplam dispositivos de alarme, válvulas de fechamento rápido, estruturas de contenção, suportação especial para abalos sísmicos, e outros, quando assim for necessário e exigido no processo de licenciamento nuclear e ambiental.
3) Na hipótese de ocorrências de desastres naturais na região de Sorocaba, qual é a capacidade de resistência das instalações de Aramar aos impactos de qualquer natureza?
A capacidade de resistência a determinados carregamentos ou solicitações naturais é considerada ao longo de toda a vida de um projeto (construção, operação, manutenção etc.) Por exemplo, no caso do Labgene, as edificações (o prédio do reator, o prédio do combustível e alguns outros prédios, onde se trabalhará com material radioativo de vários tipos de atividades) são projetadas e construídas para resistir a abalos sísmicos equivalentes até o grau 4 na escala Richter, baseando-se nos levantamentos estatísticos relativos à região de Sorocaba. Igualmente importante, os ventos de elevada intensidade são também considerados no projeto e na construção de tais prédios, como tornados típicos da região de Itu/Salto, que se verificaram mais recentemente, dentro de uma avaliação estatística referente à região em tela.
4) Que lições a Marinha do Brasil tira do complexo de Fukushima? Os atuais acontecimentos no Japão vão levar a Marinha do Brasil a fazer algum tipo de reavaliação sobre as condições de segurança do Centro Experimental de Aramar?
Os reatores existentes na central japonesa de Fukushima são do tipo BWR (boiling water reactor), enquanto que o Labgene é do tipo PWR (pressurized water reactor). Em ordem de potência térmica, os reatores japoneses são 15 vezes, no mínimo, maiores do que o Labgene, possuindo também sistemas de segurança diferentes. Os reatores japoneses foram projetados para trabalhar com vapor com radioatividade, blindando-se assim todo o conjunto reator, tubulações, turbinas, condensador etc. Essa situação leva a um conjunto eletromecânico de dimensões grandes.
No caso do PWR, como no Labgene, não se trabalha com vapor radioativo, havendo uma separação entre o vapor e o núcleo do reator. Vale também acrescer que o reator do Labgene operará dentro de um tanque de blindagem, o qual se situará dentro de uma contenção metálica, a qual estará imersa em uma piscina de água leve, estando esse conjunto dentro de um prédio projetado para suportar abalos sísmicos e ventos de elevada intensidade. Essa configuração converge para a aplicação do conceito de defesa em profundidade. Todavia, como se verifica em diversas áreas de conhecimento, como a indústria aeronáutica, de engenharia civil e automobilística, os resultados das análises técnicas dos eventos severos ocorridos recentemente no Japão poderão indicar modificações eventualmente necessárias, as quais serão objeto de avaliações pela Cnen.
5) Em 2007, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Aramar e anunciou a liberação de recursos da ordem de R$ 1,040 bilhão para o programa nuclear da Marinha do Brasil em oito anos. Esses recursos estão sendo liberados conforme o cronograma previsto?
Sim, os investimentos previstos pela Presidência da República estão sendo executados conforme planejamento acertado.
6) O reator de Aramar deverá estar pronto para entrar em funcionamento em 2014, segundo informação divulgada em 2008 pelo engenheiro de produção Edgard Batochio e o engenheiro e capitão-de-fragata Cláudio Velasco, durante visita ao Centro feita pelo ex-vice-presidente da República, José Alencar. Esse cronograma continua previsto? Que obras novas estão em fase de construção em Aramar?
O cronograma de término da montagem eletromecânica do Labgene e início do seu comissionamento está previsto para 2014. Atualmente, estão em obras civis o prédio do reator, o prédio do combustível nuclear, o prédio das turbinas, o prédio de preparação e teste de embalados, o prédio de armazenamento intermediário de rejeitos e o prédio de apoio operacional. Em paralelo, diversos sistemas estão na fase final de projeto e em construção mecânica, os quais começarão a ser montados em 2012. Outro setor que está em obras é o Centro de Treinamento Nuclear, voltado para a formação dos operadores do Labgene. A Unidade Piloto de Produção de Hexafluoreto de Urânio (Usexa) está em fase final de montagem eletromecânica e início de testes de comissionamento.
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul via Notimp
0 comentários:
Postar um comentário