Em sua mais importante viagem internacional desde a posse, a presidente Dilma Rousseff desembarca hoje na China disposta a estreitar os laços com a segunda maior potência do mundo, mas também cobrar relações econômicas mais justas. O comércio bilateral deu um salto em dez anos, de US$ 2 bilhões em 2000 para US$ 56 bilhões no ano passado, com um superavit de US$ 5,2 bilhões a favor do Brasil. Até por isso, Dilma será acompanhada de cerca de 250 empresários brasileiros. Mas há dois problemas.
O primeiro é que cerca de 90% das exportações ao país são de minério de ferro, soja, petróleo e celulose. Equivale a afirmar que o Brasil vende matéria-prima ao país e compra manufaturados dos EUA. O segundo problema é que o Brasil tem perdido mercado nos países ou regiões onde a China entra agressivamente. O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, disse que o Brasil corre o risco de sofrer da "doença holandesa" caso não haja investimentos na sua área. O termo vem do efeito negativo do aumento da exploração dos recursos naturais na produção manufatureira. Mercadante foi o primeiro integrante do alto escalão da comitiva brasileira a chegar à China. Ele anunciou acordos nas áreas de nanotecnologia e de "tecnologia do bambu" -usado em produtos como invólucros para laptops.
Apesar de reconhecer a China como "economia de mercado" ainda no primeiro governo Lula, em 2004, o Brasil até hoje não oficializou essa posição, alegando dificuldades burocráticas. A demora, porém, se deve a pressões da iniciativa privada. O Brasil está otimista em fechar uma grande venda de aviões da Embraer para a China e obter autorização para exportar carne de porco ao maior mercado consumidor desse produto no mundo. Além disso, Brasília e Washington têm discutido uma crítica comum ao câmbio artificialmente baixo da moeda chinesa, o yuan, que potencializa as vantagens do país.
Além da agenda bilateral com o dirigente máximo chinês, Hu Jintao, que começa amanhã, Dilma participará da Cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), marcada para quinta-feira. A cúpula é saudada pelo Planalto e pelo Itamaraty como mais um passo da China para fugir de um "G-2" -com os EUA- e tentar fortalecer posições com emergentes.
DIREITOS HUMANOS
Há, porém, um ponto da agenda que ainda não está definido: como Dilma, ex-presa política torturada pela ditadura militar (1964-1985), vai tratar a prisão do prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo e o desaparecimento do artista e ativista Ai Weiwei. Ambos são dissidentes do regime. O Itamaraty orientou Dilma a ignorar o tema, que cabe em fóruns multilaterais, não em visitas bilaterais. Mas não descarta a hipótese de Dilma conduzir a questão ao seu jeito, já que o Brasil tem feito inflexão importante na área de direitos humanos.
Fonte: Folha
O primeiro é que cerca de 90% das exportações ao país são de minério de ferro, soja, petróleo e celulose. Equivale a afirmar que o Brasil vende matéria-prima ao país e compra manufaturados dos EUA. O segundo problema é que o Brasil tem perdido mercado nos países ou regiões onde a China entra agressivamente. O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, disse que o Brasil corre o risco de sofrer da "doença holandesa" caso não haja investimentos na sua área. O termo vem do efeito negativo do aumento da exploração dos recursos naturais na produção manufatureira. Mercadante foi o primeiro integrante do alto escalão da comitiva brasileira a chegar à China. Ele anunciou acordos nas áreas de nanotecnologia e de "tecnologia do bambu" -usado em produtos como invólucros para laptops.
Apesar de reconhecer a China como "economia de mercado" ainda no primeiro governo Lula, em 2004, o Brasil até hoje não oficializou essa posição, alegando dificuldades burocráticas. A demora, porém, se deve a pressões da iniciativa privada. O Brasil está otimista em fechar uma grande venda de aviões da Embraer para a China e obter autorização para exportar carne de porco ao maior mercado consumidor desse produto no mundo. Além disso, Brasília e Washington têm discutido uma crítica comum ao câmbio artificialmente baixo da moeda chinesa, o yuan, que potencializa as vantagens do país.
Além da agenda bilateral com o dirigente máximo chinês, Hu Jintao, que começa amanhã, Dilma participará da Cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), marcada para quinta-feira. A cúpula é saudada pelo Planalto e pelo Itamaraty como mais um passo da China para fugir de um "G-2" -com os EUA- e tentar fortalecer posições com emergentes.
DIREITOS HUMANOS
Há, porém, um ponto da agenda que ainda não está definido: como Dilma, ex-presa política torturada pela ditadura militar (1964-1985), vai tratar a prisão do prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo e o desaparecimento do artista e ativista Ai Weiwei. Ambos são dissidentes do regime. O Itamaraty orientou Dilma a ignorar o tema, que cabe em fóruns multilaterais, não em visitas bilaterais. Mas não descarta a hipótese de Dilma conduzir a questão ao seu jeito, já que o Brasil tem feito inflexão importante na área de direitos humanos.
Fonte: Folha
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