Reunidos no centro de eventos do Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre, mais de 500 militares, especialistas em geopolítica e acadêmicos vão discutir, no dia 28, o futuro das Forças Armadas. O debate vai ser sobre que conteúdo deve ter o Livro Branco da Defesa Nacional, um compêndio que revelará ao mundo uma radiografia das forças brasileiras e explicitará quais são os seus planos.
Esse livro será editado pelo Ministério da Defesa e atualizado a cada quatro anos, com projeções de orçamento e de carências. O ministro Nelson Jobim deve abrir o seminário de Porto Alegre.
–Vai virar objeto de culto. Será a bíblia dos milicos – compara, com bom humor, um oficial do exército.
Obras similares ao Livro Branco existem em países como França, Argentina, Canadá, Chile, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Peru e Uruguai. No mês passado, em um seminário sobre o tema em Campo Grande, o general Alberto Cardoso, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, defendeu em palestra a implantação imediata do documento:
– É uma declaração de princípios sobre como o Brasil deve encarar suas Forças Armadas, e permite que outros países conquistem a confiança em relação ao Brasil. Eles perceberão que o Brasil elaborou um documento em que coloca com clareza os dados referentes à sua defesa.
O Livro Branco da Defesa Nacional vai nascer das conclusões tiradas em seis seminários realizados em diferentes partes do país. A exemplo de Porto Alegre, outras quatro capitais terão eventos similares. O sexto seminário será um grande encontro internacional a ser realizado no Rio de Janeiro. No caso de Porto Alegre, a temática será O Ambiente Estratégico do Século 21.
– Teremos oito palestrantes, que falarão de temas como estratégias de defesa, participação em missões de paz, o contexto estratégico sul-americano e a política nuclear brasileira – antecipa o capitão-de-mar-e-guerra Paulo Sérgio Romano Pieper, encarregado pelo Ministério da Defesa de preparar o seminário da capital gaúcha.
O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), autor da proposta de criação do Livro Branco, define o documento como “um glossário dos militares”.
Isso significa que ele vai descrever os tipos de armas, os veículos, os navios, os aviões e as tecnologias empregadas. Segundo o parlamentar de Pernambuco, servirá de dissuasão contra possíveis adversários, mas também poderá mostrar aos outros países como a política do Brasil é pacifista.
Previsão é de que primeira edição fique pronta em 2012
Na realidade, o Livro Branco da Defesa Nacional será uma arma dos militares contra as trocas de governo e os cortes orçamentários frequentes. Estará tudo ali, para ser lembrado – e cobrado – dos governantes.
O compêndio será elaborado por um grupo interministerial criado por decreto pela presidente Dilma Rousseff.
A publicação deverá ser enviada ao Congresso Nacional e votada a cada quatro anos. Pelo decreto, o grupo de trabalho vai se reunir a cada três meses. A previsão, otimista, é de que a primeira edição do Livro Branco seja publicada em 2012.
A importância do documento é salientada por outro participante do seminário realizado em Campo Grande, o brigadeiro-do-ar (reservista) Delano Teixeira Menezes:
– Ele vai dar forma à Estratégia Nacional de Defesa. Isso com contribuição da sociedade, por meio dos seminários e até pela internet.
Fonte: Zero Hora
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