As forças de segurança sírias abriram fogo e dispararam bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes nesta sexta-feira, matando ao menos 27 pessoas em um dos dias mais sangrentos de protestos contra o ditador Bashar Assad.
Os manifestantes lotaram as ruas após as preces muçulmanas em, no mínimo, nove grandes cidades do país, em um sinal de que as tentativas do governo de controlar os protestos haviam falhado.
"Balas começaram a cair sobre as nossas cabeças como uma chuva forte", disse uma testemunha em Izraa, vilarejo no sudeste da província da Daraa, a mesma região onde a rebelião contra a ditadura começou, no meio de março.
Assim que os protestantes se dispersaram, a extensão do derramamento de sangue começou a aparecer. Fora da capital, testemunhas disseram ter visto no mínimo cinco corpos no hospital Hamdan. Todas tinham ferimentos a bala.
Em Daraa, outras pessoas relataram que no mínimo dez pessoas foram mortas quando manifestantes estavam indo rumo à sede da prefeitura em Izraa. Um garoto de 11 anos estava entre os mortos.
"Entre os mortos estava Anwar Moussa, que foi atingido na cabeça. Ele tinha 11", disse uma testemunha.
Um vídeo de protesto no Facebook mostra um homem carregando um garoto ensanguentado próximo a um edifício, enquanto outra criança pode ser ouvida gritando "meu irmão".
Ao menos oito pessoas foram mortas na cidade de Ezreh, no sudeste da província de Daraa, epicentro dos protestos pró-reforma e contra o regime iniciados em meados de março, de acordo com as fontes. Uma pessoa foi morta em Hirak, também na região de Daraa, enquanto duas morreram no nordeste de Damasco, no subúrbio de Douma.
Milhares de manifestantes protestaram na cidade de maioria curda Qamishli, no nordeste da Síria, enquanto protestos também ocorreram na cidade de Daraa e Banias, no norte do país.
A data de hoje foi classificada como a "Grande Sexta-Feira", uma denominação que tem conotações políticas e religiosas, porque assim se chama entre os cristãos do Oriente Médio a Sexta-Feira Santa.
Os grupos que convocaram os protestos querem que a data seja celebrada com uma presença em massa nas manifestações que estão convocadas depois das orações das 12h, a celebração religiosa semanal mais importante para os muçulmanos.
De fato, o logotipo utilizado por um grupo do Facebook onde se concentram as informações dos ativistas da oposição tem uma cruz e uma meia-lua unidas, com as cores da bandeira síria, sobre a frase "Al Gomaa al Azimaa (Grande Sexta-Feira) - 22 de abril".
De acordo com organismos de direitos humanos, cerca de 200 pessoas morreram desde que, em meados de março, se intensificaram os protestos políticos na Síria, que começaram em fevereiro.
CERCO DE SEGURANÇA
Damasco e outras cidades sírias amanheceram com fortes medidas de segurança devido aos protestos convocadas pela oposição para esta sexta-feira, um dia depois que o ditador Bashar al Assad anunciou a suspensão do estado de emergência no país.
A capital síria se encontrava, na manhã desta sexta,com forças policiais desdobradas em numerosos pontos da cidade, especialmente ao redor da praça Abasin, o principal ponto dos protestos políticos durante as últimas semanas.
Os acessos a Damasco estavam fechados, e o transporte a várias áreas estava proibido, segundo moradores contatados pela agência Efe e por fontes da oposição.
Uma situação parecida vivem as cidades de Homs (centro) e Deraa (sul), localidades nas quais foi registrado o maior número de vítimas durante os distúrbios gerados durante os protestos contra o regime de Assad.
Segundo a rede de televisão Al Jazeera, do Catar, participam dos controles de segurança soldados militares, policiais e agentes civis.
FIM DO ESTADO DE EMERGÊNCIA
Os protestos desta sexta ocorrem um dia depois que Al Assad assinou três decretos: a abolição da Lei de Emergência (em vigor desde 1963), a eliminação do Alto Tribunal da Segurança do Estado e novas normas para as manifestações pacíficas.
O estado de emergência -- que estava em vigor desde o golpe de Estado de 1963-- dava "carta branca" aos órgãos de segurança para reprimir dissidentes por meio da proibição da aglomeração de mais de cinco pessoas, prisões arbitrárias e julgamentos a portas fechadas, dizem membros da oposição.
Após o anúncio da suspensão, uma multidão foi às ruas da cidade de Banias, e líderes opositores disseram que irão agir para que outras exigências seja, atendidas, como a libertação de presos políticos, liberdade de expressão e a instauração de um sistema multipartidário.
"Esta medida é apenas conversa. Os protestos irão continuar até que todas as exigências sejam cumpridas, ou que o regime caia", disse o líder oposicionista Haitham Maleh, juiz aposentado de 80 anos.
Os protestos representam o maior desafio já enfrentado por Assad, que assumiu a Presidência em 2.000 depois que seu pai, Hafez al Assad, morreu após 30 anos no poder.
Países ocidentais vêm condenando a violência mas não mostram sinais de que agirão contra Assad, ator central na política do Oriente Médio que consolidou a aliança anti-Israel de seu pai com o Irã e apoia os grupos islâmicos Hamas e Hizbollah, enquanto mantém conversas de paz indiretas e intermitentes com Israel.
Fonte: Folha
Os manifestantes lotaram as ruas após as preces muçulmanas em, no mínimo, nove grandes cidades do país, em um sinal de que as tentativas do governo de controlar os protestos haviam falhado.
"Balas começaram a cair sobre as nossas cabeças como uma chuva forte", disse uma testemunha em Izraa, vilarejo no sudeste da província da Daraa, a mesma região onde a rebelião contra a ditadura começou, no meio de março.
Assim que os protestantes se dispersaram, a extensão do derramamento de sangue começou a aparecer. Fora da capital, testemunhas disseram ter visto no mínimo cinco corpos no hospital Hamdan. Todas tinham ferimentos a bala.
Em Daraa, outras pessoas relataram que no mínimo dez pessoas foram mortas quando manifestantes estavam indo rumo à sede da prefeitura em Izraa. Um garoto de 11 anos estava entre os mortos.
"Entre os mortos estava Anwar Moussa, que foi atingido na cabeça. Ele tinha 11", disse uma testemunha.
Um vídeo de protesto no Facebook mostra um homem carregando um garoto ensanguentado próximo a um edifício, enquanto outra criança pode ser ouvida gritando "meu irmão".
Ao menos oito pessoas foram mortas na cidade de Ezreh, no sudeste da província de Daraa, epicentro dos protestos pró-reforma e contra o regime iniciados em meados de março, de acordo com as fontes. Uma pessoa foi morta em Hirak, também na região de Daraa, enquanto duas morreram no nordeste de Damasco, no subúrbio de Douma.
Milhares de manifestantes protestaram na cidade de maioria curda Qamishli, no nordeste da Síria, enquanto protestos também ocorreram na cidade de Daraa e Banias, no norte do país.
A data de hoje foi classificada como a "Grande Sexta-Feira", uma denominação que tem conotações políticas e religiosas, porque assim se chama entre os cristãos do Oriente Médio a Sexta-Feira Santa.
Os grupos que convocaram os protestos querem que a data seja celebrada com uma presença em massa nas manifestações que estão convocadas depois das orações das 12h, a celebração religiosa semanal mais importante para os muçulmanos.
De fato, o logotipo utilizado por um grupo do Facebook onde se concentram as informações dos ativistas da oposição tem uma cruz e uma meia-lua unidas, com as cores da bandeira síria, sobre a frase "Al Gomaa al Azimaa (Grande Sexta-Feira) - 22 de abril".
De acordo com organismos de direitos humanos, cerca de 200 pessoas morreram desde que, em meados de março, se intensificaram os protestos políticos na Síria, que começaram em fevereiro.
CERCO DE SEGURANÇA
Damasco e outras cidades sírias amanheceram com fortes medidas de segurança devido aos protestos convocadas pela oposição para esta sexta-feira, um dia depois que o ditador Bashar al Assad anunciou a suspensão do estado de emergência no país.
A capital síria se encontrava, na manhã desta sexta,com forças policiais desdobradas em numerosos pontos da cidade, especialmente ao redor da praça Abasin, o principal ponto dos protestos políticos durante as últimas semanas.
Os acessos a Damasco estavam fechados, e o transporte a várias áreas estava proibido, segundo moradores contatados pela agência Efe e por fontes da oposição.
Uma situação parecida vivem as cidades de Homs (centro) e Deraa (sul), localidades nas quais foi registrado o maior número de vítimas durante os distúrbios gerados durante os protestos contra o regime de Assad.
Segundo a rede de televisão Al Jazeera, do Catar, participam dos controles de segurança soldados militares, policiais e agentes civis.
FIM DO ESTADO DE EMERGÊNCIA
Os protestos desta sexta ocorrem um dia depois que Al Assad assinou três decretos: a abolição da Lei de Emergência (em vigor desde 1963), a eliminação do Alto Tribunal da Segurança do Estado e novas normas para as manifestações pacíficas.
O estado de emergência -- que estava em vigor desde o golpe de Estado de 1963-- dava "carta branca" aos órgãos de segurança para reprimir dissidentes por meio da proibição da aglomeração de mais de cinco pessoas, prisões arbitrárias e julgamentos a portas fechadas, dizem membros da oposição.
Após o anúncio da suspensão, uma multidão foi às ruas da cidade de Banias, e líderes opositores disseram que irão agir para que outras exigências seja, atendidas, como a libertação de presos políticos, liberdade de expressão e a instauração de um sistema multipartidário.
"Esta medida é apenas conversa. Os protestos irão continuar até que todas as exigências sejam cumpridas, ou que o regime caia", disse o líder oposicionista Haitham Maleh, juiz aposentado de 80 anos.
Os protestos representam o maior desafio já enfrentado por Assad, que assumiu a Presidência em 2.000 depois que seu pai, Hafez al Assad, morreu após 30 anos no poder.
Países ocidentais vêm condenando a violência mas não mostram sinais de que agirão contra Assad, ator central na política do Oriente Médio que consolidou a aliança anti-Israel de seu pai com o Irã e apoia os grupos islâmicos Hamas e Hizbollah, enquanto mantém conversas de paz indiretas e intermitentes com Israel.
Fonte: Folha
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