Documentos secretos do governo brasileiro liberados este mês revelam que, 22 dias depois do ataque de oito terroristas à Vila Olímpica de Munique, durante a realização dos Jogos Olímpicos em setembro de 1972, uma carta-bomba foi enviada ao Consulado de Israel no Rio de Janeiro. Encontrado por um funcionário dos Correios, o explosivo não chegou a ser detonado. No envelope, além de um cartão de felicitações, havia um panfleto escrito em árabe e em inglês, supostamente assinado pela Organização Setembro Negro — o mesmo grupo que cometeu o atentado contra os competidores israelenses na Alemanha. Na época, dois atletas morreram no alojamento onde estavam e outros nove foram executados durante a fuga dos terroristas.
A carta-bomba era endereçada a um diplomata israelense que já não se encontrava mais no Brasil. O documento não revela a origem da postagem do explosivo, mas chegou ao posto dos Correios no Largo do Machado, bairro do Flamengo, no Rio. O envelope retangular tinha cerca de 22cm de largura e 11cm de altura, mas não há referências sobre o seu peso. “Era sensível à apalpação a existência, em seu interior, de um retângulo de cartolina de 20,5cm x 10,4cm, o qual se verificou depois ser um cartão de felicitações de aniversário”, relataram oficiais da Divisão de Informações de Segurança (DIS), do Comando da 1ª Zona Aérea, em um documento confidencial.
O cartão serviria — pelas explicações contidas no relatório secreto — para ocultar uma massa plástica explosiva. “As chapas de raios X indicaram objeto (…) no qual observava-se: arame, peça que, posteriormente, verificou-se conter em seu interior um percussor (peça metálica) acionado por mola, cujo movimento é retido por um balancim, o qual, se movimentado, libera a ação do percussor sobre uma espoleta”, relatam os investigadores, ressaltando que, dentro do envelope, havia um saco com sílica gel, para preservar a umidade do explosivo.
O panfleto, assinado pela Organização Setembro Negro, um dos grupos terroristas mais ativos naquela época, dizia que a ação representava uma “represália à invasão de sua casa à nossa terra e de nossos irmãos” e tratava-se de uma “represália à sua perseguição, maus-tratos e assassinato em massa do nosso povo. Vamos atormentá-lo (…) e você pagará o preço onde quer que vá”. Segundo o documento — que faz parte do acervo entregue pelo Centro de Informações da Aeronáutica (Cisa) ao Arquivo Naciona2, em Brasília — a carta-bomba foi desarmada por órgãos da Secretaria de Segurança Pública do Rio.
Alerta
A ação terrorista em território brasileiro deixou o governo em alerta contra ataques não apenas a instituições diplomáticas estrangeiras, mas também a estabelecimentos públicos. Os Correios chegaram a criar regras de manuseio de correspondência, que foram difundidas aos órgãos de informação. “Estima-se que a utilização de cartas explosivas poderá vir a estender-se a outros grupos políticos”, ressaltaram os oficiais da Aeronáutica. “Portanto, que todos os conhecimentos de ações para a localização dos dispositivos em tela devem ser desenvolvidas o mais rápido possível”, observaram os militares.
Massacre de Munique
Em 5 de setembro de 1972, a Organização Setembro Negro foi responsável por um ataque terrorista que chocou o mundo. Oito integrantes do grupo invadiram a Vila Olímpica de Munique durante a realização das Olimpíadas e atacaram os atletas de Israel. Durante o episódio, 11 desportistas israelenses foram assassinados pelos ativistas árabes. Cinco terroristas e um agente da polícia alemã também morreram no incidente, que ficou conhecido como o Massacre de Munique.
Militantes palestinos
O nome da Organização Setembro Negro é uma referência à data de um dos maiores ataques da Jordânia contra palestinos — que teve início em 16 de setembro de 1970, após a tentativa de um golpe de estado — e resultou na morte de cerca de 10 mil pessoas. Esse grupo de militantes palestinos foi responsável por vários atentados há quatro décadas. Entre as ações, houve ataques a embaixadas, sabotagem a fábricas e até mesmo o sequestro de um avião comercial que voava da Bélgica para Israel. Apesar de há tempos não haver ações atribuídas ao grupo, até hoje o Setembro Negro faz parte da lista de organizações consideradas terroristas pela União Europeia.
Fonte: Correio Braziliense
A carta-bomba era endereçada a um diplomata israelense que já não se encontrava mais no Brasil. O documento não revela a origem da postagem do explosivo, mas chegou ao posto dos Correios no Largo do Machado, bairro do Flamengo, no Rio. O envelope retangular tinha cerca de 22cm de largura e 11cm de altura, mas não há referências sobre o seu peso. “Era sensível à apalpação a existência, em seu interior, de um retângulo de cartolina de 20,5cm x 10,4cm, o qual se verificou depois ser um cartão de felicitações de aniversário”, relataram oficiais da Divisão de Informações de Segurança (DIS), do Comando da 1ª Zona Aérea, em um documento confidencial.
O cartão serviria — pelas explicações contidas no relatório secreto — para ocultar uma massa plástica explosiva. “As chapas de raios X indicaram objeto (…) no qual observava-se: arame, peça que, posteriormente, verificou-se conter em seu interior um percussor (peça metálica) acionado por mola, cujo movimento é retido por um balancim, o qual, se movimentado, libera a ação do percussor sobre uma espoleta”, relatam os investigadores, ressaltando que, dentro do envelope, havia um saco com sílica gel, para preservar a umidade do explosivo.
O panfleto, assinado pela Organização Setembro Negro, um dos grupos terroristas mais ativos naquela época, dizia que a ação representava uma “represália à invasão de sua casa à nossa terra e de nossos irmãos” e tratava-se de uma “represália à sua perseguição, maus-tratos e assassinato em massa do nosso povo. Vamos atormentá-lo (…) e você pagará o preço onde quer que vá”. Segundo o documento — que faz parte do acervo entregue pelo Centro de Informações da Aeronáutica (Cisa) ao Arquivo Naciona2, em Brasília — a carta-bomba foi desarmada por órgãos da Secretaria de Segurança Pública do Rio.
Alerta
A ação terrorista em território brasileiro deixou o governo em alerta contra ataques não apenas a instituições diplomáticas estrangeiras, mas também a estabelecimentos públicos. Os Correios chegaram a criar regras de manuseio de correspondência, que foram difundidas aos órgãos de informação. “Estima-se que a utilização de cartas explosivas poderá vir a estender-se a outros grupos políticos”, ressaltaram os oficiais da Aeronáutica. “Portanto, que todos os conhecimentos de ações para a localização dos dispositivos em tela devem ser desenvolvidas o mais rápido possível”, observaram os militares.
Massacre de Munique
Em 5 de setembro de 1972, a Organização Setembro Negro foi responsável por um ataque terrorista que chocou o mundo. Oito integrantes do grupo invadiram a Vila Olímpica de Munique durante a realização das Olimpíadas e atacaram os atletas de Israel. Durante o episódio, 11 desportistas israelenses foram assassinados pelos ativistas árabes. Cinco terroristas e um agente da polícia alemã também morreram no incidente, que ficou conhecido como o Massacre de Munique.
Militantes palestinos
O nome da Organização Setembro Negro é uma referência à data de um dos maiores ataques da Jordânia contra palestinos — que teve início em 16 de setembro de 1970, após a tentativa de um golpe de estado — e resultou na morte de cerca de 10 mil pessoas. Esse grupo de militantes palestinos foi responsável por vários atentados há quatro décadas. Entre as ações, houve ataques a embaixadas, sabotagem a fábricas e até mesmo o sequestro de um avião comercial que voava da Bélgica para Israel. Apesar de há tempos não haver ações atribuídas ao grupo, até hoje o Setembro Negro faz parte da lista de organizações consideradas terroristas pela União Europeia.
Fonte: Correio Braziliense
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