quinta-feira, 31 de março de 2011

Especial: Dilma e Lula em Portugal

A presidente Dilma Rousseff encerrou antecipadamente a sua visita a Portugal devido a notícia confirmada da morte do ex vice presidente e amigo, José Alencar. Dilma estava em visitava oficial ao país e se preparava-se para dirigir-se a Coimbra, para participar da cerimônia que Laurearia o Ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o título de Doutor Honoris causa em direito pela Universidade de Coimbra, quando soube da notícia do falecimento do ex vice presidente José Alencar.

Dilma e Lula ficaram abalados publicamente e expressaram profunda tristeza pela perca do amigo que lutava a anos contra o câncer, Lula que dedicou o título ao Ex-presidente e amigo ficou emocionado com a homenagem prestada por muitos estudantes e jovens, em sua maioria estudantes brasileiros residentes em Portugal que seguiam o cortejo prestando tanto homenagem ao Laureado, quanto a presidente Dilma Roussef.

Dilma acenou e até parou para receber um grupo de alunos que eufóricos faziam festa pela visita da Presidente ao país e a Universidade que abriga mais de 1500 estudantes brasileiros ( incluso o autor).

Apesar da segurança reforçada, não houveram incidentes, os agentes Brasileiros e seus colegas portugueses garantiram a tranqüilidade do evento. Assim, Dilma e Lula mostraram bastante descontração e circularam livremente cumprimentando os presentes e até cedendo autógrafos a multidão. A vontade Dilma, Lula, o presidente Português Cavaco Silva e o Primeiro Ministro demissionário Português, José Sócrates, agradeceram aos estudantes e seguiram para seus destinos após a conclusão das atividades.

A Universidade de Coimbra é uma das 3 mais antigas universidades da Europa e a faculdade de direito é considerada uma das quatro mais importantes do Mundo.

O título dado a Lula soma-se a mitos outros concedidos aos ex líderes brasileiros em reconhecimento aos seus trabalhos e são frutos dos reconhecimentos dos quais nossos líderes tem galgado no cenário internacional.

Em Portugal, Lula dedica título “honoris causa” a Alencar

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dedicou o prêmio recebido na Universidade de Coimbra ao amigo José Alencar. Depois da cerimônia, Lula voltou ao Brasil acompanhado da presidente Dilma Rousseff.

Os brasileiros que estudam na Universidade de Coimbra recepcionaram o ex-presidente. Seguindo a tradição, eles colocaram as capas pretas no chão para que servissem de tapete durante a passagem de Lula.

Assim começou o dia em que o ex-presidente Lula receberia o titulo de Doutor Honoris Causa. Um dia especial para Lula com sentimentos diferentes misturados. Alegria pela homenagem, tristeza pela morte de José Alencar.

Dilma Rousseff chegou logo depois. Foi recebida pelo presidente de Portugal Cavaco Silva e pelo primeiro ministro José Sócrates. Além da festa dos estudantes brasileiros, encontrou manifestantes contrários à construção da usina de Belo Monte.

A cerimonia começou com o cortejo colorido. Lula e Dilma deixaram a biblioteca ao lado dos doutores de Coimbra. O ex-presidente foi o primeiro a discursar. Lembrou das conquistas sociais e econômicas do governo dele e fez questão de prestar homenagem ao ex-vice-presidente José Alencar.

Em latim, lula ouviu a titulação. Recebeu o anel de doutor e colocou a borla – chapéu que representa sabedoria. Logo após a cerimônia, Lula e Dilma tomaram um avião para Lisboa, de onde partiram de volta ao Brasil para acompanhar o velório do ex-vice-presidente José Alencar.

Críticas ao mundo desenvolvido e apoio a Portugal dominaram viagem de Dilma

Os três dias de viagem a Portugal da presidente Dilma e de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, que acabou encurtada pela morte de José Alencar, teve duas constantes: críticas aos países desenvolvidos e às instituições multilaterais e a possibilidade de o Brasil ajudar os portugueses a saírem da crise financeira. Nenhuma decisão concreta, porém, foi anunciada publicamente.

Lula deu o tom do que falaria logo na segunda-feira à noite, após um jantar com o premiê José Sócrates e o ex-presidente Mario Soares, ambos do Partido Socialista. Com Portugal muito próximo de tornar-se o terceiro país da zona euro a sofrer intervenção pelo FMI, Lula fez críticas ao fundo.

“O FMI não resolve o problema de Portugal, como não resolveu o problema do Brasil, como não resolveu outros problemas. Toda a vez que o FMI tentou cuidar das dívidas dos países, o FMI criou mais problemas do que soluções”, disse.

Na terça, após receber o prêmio Norte Sul do Conselho Europeu, o ex-presidente voltou ao tema da crise portuguesa. Dessa vez, o alvo foi a forma como o núcleo duro da Europa deixou, em sua opinião, que a especulação financeira se espalhasse pelos países mais fracos da União.

“Acho que o chamado bloco economicamente mais forte da Europa demorou para ajudar a Grécia. Demorou muito tempo, permitiu que a especulação migrasse para outros países e eu não acho isso correto”, afirmou. Lula defendeu também que os bancos europeus deveriam colocar dinheiro o mais rápido possível sem cobrar “as taxas de juros exorbitantes que estão querendo cobrar.”

A especulação financeira já tinha sido seu alvo um pouco antes, durante o discurso no Parlamento na entrega do prêmio. Para Lula, ela é causa, juntamente com uma ordem econômica internacional injusta, de rancores e mesmo de xenofobia. Lula ainda considerou “frouxos” os parâmetros de regulação do sistema, e atacou a especulação sobre commodities.

As barreiras comerciais foram outro tema comum. Dilma, em entrevista a uma TV portuguesa que foi ao ar no dia de sua chegada, falou sobre a triangulação que o Brasil está fazendo para driblar o protecionismo norte-americano. “Uma das formas de você chegar nos Estados Unidos pode se dar de maneira mais longa. Pode exportar para a China e ela exportar para os EUA.” A China é hoje o principal parceiro comercial brasileiro.

Já Lula foi mais direto. Defendeu o avanço da Rodada de Doha, com redução e mesmo a extinção das barreiras comerciais.

Conselho de Segurança
Portugal, que hoje também ocupa uma cadeira rotativa no Conselho de Segurança da ONU, é defensor de uma vaga permanente para o Brasil. Com o assunto na pauta de Dilma, Lula partiu para o ataque sobre a falta de representatividade da instituição.

Em seus dois discursos em solo português – durante o prêmio Norte Sul e no doutoramento na Universidade de Coimbra – o ex-presidente defendeu a reforma do Conselho para refletir a nova geopolítica mundial.

Dilma também tratou do assunto. Na entrevista à TV afirmou que “o Brasil hoje é uma nação que, pela sua própria situação no mundo e pelo que atingiu, tem todas as condições de pleitear” o órgão.

Lula ainda criticou diretamente o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon. Perguntado se queria fazer parte da reforma da organização, o ex-mandatário negou. Mas disse que é preciso que o cargo seja ocupado por alguém mais “atuante que o atual”.

Dívida portuguesa

Na terça-feira, em meio à visita, a Standard & Poor’s baixou o rating dos títulos da dívida portuguesa pela segunda vez em uma semana, para “BBB-”. A notação é apenas um degrau acima do da chamada “lixo”, na qual se encontram os papéis da Grécia.

O fato veio aumentar a pressão, refletida pela imprensa portuguesa, para que o governo brasileiro comprasse os papéis portugueses. Lula pregou solidariedade a Portugal desde sua chegada, mas também que a questão deveria ser tratada diretamente com Dilma.

A presidente falou sobre o assunto na terça-feira à noite, mas sem dar uma definição. Disse que o Banco Central do Brasil, por regra, só compra títulos com notação triplo A – muito acima, portanto, da condição dos portugueses. Porém, abriu a possibilidade, afirmando que papéis pior avaliados podem ser comprados em outras condições, por exemplo, com uma garantia real.

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Fazenda para perguntar sobre montantes de títulos da dívida portuguesa detidos pelo Brasil, mas não obteve resposta. Em dezembro, o Ministro das Finanças de Portugal reuniu-se com seu colega brasileiro, Guido Mantega, para falar sobre o tema.

O premiê Sócrates e o presidente de Portugal, Cavaco Silva, evitaram a todo o custo tocar no assunto em Coimbra nesta quarta-feira (30/03). Sócrates afirmou que não gostaria de tratar de outra coisa que não o doutoramento de lula.

Abreviação

A morte do ex-vice-presidente José Alencar também veio abreviar a visita de Dilma a Portugal. Logo após a cerimônia de doutoramento de Lula, ela tomou um avião para Lisboa e, em seguida, partiu para o Brasil.

Pelo cronograma inicial, Dilma seria recebida hoje em um jantar pelo presidente da República. Nesse encontro, segundo o embaixador do Brasil em Portugal, Mário Vilalva, ela teria oportunidade para conversar com outras lideranças políticas. Entre elas, deveria estar o líder do Partido Social-Democrata, Pedro Passos Coelho, pré-candidato a premiê, e que pode substituir Sócrates nas eleições antecipadas, que deverão ser marcadas para junho.




Fonte: Plano Brasil com Agências de notícias - Parceiro GeoPolítica Brasil
Texto e foto: E.M. Pinto
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