Estamos assistindo diariamente noticias do que a grande mídia mundial vem classificando como “A revolução árabe” ou “crise no oriente médio”. Neste artigo eu quero trazer a tona algumas particularidades destes movimentos e uma visão da atual situação no oriente médio e norte da África com a situação delicada que se desenrola na Líbia do Cel. Kadafi.
Vamos retornar um pouco na linha do tempo e entender as causas que levaram ao movimento que prefiro conceituar como popular e não movimento “árabe” como muitos tem convencionado. Todos assistiram ou leu as notícias a respeito das manifestações que eclodiram na Tunísia ao fim do ano de 2010, para termos uma referência de datas e eventos, no dia 16 de dezembro de 2010, o jovem Mohammed Bouazizi de 26 anos, após não suportar a falta de emprego e a crise que afetava a Tunísia, ateou fogo ao próprio corpo como protesto aos supostos abusos do governo Tunisiano. Com a repercussão negativa contra o governo de Zine El Abidine Ben Ali, ditador que se perpetuava no poder a 23 anos. Com a eclosão das manifestações populares contra o regime de Bem Ali, assistimos no dia 14 de janeiro de 2011 a queda deste primeiro dominó com a saída de Ben Ali da Tunísia frente aos protestos que tomaram o país.
As manifestações que tiveram inicio na Tunísia se transformou no estopim de uma série de manifestações que tomaram o Oriente Médio, transformando o Egito do presidente Hosni Mubarak no segundo dominó após uma série de manifestações que se iniciaram dia 25 de janeiro com protesto da grande massa popular que tomaram as ruas da capital Cairo e se alastrando pelas demais cidades egípcias. O governo do ditador Mubarak empreendeu uma violenta repressão as manifestações, mas que não obteve êxito, pois os próprios comandantes militares sucumbiram à onda de protestos assumindo um papel de interlocutores, mantendo uma relativa estabilidade diante das manifestações após confrontos que resultaram na morte de muitos manifestantes, evitando com essa postura que continuasse derramamento desnecessário de sangue e mortes de civis egípcios. No dia 11 de fevereiro de 2011 caia o governo de Hosni Mubarak, o Egito de via livre do governo que durara 30 anos.
Em um efeito dominó irrompeu em diversos países do Médio Oriente manifestações, alguns em pequena escala e outros com grande participação das massas e sofrendo pesada repressão por parte de seus governos. Para não delongar muito este artigo e torná-lo o mais objetivo e direto eu vou citar algumas nações e pontuando algumas situações marcantes. São eles: Síria, Líbano, Irã, Argélia, Palestina, Kuwait, Jordânia, Iêmen, Bahrein, Arábia Saudita e Líbia entre outros.
Após os movimentos tunisianos e egípcios podemos pontuar a dimensão que tomaram os movimentos em outros dois países, o Iêmen e o Bahrein, onde temos uma grande participação da população civil contra o governo e que sofre uma pesada repressão. A questão Líbia iremos abordar a frente por não se enquadrar no mesmo contexto, apesar do fato de tentarem a todo custo nos fazer acreditar que sim.
No Bahrein as manifestações contra a monarquia tiveram inicio em 14 de fevereiro, inspirados pelo sucesso dos movimentos na Tunísia e Egito, a população tomou as ruas e paralisaram o país. Aqui vale ressaltar que o Bahrein é um grande aliado dos EUA, sendo base da 5ª Frota da Marinha americana. Os protestos que tiveram uma postura civil e desarmada sofreram uma pesada repressão por parte do Rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, que admitiu o ingresso de tropas sauditas em seu território para combater as manifestações, gerando um banho de sangue que tem sido ignorado pelo Ocidente.
No Iêmen a situação também é delicada, pois o governo do ditador Ali Abdallah Saleh enfrenta de forma brutal as manifestações por mudanças no país. A população iemenita anseia por um novo governo após 32 anos de Saleh no poder. As manifestações tiveram inicio dia 21 de fevereiro seguindo a onda que podemos convencionar como “a queda dos dominós no Oriente Médio”, marcada pelo abuso claro do poder estatal contra seu povo ao vermos cenas de manifestantes desarmados sendo reprimidos com armas, resultando na morte a cada dia de mais civis inocentes, ao que vemos a paralisia inquietante por parte da ONU ao repreender as ações de Saleh contra seu povo.
Agora que desenhamos uma linha de tempo e os principais acontecimentos, vamos conhecer os fatores que resultaram nesta onde de manifestações no mundo Islâmico.
Primeiro quero desmistificar a alegação que muitos fazem no ocidente ligando o fenômeno ao Islã, pois é mais do que óbvio a qualquer observador dos fatos que não estamos assistindo uma revolta como a ocorrida no Irã dos anos 70, mas sim a uma movimentação de classes, onde o fator econômico é o principal locomotor dos fatos. Pois todos os acontecimentos podemos encapsular em uma abordagem mais laica e não fundamentalista como tenta promover muitas fontes de informação e notícia. Não estamos assistindo a um conflito de civilizações, a questão não é Ocidente x Oriente, mas sim as relações políticas e sociais internas nestes Estados geridos até o momento do inicio dos movimentos por ditadores ou monarcas, em geral que ascenderam ao poder ou se mantém no mesmo com apoio e pelo interesse do Ocidente, em especial o Hegemônico EUA que possui assim como seus parceiros europeus interesses energéticos nesta região.
Analisando hoje a situação econômica e social no Oriente Médio, temos o raios-X de governos que tem sido marcados pela corrupção e ingerência aos interesses e anseios de suas nações, o que por si só já alimenta o descontentamento interno e dá origem a oposicionistas e movimentos de classe. Mas temos mais ingredientes neste caldeirão fervilhante que se tornou o Oriente Médio. A crise econômica, o alto índice de desemprego, os baixos salários, a corrupção e a falta de liberdade política, o desgaste dos regimes totalitários e as condições difíceis de sobrevivência nestes países. Outro ponto que podemos ressaltar é que as nações produtoras de petróleo tem obtido um grande lucro com a exploração deste importante recurso, mas o mesmo não é sentido por sua população que carece e muito de medidas do Estado para suprir suas necessidades básicas. Notem o fato de que mesmo sendo países ricos, há um imenso abismo social. Uma curiosidade, na indústria petrolífera instalada em tais nações mais de 90% da mão de obra empregada são de estrangeiros.
Elencamos então as causas que resultaram nos movimentos, agora vamos observar o desenrolar geoestratégico que é importantíssimo para entendermos a atual crise Líbia.
A queda no Egito do aliado incondicional do ocidente Hosni Mubarak, gerou um certo desconforto e a incerteza do futuro nas relações com o Estado de Israel, uma vez que Mubarak sustentava uma posição de estabilidade nas fronteiras com Israel, contendo possíveis movimentações em prol de uma nova guerra contra o estado semita que algumas décadas atrás enfrentou uma guerra em suas fronteiras contra uma aliança árabe que contou, sobretudo com a ação egípcia, mas do qual conseguiu sair vencedor e até anexar novos territórios, como foi o caso das colinas Golã, Palestina, Jerusalém e Deserto do Sinai.
Hoje o desenho geoestratégico e político no Oriente Médio com manifestações populares geram desconforto á economia global, sobre tudo pelo risco de queda dos regimes que governam os principais produtores de petróleo, podendo culminar no comprometimento do abastecimento dos mercados mundiais e resultando no aumento vertiginoso do preço do petróleo, com isso gerando uma nova crise econômica mundial sem precedentes à qual os EUA e Europa não estariam imunes.
O caso Líbia
A Líbia não enfrenta uma manifestação pró democracia ou popular como tenta impor a mídia e os interesses europeus, mas enfrenta uma insurreição perpetrada por opositores de Kadafi instalados no leste do país, tendo como principal reduto a cidade de Benghazi. Observe a bandeira que ostentam, é a bandeira da monarquia, um governo corrupto e se “prostituia” aos interesses estrangeiros.
Tal movimento não é novo, o que vemos é um aproveitamento do plano de fundo da atual conjuntura no Oriente Médio como argumento para a derrubada de Kadafi por seus opositores. Lembrando que esta oposição foi semeada há anos pelos EUA e seus aliados, quando Kadafi era tido como um inimigo do Ocidente.
A posição que Kadafi adotou na última década marcou uma mudança em seu status mundial, sendo retirado da lista negra do terrorismo e tendo estabelecido importantes relações comerciais com seus antigos inimigos. Mas o que temos presenciado? É o que esta provavelmente se perguntando, e peço que antes de adotar uma posição pró ou contra Kadafi, que analise alguns fatores que irei expor aqui a fim de trazer uma luz à questão.
Diferente das manifestações que acompanhamos na Tunísia, Egito, Bahrein, Iêmen e demais regiões, na Líbia assistimos desde um primeiro momento um levante armado, onde os próprios opositores vitimaram civis pró-Kadafi nas regiões dominadas pelos mesmo, fato esse ignorado pela mídia.
Kadafi possui apoio de mais de 80% da população, o que demonstra que não assistimos uma movimentação popular, mas sim a um confronto de cunho político interno que esta resultando em uma guerra civil, que esta sendo ignorada pela ONU, que insiste em classificar como uma repressão desproporcional de Kadafi contra o “povo” líbio.
No Norte da África a Líbia é um bastião de desenvolvimento social e econômico, o povo desfruta de uma excelente infraestrutura de educação e saúde, além do fato de ter os lucros do petróleo distribuídos entre a nação como forma de combate a corrupção. Os direitos humanos passaram a estar na pauta de Kadafi.
Há no momento uma guerra de informação-contra informação, a mídia anuncia ataques pesados contra civis, o que não é comprovado, os bombardeios conduzidos pelas tropas leais a Kadafi tiveram como alvos paios de armas e concentrações de veículos militares deixados para trás pelo recuo no primeiro momento pelas tropas leais ao estado. Mas porque vemos uma condenação mundial contra Kadafi?
Os interesses europeus e americanos são o principal motivador. Com a queda de Mubarak e o futuro incerto do Egito com a ascensão da Irmandade Islâmica, é preciso possuir meios de pressionar o Egito em favor dos interesses ocidentais. A Líbia possui uma posição estratégica nesta questão, além de possuir uma grande reserva de petróleo que abastece grande parte da Europa, e Kadafi não é tido como um aliado confiável, somando a estes fatores com o inicio da insurreição na Líbia, a Europa viu seu abastecimento comprometido. Partindo então para um manobra junto a ONU em prol de uma intervenção na Líbia alegando interesse humanitário para resguardar a vida de civis. Aqui eu levanto algumas questões, se o intuito da OTAN é defender a vida dos “manifestantes”, porque nada é feito em relação ao que esta ocorrendo no Bahrein e Iêmen? Será que o fato de tropas sauditas e bareinitas massacrando civis no Bahrein e a repressão sangrenta orquestrada por Saleh contra civis desarmados não é motivo suficiente para uma intervenção?
Na líbia temos a configuração não de um massacre, mas de uma guerra civil, onde ambos os lados possuem potencial bélico, mesmo que em escala diferente. Tornando ilegal e criminosa qualquer tentativa de uma intervenção estrangeira nos rumos que a Líbia esta buscando, afinal onde esta a liberdade que o ocidente tanto prega? Onde estão os direitos humanos frente aos bombardeios da OTAN que vitima os civis que se propôs a defender?
A operação iniciada como forma de estabelecer uma zona de segurança para a entrada de ajuda humanitária a população civil, não corresponde de fato ao que foi aprovado pela resolução da ONU. Pois o que vemos é uma operação que busca derrubar um governo legítimo apoiado pela maioria de seu povo. A missão é estabelecer uma zona de exclusão, não neutralizar as forças líbias e apoiar o movimento rebelde como temos assistido.
Os ataques da coalizão deveriam garantir a segurança de Benghazi, mas vemos ataques incessantes contra Trípoli, incluindo o palácio do governo por forças da OTAN e maciços ataques de artilharia por parte dos rebeldes, o qual é revidado pelas tropas de Kadafi.
O que eu vejo é o interesse ocidental em derrubar o governo líbio e instalar um novo governo fantoche, com isso mantendo influencia na região e controlando as reservas de petróleo líbias. A frente presenciaremos uma longa guerra, pois Kadafi conta com o apoio popular, muito diferente do que é dito na mídia, pois só vejo manifestantes pró Kadafi, não vejo o povo contra o seu líder, pois se assim fosse já teríamos tido um colapso do governo líbio e a ascensão de um novo governo.
Em minha opinião, que não é a de um especialista, mas de um observador e pesquisador dos assuntos que encapsulam a questão, acredito que vamos presenciar uma possível divisão territorial líbia caso Kadafi não consiga restabelecer o controle sobre o país caso os rebeldes continuem recebendo apoio da OTAN, ou teremos uma guerra longa que favorecerá uma crise do petróleo.
Em breve o GeoPolítica Brasil irá trazer novas questões e pontos a serem analisados, além de manter uma cobertura dos fatos atualizada e imparcial, buscando trazer um Oasis de conhecimento frente ao grande número de inverdades e tendencionismos que já é tão comum na mídia hoje.
Vamos retornar um pouco na linha do tempo e entender as causas que levaram ao movimento que prefiro conceituar como popular e não movimento “árabe” como muitos tem convencionado. Todos assistiram ou leu as notícias a respeito das manifestações que eclodiram na Tunísia ao fim do ano de 2010, para termos uma referência de datas e eventos, no dia 16 de dezembro de 2010, o jovem Mohammed Bouazizi de 26 anos, após não suportar a falta de emprego e a crise que afetava a Tunísia, ateou fogo ao próprio corpo como protesto aos supostos abusos do governo Tunisiano. Com a repercussão negativa contra o governo de Zine El Abidine Ben Ali, ditador que se perpetuava no poder a 23 anos. Com a eclosão das manifestações populares contra o regime de Bem Ali, assistimos no dia 14 de janeiro de 2011 a queda deste primeiro dominó com a saída de Ben Ali da Tunísia frente aos protestos que tomaram o país.
As manifestações que tiveram inicio na Tunísia se transformou no estopim de uma série de manifestações que tomaram o Oriente Médio, transformando o Egito do presidente Hosni Mubarak no segundo dominó após uma série de manifestações que se iniciaram dia 25 de janeiro com protesto da grande massa popular que tomaram as ruas da capital Cairo e se alastrando pelas demais cidades egípcias. O governo do ditador Mubarak empreendeu uma violenta repressão as manifestações, mas que não obteve êxito, pois os próprios comandantes militares sucumbiram à onda de protestos assumindo um papel de interlocutores, mantendo uma relativa estabilidade diante das manifestações após confrontos que resultaram na morte de muitos manifestantes, evitando com essa postura que continuasse derramamento desnecessário de sangue e mortes de civis egípcios. No dia 11 de fevereiro de 2011 caia o governo de Hosni Mubarak, o Egito de via livre do governo que durara 30 anos.
Em um efeito dominó irrompeu em diversos países do Médio Oriente manifestações, alguns em pequena escala e outros com grande participação das massas e sofrendo pesada repressão por parte de seus governos. Para não delongar muito este artigo e torná-lo o mais objetivo e direto eu vou citar algumas nações e pontuando algumas situações marcantes. São eles: Síria, Líbano, Irã, Argélia, Palestina, Kuwait, Jordânia, Iêmen, Bahrein, Arábia Saudita e Líbia entre outros.
Após os movimentos tunisianos e egípcios podemos pontuar a dimensão que tomaram os movimentos em outros dois países, o Iêmen e o Bahrein, onde temos uma grande participação da população civil contra o governo e que sofre uma pesada repressão. A questão Líbia iremos abordar a frente por não se enquadrar no mesmo contexto, apesar do fato de tentarem a todo custo nos fazer acreditar que sim.
No Bahrein as manifestações contra a monarquia tiveram inicio em 14 de fevereiro, inspirados pelo sucesso dos movimentos na Tunísia e Egito, a população tomou as ruas e paralisaram o país. Aqui vale ressaltar que o Bahrein é um grande aliado dos EUA, sendo base da 5ª Frota da Marinha americana. Os protestos que tiveram uma postura civil e desarmada sofreram uma pesada repressão por parte do Rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, que admitiu o ingresso de tropas sauditas em seu território para combater as manifestações, gerando um banho de sangue que tem sido ignorado pelo Ocidente.
No Iêmen a situação também é delicada, pois o governo do ditador Ali Abdallah Saleh enfrenta de forma brutal as manifestações por mudanças no país. A população iemenita anseia por um novo governo após 32 anos de Saleh no poder. As manifestações tiveram inicio dia 21 de fevereiro seguindo a onda que podemos convencionar como “a queda dos dominós no Oriente Médio”, marcada pelo abuso claro do poder estatal contra seu povo ao vermos cenas de manifestantes desarmados sendo reprimidos com armas, resultando na morte a cada dia de mais civis inocentes, ao que vemos a paralisia inquietante por parte da ONU ao repreender as ações de Saleh contra seu povo.
Agora que desenhamos uma linha de tempo e os principais acontecimentos, vamos conhecer os fatores que resultaram nesta onde de manifestações no mundo Islâmico.
Primeiro quero desmistificar a alegação que muitos fazem no ocidente ligando o fenômeno ao Islã, pois é mais do que óbvio a qualquer observador dos fatos que não estamos assistindo uma revolta como a ocorrida no Irã dos anos 70, mas sim a uma movimentação de classes, onde o fator econômico é o principal locomotor dos fatos. Pois todos os acontecimentos podemos encapsular em uma abordagem mais laica e não fundamentalista como tenta promover muitas fontes de informação e notícia. Não estamos assistindo a um conflito de civilizações, a questão não é Ocidente x Oriente, mas sim as relações políticas e sociais internas nestes Estados geridos até o momento do inicio dos movimentos por ditadores ou monarcas, em geral que ascenderam ao poder ou se mantém no mesmo com apoio e pelo interesse do Ocidente, em especial o Hegemônico EUA que possui assim como seus parceiros europeus interesses energéticos nesta região.
Analisando hoje a situação econômica e social no Oriente Médio, temos o raios-X de governos que tem sido marcados pela corrupção e ingerência aos interesses e anseios de suas nações, o que por si só já alimenta o descontentamento interno e dá origem a oposicionistas e movimentos de classe. Mas temos mais ingredientes neste caldeirão fervilhante que se tornou o Oriente Médio. A crise econômica, o alto índice de desemprego, os baixos salários, a corrupção e a falta de liberdade política, o desgaste dos regimes totalitários e as condições difíceis de sobrevivência nestes países. Outro ponto que podemos ressaltar é que as nações produtoras de petróleo tem obtido um grande lucro com a exploração deste importante recurso, mas o mesmo não é sentido por sua população que carece e muito de medidas do Estado para suprir suas necessidades básicas. Notem o fato de que mesmo sendo países ricos, há um imenso abismo social. Uma curiosidade, na indústria petrolífera instalada em tais nações mais de 90% da mão de obra empregada são de estrangeiros.
Elencamos então as causas que resultaram nos movimentos, agora vamos observar o desenrolar geoestratégico que é importantíssimo para entendermos a atual crise Líbia.
A queda no Egito do aliado incondicional do ocidente Hosni Mubarak, gerou um certo desconforto e a incerteza do futuro nas relações com o Estado de Israel, uma vez que Mubarak sustentava uma posição de estabilidade nas fronteiras com Israel, contendo possíveis movimentações em prol de uma nova guerra contra o estado semita que algumas décadas atrás enfrentou uma guerra em suas fronteiras contra uma aliança árabe que contou, sobretudo com a ação egípcia, mas do qual conseguiu sair vencedor e até anexar novos territórios, como foi o caso das colinas Golã, Palestina, Jerusalém e Deserto do Sinai.
Hoje o desenho geoestratégico e político no Oriente Médio com manifestações populares geram desconforto á economia global, sobre tudo pelo risco de queda dos regimes que governam os principais produtores de petróleo, podendo culminar no comprometimento do abastecimento dos mercados mundiais e resultando no aumento vertiginoso do preço do petróleo, com isso gerando uma nova crise econômica mundial sem precedentes à qual os EUA e Europa não estariam imunes.
O caso Líbia
A Líbia não enfrenta uma manifestação pró democracia ou popular como tenta impor a mídia e os interesses europeus, mas enfrenta uma insurreição perpetrada por opositores de Kadafi instalados no leste do país, tendo como principal reduto a cidade de Benghazi. Observe a bandeira que ostentam, é a bandeira da monarquia, um governo corrupto e se “prostituia” aos interesses estrangeiros.
Tal movimento não é novo, o que vemos é um aproveitamento do plano de fundo da atual conjuntura no Oriente Médio como argumento para a derrubada de Kadafi por seus opositores. Lembrando que esta oposição foi semeada há anos pelos EUA e seus aliados, quando Kadafi era tido como um inimigo do Ocidente.
A posição que Kadafi adotou na última década marcou uma mudança em seu status mundial, sendo retirado da lista negra do terrorismo e tendo estabelecido importantes relações comerciais com seus antigos inimigos. Mas o que temos presenciado? É o que esta provavelmente se perguntando, e peço que antes de adotar uma posição pró ou contra Kadafi, que analise alguns fatores que irei expor aqui a fim de trazer uma luz à questão.
Diferente das manifestações que acompanhamos na Tunísia, Egito, Bahrein, Iêmen e demais regiões, na Líbia assistimos desde um primeiro momento um levante armado, onde os próprios opositores vitimaram civis pró-Kadafi nas regiões dominadas pelos mesmo, fato esse ignorado pela mídia.
Kadafi possui apoio de mais de 80% da população, o que demonstra que não assistimos uma movimentação popular, mas sim a um confronto de cunho político interno que esta resultando em uma guerra civil, que esta sendo ignorada pela ONU, que insiste em classificar como uma repressão desproporcional de Kadafi contra o “povo” líbio.
No Norte da África a Líbia é um bastião de desenvolvimento social e econômico, o povo desfruta de uma excelente infraestrutura de educação e saúde, além do fato de ter os lucros do petróleo distribuídos entre a nação como forma de combate a corrupção. Os direitos humanos passaram a estar na pauta de Kadafi.
Há no momento uma guerra de informação-contra informação, a mídia anuncia ataques pesados contra civis, o que não é comprovado, os bombardeios conduzidos pelas tropas leais a Kadafi tiveram como alvos paios de armas e concentrações de veículos militares deixados para trás pelo recuo no primeiro momento pelas tropas leais ao estado. Mas porque vemos uma condenação mundial contra Kadafi?
Os interesses europeus e americanos são o principal motivador. Com a queda de Mubarak e o futuro incerto do Egito com a ascensão da Irmandade Islâmica, é preciso possuir meios de pressionar o Egito em favor dos interesses ocidentais. A Líbia possui uma posição estratégica nesta questão, além de possuir uma grande reserva de petróleo que abastece grande parte da Europa, e Kadafi não é tido como um aliado confiável, somando a estes fatores com o inicio da insurreição na Líbia, a Europa viu seu abastecimento comprometido. Partindo então para um manobra junto a ONU em prol de uma intervenção na Líbia alegando interesse humanitário para resguardar a vida de civis. Aqui eu levanto algumas questões, se o intuito da OTAN é defender a vida dos “manifestantes”, porque nada é feito em relação ao que esta ocorrendo no Bahrein e Iêmen? Será que o fato de tropas sauditas e bareinitas massacrando civis no Bahrein e a repressão sangrenta orquestrada por Saleh contra civis desarmados não é motivo suficiente para uma intervenção?
Na líbia temos a configuração não de um massacre, mas de uma guerra civil, onde ambos os lados possuem potencial bélico, mesmo que em escala diferente. Tornando ilegal e criminosa qualquer tentativa de uma intervenção estrangeira nos rumos que a Líbia esta buscando, afinal onde esta a liberdade que o ocidente tanto prega? Onde estão os direitos humanos frente aos bombardeios da OTAN que vitima os civis que se propôs a defender?
A operação iniciada como forma de estabelecer uma zona de segurança para a entrada de ajuda humanitária a população civil, não corresponde de fato ao que foi aprovado pela resolução da ONU. Pois o que vemos é uma operação que busca derrubar um governo legítimo apoiado pela maioria de seu povo. A missão é estabelecer uma zona de exclusão, não neutralizar as forças líbias e apoiar o movimento rebelde como temos assistido.
Os ataques da coalizão deveriam garantir a segurança de Benghazi, mas vemos ataques incessantes contra Trípoli, incluindo o palácio do governo por forças da OTAN e maciços ataques de artilharia por parte dos rebeldes, o qual é revidado pelas tropas de Kadafi.
O que eu vejo é o interesse ocidental em derrubar o governo líbio e instalar um novo governo fantoche, com isso mantendo influencia na região e controlando as reservas de petróleo líbias. A frente presenciaremos uma longa guerra, pois Kadafi conta com o apoio popular, muito diferente do que é dito na mídia, pois só vejo manifestantes pró Kadafi, não vejo o povo contra o seu líder, pois se assim fosse já teríamos tido um colapso do governo líbio e a ascensão de um novo governo.
Em minha opinião, que não é a de um especialista, mas de um observador e pesquisador dos assuntos que encapsulam a questão, acredito que vamos presenciar uma possível divisão territorial líbia caso Kadafi não consiga restabelecer o controle sobre o país caso os rebeldes continuem recebendo apoio da OTAN, ou teremos uma guerra longa que favorecerá uma crise do petróleo.
Em breve o GeoPolítica Brasil irá trazer novas questões e pontos a serem analisados, além de manter uma cobertura dos fatos atualizada e imparcial, buscando trazer um Oasis de conhecimento frente ao grande número de inverdades e tendencionismos que já é tão comum na mídia hoje.
Angelo D. Nicolaci
Editor GeoPolítica Brasil
Análise errada, amigo. Os acontecimentos estão além de religião ou economia. Porisso todos erram nas análises. Tudo é plano engendrado por pessoas das quais não posso citar, já que o mundo é ferrenhamente controlado. Também não tem nada a ver com interesses Americanos, Russos ou Chineses, a não ser que também estão reféns deste plano. E se eu citasse Iluminatis, Bilderbergs, Ovnis ou coisas do mesmo quilate também estaria sendo bastante modesto. Isto que está acontecendo é plano antigo.Há pelo menos 2000 anos que é tramado. Não se fala na Nete porque infelizmente o ser humano se tornou bastante covarde ou bem menos inteligente. O mundo não se resume em economia. Resume-se num ferrenho objetivo de alguns de uma etnia tomarem posse deste nosso mundo e fazer-nos escravos. Só e apenas isto. Sem muitos melodramas ou misticismos. Apenas isto.
ResponderExcluirGrande abraço.
O amigo fala da Biblia, concordo, mas aceito e parabenizo a analise do blog.
ResponderExcluirObrigado ao amigo leitor Ferreira Junior e ao amigo anônimo por sua participação com seus respectivos comentários.
ResponderExcluirNosso espaço é aberto para que todos possam expor aqui suas ideias e conhecimentos, espero sempre poder contar com a participação de vocês amigos leitores, pois a discussão enriquece o debate e nos acrescenta algo muito valioso, o conhecimento.
Abraços
Boa tarde gente;
ResponderExcluirFerreira e demais, desculpem-me se fui arrogante sem querer. É sério. detesto gente metida e não me tomem por um. Os conhecimentos de todos nós, juntados e peneirados, daria uma excelente fonte para pautarmos nossas decisões. Na verdade não falei da Bíblia, Ferreira. Entretento, de modo algum a desprezo. Falei de História Política. Sempre analiso só o que enxergo e apalpo. Só acredito no que posso tocar, portanto Xuxa nunca existiu.
Grande abraço a todos e tenham-me como amigo.