O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse nesta quarta-feira que a coalizão de forças internacionais que está lançando ataques na Líbia não tem o direito de armar os rebeldes que lutam contra as forças do líder líbio Muamar Khadafi.
A declaração aconteceu depois de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e outros líderes da coalizão que realiza ataques na Líbia indicarem que essa é uma possibilidade que está sendo analisada.
Lavrov disse ao canal de TV russo Rossiya 24, em Moscou, que a Rússia concorda com a posição da Otan de que, de acordo com a resolução 1973 da ONU, que autorizou a ofensiva, os ataques da coalizão têm como objetivo apenas proteger a população e não armá-la.
"Ouvimos declarações de que a coalizão não pretende tomar o lado de ninguém na guerra civil que está acontecendo na Líbia, mas vozes contraditórias também foram ouvidas. O ministro das Relações Exteriores francês disse que a França estava preparada para discutir o fornecimento de armas para a Líbia com os membros da coalizão”, explicou o chanceler.
“Imediatamente depois disso, o secretário-geral da Otan, (Anders) Fogh Rasmussen, disse que a operação na Líbia está sendo feita para proteger, mas não armar a população civil. Nós concordamos completamente com o secretário-geral."
Confusão
Lavrov disse ainda que a rapidez com que a resolução foi redigida e aprovada gerou a confusão sobre até onde vai sua área de atuação. A Rússia se absteve da votação da resolução no Conselho de Segurança da ONU.
"Nós propusemos uma redação específica, mas infelizmente os coautores (da resolução) estavam com pressa. Apesar disso - eu repito - a parte específica que descreve o modo como a força pode ser usada para defender os civis poderia ter sido consideravelmente melhorada."
Segundo o ministro russo, a "falta de clareza" da resolução é o motivo de que aconteçam "alguns incidentes ambíguos em termos da implementação dessa resolução pelos países que se ofereceram para colocá-la em prática".
Lavrov disse ainda que Moscou está contente que este assunto tenha sido discutido durante a cúpula internacional em Londres, mas que a Rússia ainda espera maiores esclarecimentos sobre as decisões que foram tomadas durante a reunião.
Encontro
Na terça-feira, cerca de 40 enviados dos países-membros da coalizão que realiza a ofensiva militar na Líbia, da Otan, da Liga Árabe e da ONU, se reuniram em Londres e prometeram manter a pressão para que Khadafi abandone o poder.
Durante o encontro, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton e, separadamente, o chanceler britânico, William Hague, sugeriram que a resolução da ONU autorizando a ação internacional na Líbia poderia permitir o envio de armas aos rebeldes.
Segundo Hillary, apesar de sanções aprovadas pela ONU proibirem o fornecimento de armas à Líbia, essa proibição não se aplica mais após a resolução 1973, que autorizou a ação militar e prevê o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea na Líbia e “todas as medidas necessárias” para proteger “civis e áreas habitadas por civis” de ataques por parte das forças do coronel Khadafi.
"É nossa interpretação que (a resolução do Conselho de Segurança da ONU) 1973 alterou e substituiu a proibição absoluta de armas para a Líbia", disse Hillary.
Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro britânico David Cameron reforçou a mesma ideia durante seu discurso no parlamento.
"A resolução 1973 da ONU autoriza todas as medidas necessárias para proteger civis e áreas habitadas por civis, e nossa visão é a de que isso não necessariamente exclui a provisão de assistência àqueles que protegem os civis em certas circunstâncias, disse.
Também nesta quarta-feira, Hague anunciou que cinco diplomatas líbios, incluindo o adido militar do país, estão sendo expulsos da França.
Segundo oficiais britânicos, eles estariam assediando membros da oposição líbia da Grã-Bretanha.
Fonte: BBC Brasil
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