terça-feira, 22 de março de 2011

França diz que saída de ditador do Iêmen é "inevitável"


O ministro de Relações Exteriores francês, Alain Juppé, afirmou nesta segunda-feira em Bruxelas que a saída do ditador iemenita, Ali Abdullah Saleh, é "inevitável" depois das sucessivas demissões de integrantes de seu governo, que se uniram aos opositores.

"Apoiamos as aspirações deste povo pela liberdade e pela democracia", disse Juppé em entrevista coletiva ao término de um Conselho de Ministros de Relações Exteriores europeus, no qual foi analisada a crise na Líbia e em outros países árabes.

O chefe da diplomacia francesa advertiu que a situação no Iêmen está cada vez pior.

"Parece que a saída do presidente Saleh é inevitável", afirmou.

A União Europeia, por sua parte, condenou nesta segunda-feira o uso da força contra a população e ameaçou em "revisar suas políticas" para o Iêmen se as autoridades não garantirem a segurança dos manifestantes.

"Aqueles responsáveis pelas perda de vidas e lesões serão perseguidos por suas ações e levados perante a Justiça", assinalaram em comunicado os ministros de Exteriores da União.

Mais uma vez, os 27 exigiram moderação às Forças de segurança e pediram ao Governo iemenita e à oposição a iniciar um diálogo.

"A UE reitera sua visão que as reformas políticas e econômicas são essenciais para o futuro do Iêmen e se mantém preparada para apoiar ao povo iemenita", indicaram em seu comunicado.

CONFRONTOS E RENÚNCIAS

O ditador do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, afirmou nesta segunda-feira que tem o apoio "da maioria de seu povo", apesar da série de deserções de oficiais do Exército e de dirigentes do governo, informou a agência oficial Saba.

"Resistimos. A grande maioria do povo iemenita é a favor da segurança, da estabilidade e da legalidade constitucional", declarou o chefe do governo ante uma delegação oficial, acrescentando que "aqueles que apelam para o caos, a violência, o ódio e a sabotagem são apenas uma ínfima minoria".

Tanques do Exército iemenita cercavam o palácio presidencial de Sanaa na manhã desta segunda-feira, enquanto um general, dezenas de oficiais e o governador de Aden a segunda maior cidade do país se uniram à rebelião contra o regime.

Os tanques foram posicionados em lugares estratégicos da capital, incluindo o palácio presidencial, o banco central e o ministério da Defesa, mas ainda não se sabe a quem essas forças são leais.

Enquanto isso, uma multidão se reunia no centro de Sanaa, desafiando a proibição de se manifestar, para exigir a saída de Saleh, cada vez mais isolado em seu próprio país.

A onda de deserções foi extensa nesta segunda-feira: um dos principais oficiais das Forças Armadas do Iêmen, general Ali Mohsen Al Ahmar, disse à imprensa que decidira se unir aos protestos contra o regime.

DIPLOMATAS

Cinco embaixadores do Iêmen na Europa escreveram uma carta a Saleh pedindo demissão, disse o embaixador iemenita na França, Jaled al Akwaa.

Os diplomatas baseados em Paris, Bruxelas, Genebra, Berlim e Londres, além do Consulado em Frankfurt (Alemanha) mandaram uma carta na qual exigem que Saleh responda às exigências do povo e renuncie para "evitar um banho de sangue".

"Confiamos na prudência [de Saleh] para priorizar os interesses nacionais e não os pessoais", diz ainda a carta.

O embaixador do Iêmen em Cuba também assinou a mensagem.

Renúncias de autoridades e representantes do regime se aceleraram no Iêmen depois das mortes de 52 pessoas em protestos em Sanaa, atribuídas a partidários de Saleh, que está no poder há 32 anos.

EXÉRCITO

Um dos principais generais do Iêmen declarou apoio público aos protestos contra o regime de Saleh nesta segunda-feira.

A declaração do general Ali Mohsen al Ahmar que até agora era um aliado próximo de Saleh aumenta a pressão pela renúncia do ditador. Dois comandantes do Exército já teriam deixado seus cargos em protesto.

No entanto, em um comunicado, o ministro de Defesa do Iêmen anunciou nesta segunda-feira que o Exército continua a apoiar Saleh e que irá apoiá-lo contra "qualquer golpe à democracia".

"Não permitiremos, sob nenhuma circunstância, uma tentativa de golpe contra a democracia e a legitimidade constitucional, ou a violação da segurança da nação e dos cidadãos", diz o comunicado.

Fonte: Folha
Share this article :

0 comentários:

Postar um comentário

 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger