Há cinco anos, o Brasil parou para ver o tenente-coronel Marcos Pontes flutuar no espaço e, de quebra, bater um papo com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Era a badalada estreia do astronauta brasileiro.
Valeu a pena?
A realidade é que, apesar do voo de Pontes, o programa espacial brasileiro não decolou. Estudo da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados divulgado em fevereiro alerta para a fragilidade da política voltada a este setor.
Em 2010, o orçamento para o programa espacial foi de R$ 353 milhões, contra R$ 415 milhões em 2009. O próprio diretor da Agência Espacial Brasileira, Carlos Ganem, admite que seria necessário o dobro dos recursos atuais.
Os demais países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), de porte econômico similar ao Brasil, destinam muito mais recursos públicos aos seus programas. A China investe mais de US$ 1 bilhão anual e planeja voos tripulados à Lua até 2020. A Índia tem orçamento superior a US$ 800 milhões ao ano, e a agência espacial russa conta com orçamento da ordem de US$ 2 bilhões.
No Brasil, as metas do programa espacial brasileiro são postergadas ano após ano. E não se trata de colocar astronautas no espaço – esse assunto sequer voltou a ser cogitado após o voo de Marcos Pontes.
Está em permanente atraso o lançamento do Cbers-3 (satélite fabricado em conjunto com a China para monitorar o uso da terra), que deveria ter ocorrido em 2009 e foi adiado para 2011. Atrasado também está o lançamento do VLS 1 (foguete lançador de satélites), cujo lançamento do quarto protótipo estava previsto para 2007 – e está remarcado para 2011.
Estão previstos ainda lançamentos de três satélites geoestacionários até 2013, para comunicação de dados, sendo o primeiro deles conhecido como SGB, Satélite Geoestacionário Brasileiro. Caso esses artefatos não sejam colocados em órbita, o Brasil poderá perder posições orbitais definidas pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), ressalta a publicação especializada Tecnologia e Defesa.
A realidade é de que o Brasil já está sendo ultrapassado na corrida bilionária do lançamento de veículos espaciais, sobretudo os que transportam satélites – vitais para domínio de tecnologias como a TV Digital. Segundo dados de 2008 da Space Foundation, a atividade espacial mundial, incluindo bens e serviços, indivíduos, corporações e governos, movimentou US$ 257 bilhões, dos quais 35% em serviços satelitais comerciais, 32% em infraestrutura comercial, 26% só do orçamento espacial do governo dos EUA, 6% dos outros governos e somente 1% com lançadores e indústria de suporte.
Os Estados Unidos detêm 41% do mercado global de satélites, deixando 59% para o restante do mundo. A participação do Brasil neste mercado é de apenas 1,9%. Pontes, apesar dos números teimarem em contrariá-lo, mantém o otimismo.
Foi em 29 de março de 2006, às 23h30min, que sua odisseia se concretizou. Oficial da Força Aérea Brasileira (FAB), ele voou desde o Cazaquistão, numa nave russa Soyuz TMA-8, até a Estação Espacial Internacional, onde permaneceu oito dias. Levava numa mochila 15 quilos de carga da Agência Espacial Brasileira, incluindo oito experimentos científicos criados por universidades e centros de pesquisas brasileiros.
A missão custou R$ 40 milhões Levantamento da época indica que os 10 dias da jornada à ISS custaram aos cofres públicos cerca de R$ 40 milhões. Isso, se somados pagamento da viagem e oito anos de treinamento de Pontes na Nasa (agência espacial norte-americana) – que, aliás, não patrocinou o passeio do astronauta brasileiro, o que forçou o governo brasileiro a pedir aos russos uma carona na nave Soyuz. Pontes, hoje com 48 anos, diz que faria tudo de novo.
Aliás, quer fazer. Mesmo que algumas experiências que realizou no espaço tenham sido prosaicas, como o comportamento de grãos de feijão na ausência da gravidade. Mesmo que os anos de estudo nos Estados Unidos tenham resultado em sucessivas protelações de seu voo e na necessidade de conseguir vaga numa nave russa. Mesmo que o Programa Espacial Brasileiro continue, na prática, semiparalisado.
– Aquilo funcionou como um cartão de visitas do programa espacial brasileiro. É um credenciamento. Fui o primeiro e espero não ter sido o último – afirma, em entrevista concedida esta semana a ZH.
A presidente Dilma Rousseff acena com investimentos no programa espacial brasileiro. Na semana passada, ela prometeu retomar a ideia de lançamento de satélites, inclusive com foguete próprio. Não citou cifras.
Fonte: Zero Hora
Valeu a pena?
A realidade é que, apesar do voo de Pontes, o programa espacial brasileiro não decolou. Estudo da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados divulgado em fevereiro alerta para a fragilidade da política voltada a este setor.
Em 2010, o orçamento para o programa espacial foi de R$ 353 milhões, contra R$ 415 milhões em 2009. O próprio diretor da Agência Espacial Brasileira, Carlos Ganem, admite que seria necessário o dobro dos recursos atuais.
Os demais países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), de porte econômico similar ao Brasil, destinam muito mais recursos públicos aos seus programas. A China investe mais de US$ 1 bilhão anual e planeja voos tripulados à Lua até 2020. A Índia tem orçamento superior a US$ 800 milhões ao ano, e a agência espacial russa conta com orçamento da ordem de US$ 2 bilhões.
No Brasil, as metas do programa espacial brasileiro são postergadas ano após ano. E não se trata de colocar astronautas no espaço – esse assunto sequer voltou a ser cogitado após o voo de Marcos Pontes.
Está em permanente atraso o lançamento do Cbers-3 (satélite fabricado em conjunto com a China para monitorar o uso da terra), que deveria ter ocorrido em 2009 e foi adiado para 2011. Atrasado também está o lançamento do VLS 1 (foguete lançador de satélites), cujo lançamento do quarto protótipo estava previsto para 2007 – e está remarcado para 2011.
Estão previstos ainda lançamentos de três satélites geoestacionários até 2013, para comunicação de dados, sendo o primeiro deles conhecido como SGB, Satélite Geoestacionário Brasileiro. Caso esses artefatos não sejam colocados em órbita, o Brasil poderá perder posições orbitais definidas pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), ressalta a publicação especializada Tecnologia e Defesa.
A realidade é de que o Brasil já está sendo ultrapassado na corrida bilionária do lançamento de veículos espaciais, sobretudo os que transportam satélites – vitais para domínio de tecnologias como a TV Digital. Segundo dados de 2008 da Space Foundation, a atividade espacial mundial, incluindo bens e serviços, indivíduos, corporações e governos, movimentou US$ 257 bilhões, dos quais 35% em serviços satelitais comerciais, 32% em infraestrutura comercial, 26% só do orçamento espacial do governo dos EUA, 6% dos outros governos e somente 1% com lançadores e indústria de suporte.
Os Estados Unidos detêm 41% do mercado global de satélites, deixando 59% para o restante do mundo. A participação do Brasil neste mercado é de apenas 1,9%. Pontes, apesar dos números teimarem em contrariá-lo, mantém o otimismo.
Foi em 29 de março de 2006, às 23h30min, que sua odisseia se concretizou. Oficial da Força Aérea Brasileira (FAB), ele voou desde o Cazaquistão, numa nave russa Soyuz TMA-8, até a Estação Espacial Internacional, onde permaneceu oito dias. Levava numa mochila 15 quilos de carga da Agência Espacial Brasileira, incluindo oito experimentos científicos criados por universidades e centros de pesquisas brasileiros.
A missão custou R$ 40 milhões Levantamento da época indica que os 10 dias da jornada à ISS custaram aos cofres públicos cerca de R$ 40 milhões. Isso, se somados pagamento da viagem e oito anos de treinamento de Pontes na Nasa (agência espacial norte-americana) – que, aliás, não patrocinou o passeio do astronauta brasileiro, o que forçou o governo brasileiro a pedir aos russos uma carona na nave Soyuz. Pontes, hoje com 48 anos, diz que faria tudo de novo.
Aliás, quer fazer. Mesmo que algumas experiências que realizou no espaço tenham sido prosaicas, como o comportamento de grãos de feijão na ausência da gravidade. Mesmo que os anos de estudo nos Estados Unidos tenham resultado em sucessivas protelações de seu voo e na necessidade de conseguir vaga numa nave russa. Mesmo que o Programa Espacial Brasileiro continue, na prática, semiparalisado.
– Aquilo funcionou como um cartão de visitas do programa espacial brasileiro. É um credenciamento. Fui o primeiro e espero não ter sido o último – afirma, em entrevista concedida esta semana a ZH.
A presidente Dilma Rousseff acena com investimentos no programa espacial brasileiro. Na semana passada, ela prometeu retomar a ideia de lançamento de satélites, inclusive com foguete próprio. Não citou cifras.
Fonte: Zero Hora
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