Decisão da Alemanha de negar apoio à campanha militar na Líbia provocou temores de um novo isolamento de Berlim, o que poderia custar caro em termos de credibilidade e influência do governo alemão.
A Alemanha rompeu com seus parceiros europeus ao se abster na semana passada da votar no Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre uma zona de exclusão aérea na Líbia. Também a recusa em participar diretamente das ações militares contra o regime de Muammar Kadafi provocou críticas. A posição da Alemanha em Nova York foi descrita pelo primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt como "horrível" e uma violação das normas da União Europeia (UE).
Com a divisão de posições sobre a campanha na Líbia, muitas das críticas sobre a falta de uma voz europeia uníssona têm sido direcionadas à chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton. "O problema é que estamos lidando com 27 estados-membros que são soberanos, que acreditam apaixonadamente no direito de determinar suas ações, especialmente no setor de defesa, e que têm pontos de vista diferentes", disse.
Para Christian Tuschoff, cientista político da Universidade Livre de Berlim, a atitude do governo alemão foi incoerente. "Colocar nossas forças à disposição do comando aliado, mas voltar atrás quando essas forças precisam se engajar, é uma contradição explícita. A Alemanha não é mais um parceiro com credibilidade no Tratado do Atlântico Norte. O país deu as costas para a Otan pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial – essa é uma ruptura histórica com o passado".
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, voltou a defender a abstenção na votação sobre a resolução do Conselho de Segurança. Segundo ela, haveria ainda "dúvidas sobre a execução militar da resolução". Mas, para minimizar o dano diplomático, Merkel acrescentou: "Mesmo assim, o governo federal alemão apoia as metas acordadas pela resolução, sem restrições."
Dois terços da população alemã apoiam a postura alemã de não participar da missão militar da Otan na Líbia, segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Emnid a pedido do governo de Berlim e que será publicada na edição desta sexta-feira no jornal Saarbrücker Zeitung.
Incompreensão da França
A França manifestou incompreensão diante da relutância da Alemanha em participar da campanha na Líbia. "Alguns parceiros na UE parecem achar que a União Europeia é uma organização de ajuda humanitária", disse o ministro francês das Relações Exteriores Alain Juppé, referindo-se à Alemanha. Já a França gostaria que a UE fosse uma instância com poder político capaz também de intervenções militares, acrescentou. "Nós temos que nos acostumar que nem sempre os mesmos países tomarão a dianteira."
Juppé destacou, no entanto, que a relação franco-alemã não será prejudicada. "Eu gosto muito do meu colega de pasta, Guido Westerwelle, e quero trabalhar em estreita colaboração com ele. Ele tem seu ponto de vista, eu tenho o meu. Isso acontece." Em relação a questões econômicas, França e Alemanha continuariam de mãos dadas, acrescentou.
No jantar da reunião de cúpula da UE nesta quinta-feira (24/03), em Bruxelas, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, devem expor suas ideias sobre a campanha na Líbia.
Segundo avaliação de Juppé, os ataques aéreos não devem durar muito mais tempo. "Estamos mais falando de dias ou semanas do que meses", disse ele. Na próxima terça-feira, haverá uma primeira reunião em Londres para tratar de questões políticas relacionadas à Líbia. Não está claro se a oposição líbia vai participar. "Nós já estamos pensando no fim das operações militares. O nosso objetivo não é substituir o regime. Isso é com os líbios", disse Juppé.
Ajuda a refugiados
Na mesma reunião, Itália e Malta deverão solicitar ajuda para superar o grande êxodo humano provocado pelos conflitos no mundo árabe – este é, aliás, outro assunto controverso dentro da UE. A Alemanha disse estar pronta para ajudar os refugiados vindos da Líbia. "Refugiados de uma guerra civil, como os que devem vir da Líbia, precisam da nossa ajuda", disse Angela Merkel no Parlamento alemão nesta quinta-feira.
De acordo com dados do Unicef, o fluxo de refugiados que atravessam a fronteira da Líbia para a Tunísia aumentou. "Verificamos um ligeiro aumento desde que os ataques aéreos começaram, mas não é a mesma situação do início dos movimentos", disse o supervisor de campos de refugiados do Unicef, Jens Grimm. Diariamente, até 2,5 pessoas mil atravessam o posto de fronteira de Ras Jdir. Ao todo, cerca de 170 mil pessoas já deixaram a Líbia em direção à Tunísia.
Fonte: Deutsche Welle
A Alemanha rompeu com seus parceiros europeus ao se abster na semana passada da votar no Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre uma zona de exclusão aérea na Líbia. Também a recusa em participar diretamente das ações militares contra o regime de Muammar Kadafi provocou críticas. A posição da Alemanha em Nova York foi descrita pelo primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt como "horrível" e uma violação das normas da União Europeia (UE).
Com a divisão de posições sobre a campanha na Líbia, muitas das críticas sobre a falta de uma voz europeia uníssona têm sido direcionadas à chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton. "O problema é que estamos lidando com 27 estados-membros que são soberanos, que acreditam apaixonadamente no direito de determinar suas ações, especialmente no setor de defesa, e que têm pontos de vista diferentes", disse.
Para Christian Tuschoff, cientista político da Universidade Livre de Berlim, a atitude do governo alemão foi incoerente. "Colocar nossas forças à disposição do comando aliado, mas voltar atrás quando essas forças precisam se engajar, é uma contradição explícita. A Alemanha não é mais um parceiro com credibilidade no Tratado do Atlântico Norte. O país deu as costas para a Otan pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial – essa é uma ruptura histórica com o passado".
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, voltou a defender a abstenção na votação sobre a resolução do Conselho de Segurança. Segundo ela, haveria ainda "dúvidas sobre a execução militar da resolução". Mas, para minimizar o dano diplomático, Merkel acrescentou: "Mesmo assim, o governo federal alemão apoia as metas acordadas pela resolução, sem restrições."
Dois terços da população alemã apoiam a postura alemã de não participar da missão militar da Otan na Líbia, segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Emnid a pedido do governo de Berlim e que será publicada na edição desta sexta-feira no jornal Saarbrücker Zeitung.
Incompreensão da França
A França manifestou incompreensão diante da relutância da Alemanha em participar da campanha na Líbia. "Alguns parceiros na UE parecem achar que a União Europeia é uma organização de ajuda humanitária", disse o ministro francês das Relações Exteriores Alain Juppé, referindo-se à Alemanha. Já a França gostaria que a UE fosse uma instância com poder político capaz também de intervenções militares, acrescentou. "Nós temos que nos acostumar que nem sempre os mesmos países tomarão a dianteira."
Juppé destacou, no entanto, que a relação franco-alemã não será prejudicada. "Eu gosto muito do meu colega de pasta, Guido Westerwelle, e quero trabalhar em estreita colaboração com ele. Ele tem seu ponto de vista, eu tenho o meu. Isso acontece." Em relação a questões econômicas, França e Alemanha continuariam de mãos dadas, acrescentou.
No jantar da reunião de cúpula da UE nesta quinta-feira (24/03), em Bruxelas, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, devem expor suas ideias sobre a campanha na Líbia.
Segundo avaliação de Juppé, os ataques aéreos não devem durar muito mais tempo. "Estamos mais falando de dias ou semanas do que meses", disse ele. Na próxima terça-feira, haverá uma primeira reunião em Londres para tratar de questões políticas relacionadas à Líbia. Não está claro se a oposição líbia vai participar. "Nós já estamos pensando no fim das operações militares. O nosso objetivo não é substituir o regime. Isso é com os líbios", disse Juppé.
Ajuda a refugiados
Na mesma reunião, Itália e Malta deverão solicitar ajuda para superar o grande êxodo humano provocado pelos conflitos no mundo árabe – este é, aliás, outro assunto controverso dentro da UE. A Alemanha disse estar pronta para ajudar os refugiados vindos da Líbia. "Refugiados de uma guerra civil, como os que devem vir da Líbia, precisam da nossa ajuda", disse Angela Merkel no Parlamento alemão nesta quinta-feira.
De acordo com dados do Unicef, o fluxo de refugiados que atravessam a fronteira da Líbia para a Tunísia aumentou. "Verificamos um ligeiro aumento desde que os ataques aéreos começaram, mas não é a mesma situação do início dos movimentos", disse o supervisor de campos de refugiados do Unicef, Jens Grimm. Diariamente, até 2,5 pessoas mil atravessam o posto de fronteira de Ras Jdir. Ao todo, cerca de 170 mil pessoas já deixaram a Líbia em direção à Tunísia.
Fonte: Deutsche Welle
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