quinta-feira, 31 de março de 2011

População da Índia cresce 'um Brasil' em 10 anos

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A população da Índia aumentou na última década quase o equivalente a um Brasil, segundo os resultados do censo de 2011 do país. Nos últimos dez anos, a população indiana aumentou em 181 milhões - quase o mesmo que a população total do Brasil, de pouco mais de 190 milhões de habitantes, segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Com uma população de 1,21 bilhão, a Índia tem mais habitantes que os Estados Unidos, Brasil, Paquistão e Bangladesh juntos. O censo da Índia, feito a cada dez anos, é o maior do mundo. Cerca de 2,5 milhões de funcionários visitaram as residências em cerca de 7 mil cidades e 600 mil vilarejos.

Desde 1872, o levantamento é a principal fonte de informações da Índia, não apenas para formulação de políticas públicas por parte do governo, como também para a tomada de decisões estratégicas do setor privado.

No ano passado, todos com mais de 15 anos foram fotografados e tiveram suas impressões digitais recolhidas para criar um banco de dados biométricos. O governo usará as informações para emitir carteiras de identidade para os indianos semelhantes às que são usadas no Brasil, hoje inéditas no país.

Entre as dificuldades do exercício, estão o alto nível de analfabetismo entre a população, milhões de moradores sem-teto, assim como a ameaça de violência em áreas do país disputadas por movimentos insurgentes.


Fonte: BBC Brasil
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Especial: Dilma e Lula em Portugal

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A presidente Dilma Rousseff encerrou antecipadamente a sua visita a Portugal devido a notícia confirmada da morte do ex vice presidente e amigo, José Alencar. Dilma estava em visitava oficial ao país e se preparava-se para dirigir-se a Coimbra, para participar da cerimônia que Laurearia o Ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o título de Doutor Honoris causa em direito pela Universidade de Coimbra, quando soube da notícia do falecimento do ex vice presidente José Alencar.

Dilma e Lula ficaram abalados publicamente e expressaram profunda tristeza pela perca do amigo que lutava a anos contra o câncer, Lula que dedicou o título ao Ex-presidente e amigo ficou emocionado com a homenagem prestada por muitos estudantes e jovens, em sua maioria estudantes brasileiros residentes em Portugal que seguiam o cortejo prestando tanto homenagem ao Laureado, quanto a presidente Dilma Roussef.

Dilma acenou e até parou para receber um grupo de alunos que eufóricos faziam festa pela visita da Presidente ao país e a Universidade que abriga mais de 1500 estudantes brasileiros ( incluso o autor).

Apesar da segurança reforçada, não houveram incidentes, os agentes Brasileiros e seus colegas portugueses garantiram a tranqüilidade do evento. Assim, Dilma e Lula mostraram bastante descontração e circularam livremente cumprimentando os presentes e até cedendo autógrafos a multidão. A vontade Dilma, Lula, o presidente Português Cavaco Silva e o Primeiro Ministro demissionário Português, José Sócrates, agradeceram aos estudantes e seguiram para seus destinos após a conclusão das atividades.

A Universidade de Coimbra é uma das 3 mais antigas universidades da Europa e a faculdade de direito é considerada uma das quatro mais importantes do Mundo.

O título dado a Lula soma-se a mitos outros concedidos aos ex líderes brasileiros em reconhecimento aos seus trabalhos e são frutos dos reconhecimentos dos quais nossos líderes tem galgado no cenário internacional.

Em Portugal, Lula dedica título “honoris causa” a Alencar

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dedicou o prêmio recebido na Universidade de Coimbra ao amigo José Alencar. Depois da cerimônia, Lula voltou ao Brasil acompanhado da presidente Dilma Rousseff.

Os brasileiros que estudam na Universidade de Coimbra recepcionaram o ex-presidente. Seguindo a tradição, eles colocaram as capas pretas no chão para que servissem de tapete durante a passagem de Lula.

Assim começou o dia em que o ex-presidente Lula receberia o titulo de Doutor Honoris Causa. Um dia especial para Lula com sentimentos diferentes misturados. Alegria pela homenagem, tristeza pela morte de José Alencar.

Dilma Rousseff chegou logo depois. Foi recebida pelo presidente de Portugal Cavaco Silva e pelo primeiro ministro José Sócrates. Além da festa dos estudantes brasileiros, encontrou manifestantes contrários à construção da usina de Belo Monte.

A cerimonia começou com o cortejo colorido. Lula e Dilma deixaram a biblioteca ao lado dos doutores de Coimbra. O ex-presidente foi o primeiro a discursar. Lembrou das conquistas sociais e econômicas do governo dele e fez questão de prestar homenagem ao ex-vice-presidente José Alencar.

Em latim, lula ouviu a titulação. Recebeu o anel de doutor e colocou a borla – chapéu que representa sabedoria. Logo após a cerimônia, Lula e Dilma tomaram um avião para Lisboa, de onde partiram de volta ao Brasil para acompanhar o velório do ex-vice-presidente José Alencar.

Críticas ao mundo desenvolvido e apoio a Portugal dominaram viagem de Dilma

Os três dias de viagem a Portugal da presidente Dilma e de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, que acabou encurtada pela morte de José Alencar, teve duas constantes: críticas aos países desenvolvidos e às instituições multilaterais e a possibilidade de o Brasil ajudar os portugueses a saírem da crise financeira. Nenhuma decisão concreta, porém, foi anunciada publicamente.

Lula deu o tom do que falaria logo na segunda-feira à noite, após um jantar com o premiê José Sócrates e o ex-presidente Mario Soares, ambos do Partido Socialista. Com Portugal muito próximo de tornar-se o terceiro país da zona euro a sofrer intervenção pelo FMI, Lula fez críticas ao fundo.

“O FMI não resolve o problema de Portugal, como não resolveu o problema do Brasil, como não resolveu outros problemas. Toda a vez que o FMI tentou cuidar das dívidas dos países, o FMI criou mais problemas do que soluções”, disse.

Na terça, após receber o prêmio Norte Sul do Conselho Europeu, o ex-presidente voltou ao tema da crise portuguesa. Dessa vez, o alvo foi a forma como o núcleo duro da Europa deixou, em sua opinião, que a especulação financeira se espalhasse pelos países mais fracos da União.

“Acho que o chamado bloco economicamente mais forte da Europa demorou para ajudar a Grécia. Demorou muito tempo, permitiu que a especulação migrasse para outros países e eu não acho isso correto”, afirmou. Lula defendeu também que os bancos europeus deveriam colocar dinheiro o mais rápido possível sem cobrar “as taxas de juros exorbitantes que estão querendo cobrar.”

A especulação financeira já tinha sido seu alvo um pouco antes, durante o discurso no Parlamento na entrega do prêmio. Para Lula, ela é causa, juntamente com uma ordem econômica internacional injusta, de rancores e mesmo de xenofobia. Lula ainda considerou “frouxos” os parâmetros de regulação do sistema, e atacou a especulação sobre commodities.

As barreiras comerciais foram outro tema comum. Dilma, em entrevista a uma TV portuguesa que foi ao ar no dia de sua chegada, falou sobre a triangulação que o Brasil está fazendo para driblar o protecionismo norte-americano. “Uma das formas de você chegar nos Estados Unidos pode se dar de maneira mais longa. Pode exportar para a China e ela exportar para os EUA.” A China é hoje o principal parceiro comercial brasileiro.

Já Lula foi mais direto. Defendeu o avanço da Rodada de Doha, com redução e mesmo a extinção das barreiras comerciais.

Conselho de Segurança
Portugal, que hoje também ocupa uma cadeira rotativa no Conselho de Segurança da ONU, é defensor de uma vaga permanente para o Brasil. Com o assunto na pauta de Dilma, Lula partiu para o ataque sobre a falta de representatividade da instituição.

Em seus dois discursos em solo português – durante o prêmio Norte Sul e no doutoramento na Universidade de Coimbra – o ex-presidente defendeu a reforma do Conselho para refletir a nova geopolítica mundial.

Dilma também tratou do assunto. Na entrevista à TV afirmou que “o Brasil hoje é uma nação que, pela sua própria situação no mundo e pelo que atingiu, tem todas as condições de pleitear” o órgão.

Lula ainda criticou diretamente o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon. Perguntado se queria fazer parte da reforma da organização, o ex-mandatário negou. Mas disse que é preciso que o cargo seja ocupado por alguém mais “atuante que o atual”.

Dívida portuguesa

Na terça-feira, em meio à visita, a Standard & Poor’s baixou o rating dos títulos da dívida portuguesa pela segunda vez em uma semana, para “BBB-”. A notação é apenas um degrau acima do da chamada “lixo”, na qual se encontram os papéis da Grécia.

O fato veio aumentar a pressão, refletida pela imprensa portuguesa, para que o governo brasileiro comprasse os papéis portugueses. Lula pregou solidariedade a Portugal desde sua chegada, mas também que a questão deveria ser tratada diretamente com Dilma.

A presidente falou sobre o assunto na terça-feira à noite, mas sem dar uma definição. Disse que o Banco Central do Brasil, por regra, só compra títulos com notação triplo A – muito acima, portanto, da condição dos portugueses. Porém, abriu a possibilidade, afirmando que papéis pior avaliados podem ser comprados em outras condições, por exemplo, com uma garantia real.

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Fazenda para perguntar sobre montantes de títulos da dívida portuguesa detidos pelo Brasil, mas não obteve resposta. Em dezembro, o Ministro das Finanças de Portugal reuniu-se com seu colega brasileiro, Guido Mantega, para falar sobre o tema.

O premiê Sócrates e o presidente de Portugal, Cavaco Silva, evitaram a todo o custo tocar no assunto em Coimbra nesta quarta-feira (30/03). Sócrates afirmou que não gostaria de tratar de outra coisa que não o doutoramento de lula.

Abreviação

A morte do ex-vice-presidente José Alencar também veio abreviar a visita de Dilma a Portugal. Logo após a cerimônia de doutoramento de Lula, ela tomou um avião para Lisboa e, em seguida, partiu para o Brasil.

Pelo cronograma inicial, Dilma seria recebida hoje em um jantar pelo presidente da República. Nesse encontro, segundo o embaixador do Brasil em Portugal, Mário Vilalva, ela teria oportunidade para conversar com outras lideranças políticas. Entre elas, deveria estar o líder do Partido Social-Democrata, Pedro Passos Coelho, pré-candidato a premiê, e que pode substituir Sócrates nas eleições antecipadas, que deverão ser marcadas para junho.




Fonte: Plano Brasil com Agências de notícias - Parceiro GeoPolítica Brasil
Texto e foto: E.M. Pinto
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As heranças da ditadura no Brasil

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Ao contrário do que ocorreu em outros países da América Latina, o Brasil manteve-se como modelo de impunidade e não seguiu sequer a política da verdade histórica. Houve aqui uma grande ditadura, mas os arquivos públicos não foram abertos e as leis de reparação somente ouviram o reclamo das vítimas por meio de frios documentos. Enquanto os torturadores do passado não forem julgados e punidos, não teremos êxito nas políticas de diminuição da violência. É preciso que o país crie uma Comissão da Verdade, apure as circunstâncias dos crimes, abra os arquivos da ditadura e puna os responsáveis.

Em agosto de 1979, o Congresso Nacional brasileiro, ainda sob a vigência do regime militar, aprovou a Lei de Anistia, que em seu texto dizia: estão anistiados “todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexos com estes”. Na época, após 15 anos de ditadura, os militares cederam às pressões da opinião pública e a oposição aceitou a anistia proposta pelo governo, ainda que parte dos presos e perseguidos políticos não tenha sido beneficiada. Simbolicamente, foram considerados, sob a decisão de anistiar os crimes “conexos” aos crimes políticos, anistiados os agentes da repressão.

Contudo, podemos dizer que não teriam sido anistiados os torturadores, pois cometeram crimes sem relação com causas políticas e recebendo salário como funcionários do Estado. Os mortos e desaparecidos políticos não foram considerados e o paradeiro de seus restos mortais nunca foi esclarecido. Era o marco da transição da ditadura para o Estado de Direito, visando superar – e mais do que isso, silenciar – o drama vivido diante da violência estatal.

A transição começou a ser pensada e formulada pelos militares, desde o começo do governo Geisel (1974-1978), procurando construir uma abertura lenta, gradual e segura, na qual o estatuto político da nova democracia pudesse ser acordado de antemão e, principalmente, se mantivesse o controle militar do processo. Ainda em 1977, o governo impõe o Pacote de Abril, fechando o Congresso Nacional por 15 dias (entre 1º e 15 de abril) e outorgando uma série de medidas limitando as possibilidades de ruptura na abertura, entre elas: eleição indireta para governadores incorporada à Constituição; seis anos de mandato presidencial; senadores biônicos, eleitos indiretamente. O governo manteve as medidas de abertura gradual nas ações de outubro de 1978, quando extinguiu a capacidade do presidente de fechar o Congresso Nacional e de cassar direitos políticos, devolveu o habeas corpus, suspendeu a censura prévia e aboliu a pena de morte.

Logo em seguida, no mês de dezembro, é tornado extinto o AI-5. A abertura militar fundamentava-se na lógica do consenso e a anistia ainda não era considerada como parte das ações possíveis no processo lento e gradual. Quando nos anos de 1977-78 foram montados os primeiros pacotes de reformas da abertura, falava-se no máximo em revisões de algumas penas, como a dos banidos. O estado de exceção começava a se transformar. Figura jurídica anômala da constitucionalidade do Estado autoritário, seu produto mais discricionário no Brasil foi o Ato Institucional número 5 (AI-5). Este decreto ampliou os poderes de exceção do cargo de Presidente e extinguiu vários direitos civis e políticos (artigos 4º, 5º e 8º), especialmente o habeas corpus (artigo 10º).

De fato, investiu o Estado da prerrogativa de manipulação dos corpos e, também, da vida matável dos cidadãos. O corpo passou a ser algo fundamental para a ação do regime. No caso do desaparecido político, sabe-se da existência de um corpo – desaparecido – e de uma localidade – desconhecida –, mas marcado pela ausência. Se a sala de tortura tem como resto de sua produção um corpo violado, o assassinato político produz o corpo sem vida. O grande aumento de desaparecidos políticos a partir do AI-5 demonstra como essa peça jurídica indicava a implantação do estado de exceção como normalidade.

Tendo sido o primeiro ato institucional sem data para acabar, o AI-5 foi extinto em dezembro de 1978, mas alguns de seus dispositivos foram, ao longo dos 10 anos de sua existência, inseridos na Constituição e na Lei de Segurança Nacional, ainda hoje vigente.

A violência originária de determinado contexto político, que no caso da nossa democracia seriam os traumas vividos na ditadura, mantém-se, seja nos atos de tortura ainda praticados nas delegacias, seja na suspensão dos atos de justiça contida no simbolismo da anistia.

Tais atos, por terem sido silenciados nos debates da transição, delimitam um lugar inaugural de determinada política e criam valores herdados na cultura, tanto objetivamente, quanto subjetivamente – nas narrativas, nos testemunhos, nos sentimentos e paixões dos sujeitos subtraídos da razão política.

Nos aspectos sociais e nacionais, as marcas de esferas políticas originárias, como a sala de tortura e a transição consensual, se constituem como partes fundantes da democracia nascida após o fim da ditadura. O caráter maldito da tortura e o aspecto de impunidade da democracia mantêm-se na lei quando o STF decide anistiar os torturadores (maio de 2010) sem a apuração e a responsabilização de seus crimes.

A transição consensual criou uma falsa questão: punir ou perdoar?! Encontramo-nos diante do problema de como conviver com um passado doloroso em um presente democrático, administrando conflitos que não se encerraram com a mera passagem institucional de um governo de exceção para um democrático.

Por que passadas mais de três décadas dos crimes e de vinte anos do fim da ditadura, há reclamação por justiça? Deve-se julgar e punir os responsáveis pelas violações aos direitos humanos? Ou eles podem ser perdoados em nome da reconciliação nacional?

O fato é que, independentemente da lei brasileira de anistia, o Brasil tem assinado acordos internacionais – com poder de lei para os países aderentes – que condenam os crimes contra a dignidade humana e os tornam imprescritíveis.

No último dia 14 de dezembro, o Estado brasileiro foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) pela não localização dos corpos dos desaparecidos e por manter uma lei de auto-anistia extorquida em meio a uma ditadura e diante de um Congresso Nacional marcado por fechamentos arbitrários, cassações e bi-partidarismo.

Se alguns países latino-americanos se dedicaram à criação de novos investimentos em direitos humanos, o Brasil manteve-se como modelo de impunidade e não seguiu sequer a política da verdade histórica. Houve aqui uma grande ditadura, mas os arquivos públicos não foram abertos e as leis de reparação somente ouviram o reclamo das vítimas por meio de frios documentos; não deram direito à voz e não apuraram a verdade.

Enquanto os torturadores do passado não forem julgados e punidos, não teremos êxito nas políticas de diminuição da violência. É preciso que o país crie uma Comissão da Verdade, apure as circunstâncias dos crimes, abra os arquivos da ditadura e puna os responsáveis. Somente assim teremos como elaborar o passado e construir uma democracia respeitosa aos direitos do cidadão.

Por Edson Teles - Professor de Filosofia Política na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Fonte: Carta Maior
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Sem esquecimento, sem perdão, sem temor

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O golpe de 1964 não é apenas passado, nem foi só obra de generais hoje aposentados e mortos. Quando um deputado diz ter saudade da ditadura, quando um candidato presidencial se alia a generais de pijama e a organizações de ultra-direita, quando um ditador é homenageado por uma turma de formandos de uma escola militar, quando um ministro diz que a Anistia impede a justiça de apreciar crimes contra a humanidade, não estamos diante de saudosismos inconsequentes.

Muitos de nossos amigos latino-americanos não conseguem entender por qual motivo os governos brasileiros pós-ditadura pegaram tão leve com aqueles que romperam com a legalidade, sequestraram, torturaram, mataram e desapareceram.

Neste quesito, os governos pós-ditadura na Argentina, Chile e Uruguai foram muito mais efetivos no combate aos crimes das ditaduras, do que os governos Sarney, Collor, FHC e Lula.

Nossos amigos não entendem, e muitos de nós tampouco entendem, paradoxos como a convivência, no mesmo governo, de uma presidenta que foi presa e torturada, com um general para quem fato histórico é codinome para crime que merece ser perdoado. Ou de ministros que defendem a Comissão da Verdade, com outros para quem a Lei da Anistia imposta pela ditadura permite que autores de crimes contra a humanidade escapem de julgamento.

A persistência desta situação revela, mais do que a força da direita, a incapacidade que parte da esquerda tem de perceber os riscos que corremos ao agir desta forma. Afinal, o golpe de 1964 não é apenas passado, nem foi apenas obra de generais hoje aposentados e mortos.

O golpe de 1964 foi a resposta dada por uma parte da elite brasileira, contra um governo progressista. Foi uma das batalhas da guerra travada, ao longo de todo o século XX, entre as vias conservadora e progressista de desenvolvimento do capitalismo brasileiro. A via conservadora é aquela que desenvolveu o capitalismo, preservando os piores traços de nosso passado escravista e colonial. A via progressista é aquela que buscou e busca combinar crescimento capitalista, com reformas sociais, democracia política e soberania nacional.

O golpe de 1964 foi executado por uma coalizão cívico-militar. Os militares foram o partido armado do grande empresariado, do latifúndio e dos capitais estrangeiros. Muitas das empresas envolvidas no golpe, ou que cresceram durante o período da ditadura, seguem atuantes.

As Organizações Globo, por exemplo. Hoje, prossegue a guerra entre aquelas duas vias de desenvolvimento. O governo Dilma, assim como o governo Lula, constituem expressões atuais da via progressista. E a campanha reacionária feita por Serra, nas eleições presidenciais de 2012, traduziu os sentimentos e os interesses dos legítimos defensores da via conservadora (alguns dos quais, é bom dizer, buscaram e encontraram abrigo do lado de cá).

Quando um deputado diz ter saudade da ditadura militar, quando um candidato presidencial se alia a generais de pijama e a organizações de ultra-direita, quando um ditador é homenageado por uma turma de formandos de uma escola militar, quando um ministro diz que a Anistia impede a justiça de apreciar crimes contra a humanidade, não estamos diante de saudosismos inconsequentes. Estamos, isto sim, vendo e ouvindo uma parte da elite brasileira dizer o seguinte: quebramos a legalidade e algum dia poderemos voltar a quebrar; desconsideramos a voz das urnas e algum dia poderemos voltar a desconsiderar.

Uma esquerda que defende os direitos humanos de maneira consequente, deve lembrar que a impunidade dos torturadores de ontem, favorece os que hoje torturam presos ditos comuns. Uma esquerda que defende uma via eleitoral, tem motivos em dobro para ser implacável contra os que defendem a legitimidade de golpes. E uma esquerda que se pretende latinoamericanista precisa lembrar que o golpe de 1964 foi, em certo sentido, o início de um ciclo ditadorial que se espalhou por todo o continente.

E que ninguém ache que golpes são coisas do passado. Honduras, bem como as tentativas feitas no Equador e Venezuela, Bolivia e Paraguai, mostram que os Estados Unidos e parte expressiva das elites locais têm uma visão totalmente instrumental da democracia. E o reacionarismo atual de parte das chamadas classes médias não deixada nada a dever frente aquele que mobilizou, em 1964, as marchas com Deus, pela Família e pela Propriedade. Por tudo isto, temos todos os motivos para dar o exemplo. Como nossos amigos de outros países da América Latina, não devemos temer, não podemos esquecer e não podemos perdoar.

Fonte: Carta Maior
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Saiba quem são os líderes rebeldes da Líbia

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Em meio ao levante popular contra o ditador Muammar Gaddafi, moradores de cidades e vilarejos do leste da Líbia controlados por rebeldes formaram um governo interino.

O Conselho Nacional Interino de Transição afirma ter como objetivo prover liderança política e militar, organizar serviços básicos e representar os líbios no exterior.

Seus líderes dizem que o conselho não é um governo, mas quer "direcionar" a Líbia rumo ao que eles esperam que seja uma era pós-Gaddafi, e só então "guiar o país rumo a eleições livres e ao estabelecimento de uma Constituição da Líbia".

De acordo com o site do conselho, o grupo tem atualmente 31 membros que representam várias regiões e cidades da Líbia. Alguns tiveram seus nomes revelados, enquanto os que representam Ajdabiya, Kufra, Ghat, Nalut, Misrata, Zintan e Zawiya ficaram no anonimato. Cinco assentos no conselho pertencem a mulheres e cinco a jovens.

Correspondentes descreveram os encontros do conselho como caóticos e sua liderança como contraditória, e nem sempre fica claro quem o conselho realmente representa.

Mustafa Mohammed Abdul Jalil - presidente

Abdul Jalil pediu demissão do cargo de ministro da Justiça da Líbia no dia 21 de fevereiro em protesto contra "o uso excessivo de violência contra manifestantes desarmados" pelo governo, tendo sido o primeiro membro do Comitê Geral do Povo a fazê-lo.

Ele nasceu na cidade de Bayda --berço histórico da dinastia sanusi e um dos primeiros locais a se levantar contra o regime de Gaddafi-- em 1952, e estudou direito e a sharia (lei islâmica) na Universidade da Líbia.

Uma recompensa de R$ 659 mil teria sido colocada sobre sua cabeça.

Após se formar, Abdul Jalil trabalhou como advogado no escritório do procurador-geral em Bayda, antes de tornar-se juiz, em 1978. Em 2002, foi nomeado presidente da Corte de Apelações. Seu último cargo antes de ser nomeado ministro da Justiça, em 2007, foi presidente do tribunal de Bayda.

Abdul Jalil ficou conhecido como um juiz que emitia veredictos contra o governo de forma regular, de acordo com o jornal The Wall Street Journal.

Tal reputação o levou a ser cooptado pelo filho de Gaddafi, Saif al Islam, que pretendia dar ao governo um ar reformista.

Como ministro da Justiça, Abdul Jalil foi elogiado por grupos de defesa dos direitos humanos e países ocidentais por seus esforços para reformar o Código Penal líbio.

De acordo com uma comunicação diplomática dos EUA em janeiro de 2010, ele era bem visto pela equipe do Ministério da Justiça e por vários juízes, que o consideravam justo, enquanto o embaixador dos EUA Gene Gretz descreveu um encontro que teve com ele como "positivo e encorajador".

Em uma atitude inédita, em janeiro de 2010, ele desafiou publicamente Gaddafi em um discurso televisado no Congresso Geral do Povo, declarando que pretendia pedir demissão devido ao que chamou de sua "inabilidade de superar as dificuldades que o setor judicial enfrenta".

Ele citou a prisão de 300 opositores do governo a despeito de veredictos que os absolviam, e a libertação de presos condenados à morte sem que as famílias de suas vítimas fossem informadas.

O pedido de demissão, entretanto, foi veementemente negado pelo líder líbio.

Quando os protestos começaram em Benghazi, no meio de fevereiro, o governo enviou Abdul Jalil para lidar com a rebelião. Após testemunhar ataques a tiros e a prisão de manifestantes pacíficos, ele pediu demissão do cargo de ministro. Dentro de dias, tornou-se presidente do Conselho Nacional Interino de Transição.

"Nos somos iguais aos povos de outros países, queremos as mesmas coisas", disse ele. "Queremos um governo democrático, uma Constituição justa, e não queremos ficar isolados do mundo".

No dia 9 de março, a TV estatal líbia afirmou que o governo Khadafi ofereceu R$ 659 mil por sua captura.

Abdul Hafez Ghoga - vice-presidente, porta-voz

Ghoga é um advogado de direitos humanos de Benghazi, e um líder comunitário. Foi acusado pelo filho de Gaddafi de trair seu país.

O ex-presidente da Associação de Advogados da Líbia foi preso no dia 19 de fevereiro, pouco após os protestos contra o governo, mas foi libertado dias depois.

Ele tornou-se proeminente depois de ter declarado ser porta-voz de um conselho interino que rivalizava com o criado por Mustafa Abdul Jalil.

Ghoga foi subsequentemente nomeado vice-presidente e porta-voz do Conselho Nacional Interino de Transição, no começo de março.

O filho de Gaddafi, Saif al Islam, trata Ghoga como um "vira-casacas". Ele disse ao jornal "Al Sharq al Awsat": "Há duas semanas ele estava sentado na tenda de Gaddafi rindo e aplaudindo, e até apareceu na rede de TV Al Jazeera defendendo a Líbia e o regime. E agora ele fala em derrubar o regime?"

Omar al Hariri - assuntos militares

Hariri é um dos oficiais que participaram do golpe que levou Khadafi ao poder em 1969. O ex-general foi preso mais tarde, depois de os dois terem brigado.

Hariri é membro da tribo farjan, que é baseada no oeste da Líbia e tem forte presença dentro e nos arredores da cidade natal de Gaddafi, Sirte.

Em entrevista ao jornal "Globe and Mail" no dia 2 de março, Hariri, de 67 anos, contou como havia ensinado Gaddafi a dirigir, quando os dois eram jovens oficiais. Os dois conspirariam para derrubar o rei Idris, em 1969.

Hariri disse lamentar que oficiais não tivessem um plano claro para a nova Líbia, e disse que não queria "cometer os mesmos erros".

"Dessa vez as pessoas serão nossas garantidoras", disse ele. "Elas elegerão um novo presidente e ele servirá por tempo limitado. Ele poderá ser removido se não servir ao povo. E, é claro, precisaremos de um Parlamento, de um sistema multipartidário".

Em 1975, enquanto servia como secretário-geral do gabinete revolucionário, Hariri começou a tramar para derrubar Khadafi, ao lado de seus colegas militares.

O complô foi descoberto e cerca de 300 homens foram presos. Quatro morreram sob tortura e 21 foram condenados à morte, incluindo Hariri.

Ele passou 15 anos na prisão esperando execução, quatro anos e meio em uma solitária.

Então, em 1990, Gaddafi inesperadamente comutou sua sentença e ele foi colocado sob prisão domiciliar, na cidade de Tobruk. Forças de segurança vigiavam-no de perto, até que a revolta começou.

Hariri, que é tratado como herói pelos rebeldes quando aparece em público, diz que o Conselho Nacional Interino de Transição deve "aconselhar" os jovens que iniciaram a revolta.

Ele acredita que o regime cairá, mas que Gaddafi não irá embora silenciosamente.

Mahmoud Jibril -assuntos estrangeiros

Sarkozy recebe Jibril e Issawi no Palácio do Eliseu

Antes da revolta, Jibril estava envolvido em um projeto chamado "Visão Líbia" com outros intelectuais, que buscavam estabelecer um Estado democrático. Ele também é chefe do conselho de crise do comitê rebelde.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, reconheceu o conselho como governo legítimo da Líbia após encontrar Jibril e Ali Issawi.

Nascido em 1952, Jibril tem mestrado em ciência política e é PhD em planejamento estratégico e tomada de decisões na Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia.

Após completar seu doutorado em 1984, ele ensinou planejamento estratégico na universidade por vários anos. Ele escreveu vários livros e liderou programas de treinamento em liderança em vários Estados árabes.

Ele tornou-se chefe do Conselho Nacional de Planejamento Líbio. Então, em 2009, foi nomeado presidente da Junta Nacional de Desenvolvimento Econômico, fundada em meados dos anos 2000 para encorajar o investimento e o crescimento econômico na Líbia. Ele se reportava diretamente ao primeiro-ministro.

Ali Issawi -assuntos estrangeiros

Issawi pediu demissão do cargo de embaixador na Índia no dia 21 de fevereiro em protesto contra o "uso de violência pelo governo contra seus cidadãos" e pela mobilização de "forças mercenárias estrangeiras contra líbios".

Nascido em Benghazi em 1966, Issawi tem PhD em privatização da Academia de Estudos Econômicos em Bucareste, Romênia. Em 2005, tornou-se diretor-geral do Programa de Expansão de Propriedades, um fundo do governo líbio que encoraja a privatização, e fundou o Centro para o Desenvolvimento de Exportação em 2006.

No ano seguinte ele tornou-se ministro da Economia, Comércio e Investimento. Ele foi o mais jovem a ocupar o cargo.

Após uma mudança no gabinete em março de 2009, Issawi foi deixado sem cargo. Uma mensagem diplomática dos EUA vazada dizia que a embaixada francesa em Trípoli acreditava que a medida tinha relação com "acusações de corrupção".

A mensagem dizia, entretanto: "Issawi tentou pedir demissão duas vezes ano passado devido a divergências com (o primeiro-ministro al Baghdadi Ali) al Mahmoudi, mas foi convencido a ficar".

Ahmed al Zubair Ahmed al Sanusi -presos políticos

O dissidente foi o mais longevo preso político da Líbia. Ele foi acusado de conspiração em uma tentativa de golpe contra Khadafi em 1970 e passou 31 anos na prisão, muitos deles na solitária. Foi libertado em agosto de 2001, na ocasião do 32 aniversário da revolução.

Zubair é o último descendente do rei líbio, Idriss al Sanusi, entre a liderança rebelde.

Fathi Mohammed Baja - Benghazi

Baja é educado nos EUA, professor de ciência política na Universidade de Benghazi e membro do conselho municipal de Benghazi.

Ele foi acusado pelo aparato de segurança do Estado líbio de escrever artigos críticos em relação ao governo.

Baja ajudou a elaborar um manifesto pela revolução, que tem dois fundamentos principais: unidade nacional e democracia.

Fathi Tirbil Salwa -jovens

Tirbil desempenhou um papel significativo no levante.

O jovem advogado e ativista ajudou a organizar uma manifestação pacífica em Benghazi no dia 15 de fevereiro, com famílias de cerca de 1.200 presos da notória prisão de Abu Salim, que foram massacrados por forças de segurança líbias em 1996, como retaliação a uma revolta na cidade.

Os manifestantes defendiam os direitos humanos, mas o Comitê Revolucionário local ordenou a prisão de Tirbil.

Quando manifestantes se reuniram em frente à delegacia em que Tirbil estava preso, pedindo sua libertação, a polícia abriu fogo contra o grupo.

Nos dias que se seguiram os protestos contra o governo em Benghazi cresceram e se espalharam por várias cidades do leste, antes de chegar a Trípoli.

Salwa al Dighaili - mulheres

Advogada baseada em Benghazi, é de uma família proeminente do leste da Líbia. Seu tio foi preso por atividades políticas.

Antes do levante, Dighaili desempenhou papel ativo na Associação de Advogados de Benghazi. Seus integrantes faziam campanha por reformas na lei e pelo fim da corrupção. Eles também pediam a substituição do chefe da associação, leal a Gaddafi. Ele foi demitido uma semana antes dos protestos, após uma visita à cidade do líder líbio.


Fonte: BBC Brasil
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EUA enviaram agentes à Líbia, diz agência; coalizão ataca Trípoli

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou uma ordem que autoriza o apoio secreto do governo norte-americano às forças rebeldes que tentam derrubar o ditador líbio, Muammar Gaddafi, disseram à agência Reuters funcionários do governo em condição de anonimato nesta quarta-feira.

Em reação, a Casa Branca não negou nem descartou a ação. As revelações chegaram horas após o chanceler líbio, Moussa Koussa, um dos mais importantes aliados de Gaddafi, anunciar sua deserção pouco após chegar ao Reino Unido. No fim da noite desta quarta-feira houve também relatos de que jatos da coalizão internacional intensificaram os ataques à Trípoli. A agência oficial líbia Jana confirmou que "um setor civil de Trípoli foi alvo, esta noite, de um bombardeio por parte do agressor cruzado e colonialista".

De acordo com a Reuters, Obama assinou a ordem nas últimas duas ou três semanas. Tais decisões são a principal forma de diretriz presidencial usada para autorizar operações secretas da CIA [agência de inteligência americana].

Segundo o "The New York Times", agentes da CIA foram enviados para a Líbia "em pequenos grupos" com a missão de estabelecer ligações com os rebeldes e determinar os alvos das operações militares. A mesma fonte indicou que "dezenas de membros das forças especiais britânicas e agentes do serviço de espionagem [britânico] MI6 atuam na Líbia", principalmente, para reunir informações sobre as posições das forças lealistas.

Em reação, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, recusou-se "a se manifestar sobre questões de inteligência". "Repito o que o presidente disse ontem (terça-feira): nenhuma decisão foi tomada sobre o fornecimento de armas à oposição ou a qualquer grupo que esteja na Líbia. Não descartamos, mas ainda não decidimos isso. Examinamos todas as possibilidades de ajudar os líbios", indicou em um comunicado.

O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que a coalizão de forças internacionais que está lançando ataques na Líbia não tem o direito de armar os rebeldes.

OBAMA FALOU À TV NBC SOBRE O ASSUNTO

Em entrevista à rede de TV NBC na noite desta terça-feira, Obama disse que Gaddafi está amplamente enfraquecido e "não tem o controle da maior parte da Líbia neste momento", acrescentando que não descarta a possibilidade de fornecer armas aos rebeldes.

A questão sobre armar ou não os rebeldes líbios para que possam fazer frente às forças leais a Gaddafi causa polêmica. Ontem, o secretário-geral da Otan, Andres Fogh Rasmussen, rejeitou a possibilidade.

Combatentes rebeldes, principalmente forças armadas com armas leves e em caminhonetes, disseram ter sido superados pela potência e alcance das armas de Gaddafi.

GADDAFI FORÇA RECUO DOS REBELDES

Mais cedo nesta quarta-feira, horas depois de retomar Ras Lanuf do controle dos rebeldes, as forças leais a Gaddafi expulsaram os militantes do porto petroleiro de Brega. A informação foi confirmada pelos próprios rebeldes em Ajdabiyah, cidade situada 80 km a leste de Brega, que disseram poder ouvir tiros de canhão na região.

A reconquista de Brega poucas horas depois da de Ras Lanuf confirma a rápida progressão do Exército governamental rumo ao leste do país, reduto dos insurgentes. Após o rápido avanço registrado em 27 de março, quando os rebeldes recuperaram quatro cidades --Ajdabiyah, Ras Lanuf, El Aguila e Bin Jawad-- em 48 horas, os milicianos revolucionários começaram a retroceder devido aos bombardeios da artilharia de Gaddafi, que disparava desde o Vale Vermelho, perto de Sirte.

Fonte: Folha
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quarta-feira, 30 de março de 2011

Dilma afirma que Brasil pode ajudar Portugal, mas exige garantias

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A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira, em Coimbra, que o Brasil poderá ajudar economicamente Portugal, mas condicionou a possível compra de títulos da dívida portuguesa à apresentação de garantias de pagamento.

A afirmação foi feita antes do cancelamento dos encontros que ela teria na tarde desta quarta-feira, em Lisboa, com o primeiro-ministro português, José Sócrates, e com o presidente do país, Aníbal Cavaco Silva, nos quais a questão de uma possível ajuda poderia ser discutido. Os encontros foram cancelados após a presidente decidir antecipar seu retorno a Brasília por causa da morte do ex-vice-presidente José Alencar.

Portugal enfrenta grandes dificuldades financeiras desde o início da crise das dívidas soberanas na Europa.

Segundo Dilma, a legislação brasileira sobre o uso das reservas do governo limitam a possibilidade da compra dos títulos da dívida portuguesa ao exigir que eles tenham classificação AAA pelas agências de risco, considerada a mais segura.

Na terça-feira, os títulos da dívida portuguesa tiveram sua avaliação rebaixada pela agência de classificação de risco Standard & Poors, perdendo o nivel AAA. Na semana passada, as agências Fitch e Moodys já haviam rebaixado os títulos portugueses.

"A única alternativa que vimos para esse caso é a possibilidade de comprar títulos que não são AAA com garantias”, afirmou Dilma. “Ou garantia real, ou de algum ativo que supra essa deficiência. Isso é uma questão de negociação", disse.

Segundo a presidente, o governo brasileiro "fará tudo o que for possível para ajudar Portugal, mas dentro da nossa legislação".

"Queremos sempre ajudar, porque Portugal não é um parceiro qualquer do Brasil", disse ela, citando os laços históricos e culturais entre os dois países.

Dilma disse ainda não ter recebido nenhum pedido formal de ajuda de Portugal, mas admitiu que já houve consultas sobre a possibilidade. "Já houve várias discussões a respeito, mas nada conclusivo", disse.

Mal-estar

O principal motivo da visita de Dilma a Portugal é prestigiar a cerimônia de entrega do título de honoris causa da Universidade de Coimbra a Luiz Inácio Lula da Silva, na manhã desta quarta-feira.

Mesmo após receberem a notícia da morte de José Alencar, Dilma e Lula decidiram ficar para a cerimônia e retornar a Brasília somente no final da manhã.

Durante a curta entrevista que concedeu pouco após uma visita à universidade, na tarde desta terça-feira, Dilma negou que haja um mal-estar entre ela e o ex-presidente.

As mudanças de rumo adotadas pelo governo de Dilma na política externa brasileira são vistas por muitos analistas como um possível motivo de discórdia entre os dois.

"O mal-estar é de vocês", disse ela ao ser questionada sobre o assunto. "Eu e o presidente Lula não temos nenhum mal-estar", afirmou.

"Vocês podem tentar tudo, mas é impossível separar a minha trajetória da trajetória do presidente Lula", afirmou, advertindo: "Isso não significa que eu e ele sejamos as mesmas pessoas".

Segundo ela, os dois vêm se encontrando regularmente, a cada 15 dias. "Sempre temos muito o que conversar", disse Dilma.

"Tenho com o presidente Lula um acúmulo de experiência comum que para mim é muito importante. Ele para mim é um grande interlocutor", afirmou. "O presidente Lula é um estadista, praticamente reconhecido no mundo inteiro", disse.

"Estou hoje aqui principalmente porque acredito que é uma homenagem merecida (a Lula)", disse.

Fonte: BBC Brasil
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Para Rússia, coalizão não tem o direito de armar rebeldes líbios

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O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse nesta quarta-feira que a coalizão de forças internacionais que está lançando ataques na Líbia não tem o direito de armar os rebeldes que lutam contra as forças do líder líbio Muamar Khadafi.

A declaração aconteceu depois de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e outros líderes da coalizão que realiza ataques na Líbia indicarem que essa é uma possibilidade que está sendo analisada.

Lavrov disse ao canal de TV russo Rossiya 24, em Moscou, que a Rússia concorda com a posição da Otan de que, de acordo com a resolução 1973 da ONU, que autorizou a ofensiva, os ataques da coalizão têm como objetivo apenas proteger a população e não armá-la.

"Ouvimos declarações de que a coalizão não pretende tomar o lado de ninguém na guerra civil que está acontecendo na Líbia, mas vozes contraditórias também foram ouvidas. O ministro das Relações Exteriores francês disse que a França estava preparada para discutir o fornecimento de armas para a Líbia com os membros da coalizão”, explicou o chanceler.

“Imediatamente depois disso, o secretário-geral da Otan, (Anders) Fogh Rasmussen, disse que a operação na Líbia está sendo feita para proteger, mas não armar a população civil. Nós concordamos completamente com o secretário-geral."

Confusão

Lavrov disse ainda que a rapidez com que a resolução foi redigida e aprovada gerou a confusão sobre até onde vai sua área de atuação. A Rússia se absteve da votação da resolução no Conselho de Segurança da ONU.

"Nós propusemos uma redação específica, mas infelizmente os coautores (da resolução) estavam com pressa. Apesar disso - eu repito - a parte específica que descreve o modo como a força pode ser usada para defender os civis poderia ter sido consideravelmente melhorada."

Segundo o ministro russo, a "falta de clareza" da resolução é o motivo de que aconteçam "alguns incidentes ambíguos em termos da implementação dessa resolução pelos países que se ofereceram para colocá-la em prática".

Lavrov disse ainda que Moscou está contente que este assunto tenha sido discutido durante a cúpula internacional em Londres, mas que a Rússia ainda espera maiores esclarecimentos sobre as decisões que foram tomadas durante a reunião.

Encontro

Na terça-feira, cerca de 40 enviados dos países-membros da coalizão que realiza a ofensiva militar na Líbia, da Otan, da Liga Árabe e da ONU, se reuniram em Londres e prometeram manter a pressão para que Khadafi abandone o poder.

Durante o encontro, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton e, separadamente, o chanceler britânico, William Hague, sugeriram que a resolução da ONU autorizando a ação internacional na Líbia poderia permitir o envio de armas aos rebeldes.

Segundo Hillary, apesar de sanções aprovadas pela ONU proibirem o fornecimento de armas à Líbia, essa proibição não se aplica mais após a resolução 1973, que autorizou a ação militar e prevê o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea na Líbia e “todas as medidas necessárias” para proteger “civis e áreas habitadas por civis” de ataques por parte das forças do coronel Khadafi.

"É nossa interpretação que (a resolução do Conselho de Segurança da ONU) 1973 alterou e substituiu a proibição absoluta de armas para a Líbia", disse Hillary.

Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro britânico David Cameron reforçou a mesma ideia durante seu discurso no parlamento.

"A resolução 1973 da ONU autoriza todas as medidas necessárias para proteger civis e áreas habitadas por civis, e nossa visão é a de que isso não necessariamente exclui a provisão de assistência àqueles que protegem os civis em certas circunstâncias, disse.

Também nesta quarta-feira, Hague anunciou que cinco diplomatas líbios, incluindo o adido militar do país, estão sendo expulsos da França.

Segundo oficiais britânicos, eles estariam assediando membros da oposição líbia da Grã-Bretanha.

Fonte: BBC Brasil
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Brasil fica em 2º lugar em investimentos de tecnologia entre os BRICs

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O Brasil ficou na 2ª posição entre o BRIC (acrônimo para o país mais Rússia, Índia e China) em uma lista que mensura os esforços para ampliar o uso de tecnologias digitais como a internet e celulares entre seus habitantes, de acordo com um levantamento divulgado nesta quarta-feira.

O Digital Inclusion Index, compilado pela Maplecroft, uma empresa de análise de riscos, classifica a Índia, a pior colocada com 34 pontos, na categoria "risco extremo", o que significa que sua população e economia estão sendo sufocadas pela falta de 'inclusão digital'.

A Maplecroft utiliza dez indicadores para determinar o nível de acesso a tecnologias de informação e comunicação em 186 países, entre os quais usuários de telefonia móvel e banda larga, linhas fixas de telefonia e domicílios com computadores e televisores.

A Rússia teve 134 pontos. Já a China conseguiu 103.

Como os demais países BRIC, os indianos são favoráveis ao uso de tecnologias modernas e existe vigorosa demanda, especialmente por celulares, mas boa parte dela vem dos segmentos mais prósperos da população, que habitam áreas urbanas.

A Índia tinha 771 milhões de usuários de telefonia móvel em janeiro, e com novas adições de 19 milhões de usuários mensais, em média, no ano passado, seu mercado tem o maior crescimento do planeta.

Mas a disparidade entre áreas urbanas e rurais significa que o avanço dos serviços de terceira geração, que permitem acesso sem fio à internet, terá importância imensa para as áreas rurais, pois representa a forma mais provável de acesso para os moradores dessas regiões.

A Maplecroft afirmou que as principais barreiras a um avanço maior eram custo, baixo nível educacional e baixa conectividade em muitas áreas do país.

O relatório afirma que a tendência também existe nos demais países do Bric, mas em grau menor. A Holanda e a Dinamarca lideram o ranking, com 185 pontos; Luxemburgo tem 184, a Suécia, 183, e o Reino Unido, 182.

A Maplecroft afirmou que a China tem o maior total mundial de internautas, com 420 milhões, e deve se tornar o maior mercado mundial de comunicação e tecnologia da informação, mas alertou que a liberdade da Internet ainda é problema sério no país.

"Apesar dos esforços do governo chinês para expandir a conectividade de Internet em todo o país, por esta ajudar o crescimento econômico, a internet continua pesadamente controlada", afirma o estudo.

A África ao sul do Saara tem o pior desempenho em termos de disponibilidade de serviços digitais, segundo o relatório.

Fonte: Folha
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Aliados mantêm ação na Líbia; Otan rejeita armar rebeldes

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Ao fim da conferência de quase 40 países em Londres para debater as "direções políticas" que a Líbia deve seguir, o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Anders Fogh Rasmussen, comentou uma das principais questões pendentes após a reunião e disse que a aliança não pretende armar os rebeldes.

As posições divulgadas pelo chanceler britânico, William Hague, e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, logo após o término do encontro deram a entender que o tema não havia sido debatido.

Relatos posteriores, no entanto, indicam que o fornecimento de armamentos aos rebeldes, assim como medidas adicionais para forçar a saída do ditador Muammar Gaddafi e a hesitação dos países árabes em contribuir com a coalizão podem ter sido centrais nas discussões a portas fechadas.

Outra questão pendente seria a intenção manifestada ontem (28) pelo presidente dos EUA, Barack Obama, de repassar aos rebeldes os cerca de US$ 30 bilhões pertencentes a Gaddafi que estão congelados no país.

Enquanto isso, na Líbia, pela primeira vez em dez dias de operações os aviões da coalizão bombardearam a capital Trípoli durante o dia. Os ataques ocorrem horas após as forças leais a Gaddafi terem forçado os rebeldes a recuar.

Entrevistado pela emissora britânica Sky News sobre a possibilidade de fornecer armamentos aos opositores líbios que combatem as forças leais ao ditador Maummar Gaddafi, Rasmussen respondeu: "A resolução do Conselho de Segurança é clara: ela exige a imposição de um embargo sobre as armas. Nós estamos lá, então, para proteger a população e não para armá-la".

Rasmussen foi entrevistado ao término de uma reunião com a presença de quase 40 países e organizações, em Londres, que estabeleceu oficialmente um Grupo de Contato encarregado de conduzir politicamente as ações na Líbia.

Embora o chanceler britânico tenha indicado em coletiva que o fornecimento de armas aos rebeldes não foi discutido na conferência, o premiê do Qatar, Xeque Hamad bin Jassim bin Jabr al Thani, sugeriu que outras ações podem ser consideradas caso os aliados cheguem à conclusão de que os ataques aéreos não são suficientes para conter os avanços de Gaddafi.

A França também se declarou pronta a discutir uma potencial ajuda militar aos rebeldes.

"Não é o que prevê a resolução 1973, nem a resolução 1970. Por enquanto, a França se limita à estrita aplicação destas resoluções. Isso dito, estamos prontos a discutir sobre o assunto com nossos parceiros", declarou o chanceler francês, Alain Juppé.

ATAQUES SEGUEM ATÉ GADDAFI ACATAR ONU

Em entrevista coletiva após a reunião após a reunião em Londres, William Hague disse que não existe um futuro para o país com a presença de Gaddafi.

Ao lado do primeiro-ministro do Qatar, Xeque Hamad bin Jassim bin Jabr al Thani, Hague apresentou os principais temas discutidos na conferência e disse que as operações continuarão no país até que três condições sejam supridas pelo regime: um cessar-fogo total, o fim dos ataques aos civis e a permissão de ajuda humanitária aos atingidos.

Respondendo a perguntas, William Hague deixou claro que os objetivos da missão não incluem a mudança de regime e que até o momento os países que contribuem com a zona de exclusão aérea decidiram não armar a oposição, e sim manter somente os ataques aéreos contra as forças de Gaddafi.

"Esforços para proteger o povo líbio precisam e vão continuar", disse Hague.

Mais cedo, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que os ataques da coalizão internacional continuarão na Líbia até que Gaddafi passe a obedecer às exigências da ONU (Organização das Nações Unidas).

Os bombardeios continuarão "até que Gaddafi cumpra plenamente os termos da [resolução da ONU] 1973, cesse seus ataques contra os civis, retire suas tropas dos lugares onde entraram por meio da força e permita a todos os civis receber ajuda humanitária e serviços básicos", declarou a chefe da diplomacia americana.

Além das inúmeras investidas contra os civis, Gaddafi é acusado de manter cidades como Misrata, no oeste, cercadas por suas tropas e sem acesso à energia elétrica, água e serviços de telecomunicações há semanas.

Hillary disse ainda que é necessário aumentar a pressão sobre o regime, até que o ditador renuncie ao poder.

"Todos nós precisamos continuar aumentando a pressão e o isolamento do regime de Gaddafi através de outros meios também. Isto inclui uma frente unificada de pressão política e diplomática que deixe claro a Gaddafi que ele precisa renunciar", acrescentou.

OPERAÇÕES

Logo no início da coletiva, Hague disse que recebeu cartas de líderes rebeldes agradecendo pelos ataques da coalizão e dizendo que os bombardeios não causaram a morte de civis, ao menos nas ações contra a cidade de Misrata.

O chanceler britânico agradeceu ainda a participação do Qatar, país-membro da Liga Árabe, nas operações na Líbia.

Entre os resultados atingidos estão a destruição total das defesas antiaéreas de Gaddafi, defendeu Hague.

Já o premiê do Qatar afirmou que os ataques aéreos deverão ser reavaliados dentro de alguns dias para medir sua eficiência.

"Nossa opinião é de que os ataques aéreos devem ser avaliados após um tempo para que se determine se estão funcionando ou não. Não estamos falando em invadir o país, mas precisamos avaliar, porque não podemos deixar a população sofrer por tanto tempo", disse al Thani.

A conferência decidiu ainda manter as reuniões do Grupo de Contato, formado pelos países que contribuem com a zona de exclusão aérea na Líbia, que deve atuar em parceria com as Nações Unidas, a União Africana, a Liga Árabe, a Organização da Conferência Islâmica e a União Europeia.

A próxima reunião será presidida pelo Qatar.

Questionado sobre a participação de mais países árabes além do Qatar e dos Emirados Árabes Unidos, o premiê qatariano limitou-se a dizer que espera que outras nações juntem-se ao grupo.

Fonte:Folha
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Aliados já discutem a Líbia pós-Gaddafi

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Os países líderes da operação militar na Líbia começaram a discutir planos para depois da eventual queda do ditador Muammar Gaddafi.

O presidente dos EUA, Barack Obama, defendeu em pronunciamento na TV uma transição na Líbia, embora negue que esse seja o objetivo das operações militares.

Ele insistiu em que Gaddafi tem que sair do poder e disse que a comunidade internacional terá de reconstruir as instituições líbias depois.

"Enquanto nossa missão militar é definida estreitamente em salvar vidas, continuamos a perseguir o objetivo maior de uma Líbia que pertence não a um ditador, mas a seu povo", afirmou.

Sob críticas domésticas, o presidente defendeu a ação tanto em termos morais como pelo interesse dos EUA, algo que foi chamado ontem na imprensa americana de "doutrina Obama".

Ou seja, a força é usada não só em situações em que interesses vitais estão em jogo, mas também para defender valores americanos.

O presidente caracterizou Gaddafi como um tirano brutal que "negou liberdade a seu povo, explorou sua riqueza, assassinou oponentes em casa e no exterior e aterrorizou inocentes".

Obama e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, participaram ontem de uma teleconferência com o premiê do Reino Unido, David Cameron, e a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel.

Durante a teleconferência, foi debatido um plano para tentar assegurar o futuro sem o ditador líbio.

Em declaração conjunta, Sarkozy e Cameron voltaram a defender que Gaddafi deixe o poder já e aconselharam que seus aliados o abandonem "antes que seja tarde".

Chanceleres dos membros da coalizão têm reunião prevista para hoje, em Londres, para discutir os rumos das operações, cujo comando está sendo assumido pela Otan (aliança militar ocidental).

Segundo o presidente americano, estará em pauta "o tipo de esforço político necessário" para pressionar Gaddafi e "apoiar a transição para o futuro".

Ao mesmo tempo, diplomatas dos EUA dizem estar recebendo informações de que Gaddafi busca um modo seguro de deixar o poder.

Antes da reunião londrina, o chanceler da Itália, Franco Frattini, propôs-se a mediar um cessar-fogo e sugeriu que o ditador da Líbia se asile em um outro país africano.

ATAQUES DE ONTEM

Os insurgentes líbios continuaram se aproximando de Sirte -cidade de importância estratégica na direção da capital, Trípoli- após retomarem os polos petrolíferos de Ras Lanuf e Bin Jawad.

Um porta-voz rebelde chegou a anunciar a tomada da cidade, não confirmada.

Apesar de Sirte ter sido alvo de novos ataques aliados, anteontem à noite e ontem de manhã, o avanço da insurgência foi contido a cerca de 80 km da cidade pelas tropas de Gaddafi, que receberam reforços vindos de Trípoli.

Dúvidas sobre a operação

1 Qual é o objetivo dos ataques da coalizão?

Segundo a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU (com dez votos favoráveis e cinco abstenções, incluindo a do Brasil), deveria ser implantar uma zona de exclusão aérea na Líbia e impedir que civis sejam mortos

2 Muammar Gaddafi é um alvo legítimo?

Há controvérsias na própria coalizão. Comandantes militares afirmam que a derrubada do ditador líbio não faz parte da missão; governos como o do Reino Unido, porém, defendem que Gaddafi seja alvo se se constatar que sua ação ameaça a vida de civis

3 Há algum tipo de coordenação entre os rebeldes da Líbia e a coalizão?

Oficialmente não, mas os ataques da coalizão, que começaram no dia 19 de março, foram fundamentais para que os rebeldes avançassem. Além disso, Sirte, onde em tese não há risco a civis, tem sido bombardeada pelos aliados nos últimos dias; tomar a cidade seria decisivo para os insurgentes

4 O ditador líbio ainda tem força militar?

Sim. Segundo os EUA, por terra, ela é considerável, especialmente em torno de Sirte, que é a cidade natal de Gaddafi, e da capital, Trípoli. Os americanos avaliam que, sem os bombardeios, o avanço rebelde seria fácil de reverter

5 Até quando vai a operação na Líbia?

Não há previsão. Fontes da Otan -a aliança militar ocidental, que está assumindo o comando das ações- chegaram a falar em três meses. Em reunião da União Africana sem participação de rebeldes, a Líbia já se disse disposta a acordo para a transição do regime.

Fonte: Folha
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José Alencar morre aos 79 anos em São Paulo

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O ex-vice-presidente da República José Alencar morreu às 14h41 desta terça-feira, aos 79 anos, no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, vítima de câncer. Ele foi internado ontem com quadro de suboclusão intestinal.

Segundo nota do hospital, Alencar teve falência múltipla de órgãos, em decorrência de um câncer na região abdominal. Ele enfrentava a doença havia mais de 15 anos, passou por 17 cirurgias e várias internações.

Por conta do tratamento, ele decidiu que não concorreria às eleições em outubro, por considerar uma injustiça com os eleitores.

No aniversário da cidade de São Paulo, em 25 de janeiro, ele foi homenageado em cerimônia na Prefeitura de São Paulo, com presença da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula, do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito Gilberto Kassab (DEM).

Em novembro, após sofrer um infarto agudo do miocárdio, Alencar chegou a interromper o tratamento contra o câncer por alguns dias. De lá para cá, o sarcoma teve "progressão clara", segundo o oncologista Paulo Hoff, da equipe médica responsável pelo ex-vice.

COTEMINAS

O ex-vice entrou na política graças a sua atuação empresarial bem sucedida. O sucesso frente à Coteminas, uma das maiores indústrias de tecido do Brasil, o levou para instituições que o colocaram em contato direto com a sociedade civil.

Alencar passou pelas associações comerciais de Caratinga e de Ubá, pela Associação Comercial de Minas e pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte. Essa trajetória culminou com sua eleição para presidente da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), que o projetou nacionalmente.

Os recursos do Sesi e do Senai --ligados à FIEMG-- o colocou em contato com setores ligado à educação, cultura, saúde, esporte e lazer.

POLÍTICA

A visibilidade em Minas impeliu Alencar a entrar para a política, e em 1993 ele se filiou ao PMDB. No ano seguinte, ele se lançou candidato ao Governo de Minas, quando ficou em terceiro lugar. Em 1998, ele tentou uma vaga no Senado Federal por seu Estado: acabou eleito com quase 3 milhões de votos.

No Senado, foi presidente da Comissão Permanente de Serviço de Infraestrutura, membro da Comissão Permanente de Assuntos Econômicos e membro da Comissão Permanente de Assuntos Sociais.

PLANALTO

O passo mais importante na política, no entanto, aconteceu na eleição presidencial de 2002, quando, já pelo PL, ele foi o vice na chapa vencedora encabeçada pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva.

No início, Alencar foi um vice polêmico. Ele se notabilizou como um dos principais críticos da política econômica do governo. Suas farpas miravam principalmente a política de juros altos do governo, que tentava, com isso, conter a inflação.

As críticas renderam reclamações da equipe econômica e conversas reservadas com o
presidente.

Mas foi a pedido de Lula que a partir de 2004 ele passou a acumular os cargos de vice-presidente e de ministro da Defesa. Ele comandou o ministério até março de 2006.

Foi também naquele ano que a dupla Lula-Alencar disputou e venceu a reeleição presidencial, o que permitiu sua permanência no poder até o final do mandato.

Alencar, casado com Mariza Campos Gomes da Silva, deixa três filhos (Maria da Graça, Patrícia e Josué) e cinco netos: Ricardo, Geovana, Barbará, Josué e Davi.

PATERNIDADE

Em julho do ano passado, o ex-vice foi declarado oficialmente pai de Rosemary, depois do julgamento de uma ação de reconhecimento de paternidade ajuizada por ela em 2001. Na ocasião, o juiz José Antonio de Oliveira Cordeiro, da comarca de Caratinga, determinou que ela passasse a usar o mesmo sobrenome dele.

A professora alega ser fruto de um romance entre Alencar e a enfermeira Francisca Nicolina de Morais, em 1954, quando ambos moravam em Caratinga.

Na ocasião, Alencar negou ser pai de Rosemary e chegou a insinuar que a mãe dela era prostituta, alegando que "são milhões de casos de pessoas que foram à zona".

Em setembro, conseguiu uma liminar impedindo que ela alterasse a certidão de nascimento para incluir o sobrenome de Alencar.

'Brasil deve a Alencar muito do que aconteceu'

"O José Alencar morreu?", perguntou o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) ao ser informado por jornalistas, no Palácio do Planalto, da morte do ex-vice-presidente. Carvalho, que foi chefe de gabinete do ex-presidente Lula desde 2003, dava entrevista sobre uma reunião realizada mais cedo no Palácio do Planalto, com centrais sindicais e representantes de empreiteiras.

Ao saber da notícia, ficou visivelmente abalado. Chegou a cambalear e começou a passar os dedos da mão direita na palma da outra mão, nervosamente. Depois de dez segundos de silêncio, começou a falar.

"Bem, eu não esperava essa informação, embora a gente estivesse acompanhando. No entanto, ele deu tantos bailes nos médicos, a gente achava que ele ia poder ainda aguentar mais um pouco no meio de nós", disse Gilberto Carvalho.

"Acho que vocês não podem ter noção da importância que o José Alencar teve para o presidente Lula e para todos nós, nesses oito anos. A nossa gratidão a ele é eterna, e o Brasil deve a ele muito do que aconteceu nesse tempo, porque foi o equilíbrio dele, foi a ternura dele, a amizade dele que nos confortou nas horas mais difíceis. Então, eu queria dizer para o José Alencar que ele fica aqui no meio de nós. Ele está no nosso coração e no coração de todos os brasileiros."


Fonte: Folha
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terça-feira, 29 de março de 2011

Ocidente rasga resolução do Conselho de Segurança ao apoiar os rebeldes

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Independentemente do seu desfecho, a campanha liderada pelo Ocidente na Líbia já entra para a história como mais um capítulo de inobservância das leis internacionais.

Se por um lado fica evidente que os EUA sob o presidente Barack Obama tentaram dar um verniz legal à ação advogada por seus colegas europeus, ao insistir por uma resolução no Conselho de Segurança da ONU sobre o tema, também é claro que esta acabou sendo desrespeitada integralmente.

Desde o começo, foi alvejada não só a infraestrutura de defesa antiaérea de Muammar Gaddafi.

Foram bombardeadas também posições de forças terrestres. Ainda seria possível argumentar que isso faria parte do compromisso central da resolução: proteger civis "por todos os meios necessários".

Ao fim da semana passada, a ofensiva mudou de natureza. Além da zona de exclusão aérea, o que o Ocidente passou a fazer foi dar apoio às tropas rebeldes.

Até o começo dos ataques, as forças de Gaddafi tinham retomado o controle de cidades importantes como Ras Lanuf, e batido às portas do principal bastião rebelde, Benghazi.

Agora, o movimento contrário ocorre, com as bombas ocidentais abrindo caminho para o avanço das picapes rebeldes.

Isso implica tomar lado pela deposição de Gaddafi, o que não está previsto na resolução da ONU.

Não que Nicolas Sarkozy, em busca de reeleição, e David Cameron, atrás de alguma agenda positiva em meio a seus cortes orçamentários, estejam preocupados. Mas há outros problemas.

Sem o apoio da Otan, é previsível que os rebeldes não tenham como tomar o poder em Trípoli.

Mesmo um cessar-fogo agora deixaria Gaddafi em posição de força contra eles, e nada indica até aqui que ele pretenda entregar facilmente o jogo.

Resta matá-lo em um bombardeio "impreciso" -aspas propositais. Mesmo se isso acontecer, os rebeldes parecem demasiadamente descentralizados para a negociação política com o que tenha sobrado do Estado líbio.

Especula-se então o papel de forças mediadoras africanas ou árabes/islâmicas, já que o Ocidente não quer se meter em mais um atoleiro. O cenário sugere guerra civil, e aí teremos de ver quais civis serão protegidos e como.


Fonte: Folha
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segunda-feira, 28 de março de 2011

Ascensão chinesa 'preocupa EUA e Europa mas é bem vista na África'

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Uma pesquisa feita em 27 países a pedido do Serviço Mundial da BBC revelou que a ascensão econômica e militar da China gera preocupações nos países ricos, mas que a potência asiática é bem vista pelas nações emergentes.

O levantamento ouviu quase 27 mil pessoas. No Brasil, onde as opiniões negativas da China diminuíram em relação à primeira edição da pesquisa, foram feitas 800 entrevistas em nove capitais do país.

Em média, 50% das pessoas ouvidas mundialmente disseram ter uma visão positiva da ascensão econômica chinesa, enquanto 33% disseram ter uma visão negativa.

Comparada com 2005, a visão negativa aumentou nos Estados Unidos, México e Canadá, e nos países mais avançados da Europa (França, Canadá, Alemanha, Itália).

"Atingidos em cheio pela depressão econômica, os cidadãos dos países do G7 (o grupo das nações mais industrializadas do planeta) estão menos seguros de como competir com a China, tão presente hoje nas suas vidas", explicou o presidente da empresa responsável pela pesquisa, GlobeScan.

"Não há dúvida de que a ascensão da China, junto com um sentimento de estagnação e paralisação entre os países ocidentais, é psicologicamente perturbador", afirmou à BBC o premiado articulista do jornal The New York Times Tom Friedman.

Mas esse ponto de vista é contrabalançado pela visão amplamente positiva da ascensão chinesa em países africanos que têm se beneficiado de investimentos chineses em infraestrutura e recursos naturais, como Nigéria, Quênia e Gana (82%, 77% e 62% de visão positiva, respectivamente).

Também no Brasil a China goza de uma imagem melhor: de 2005 para cá, as opiniões negativas do crescimento chinês caíram nove pontos, para 26%. As visões positivas somaram 44%.

Na América do Sul, a visão da China também é majoritariamente positiva no Peru (65%).

Potência militar

Já a ascensão militar da China é vista com mais reservas pelos entrevistados na pesquisa. O Japão foi o país onde a visão negativa superou com mais folga a positiva (88%, contra menos de 1% de visão positiva).

Na Coreia do Sul e na Austrália a visão negativa foi 76% e nos EUA, 79%.

As divergências voltaram a se repetir entre os países da Europa ocidental (que veem o poderio militar chinês com cada vez mais reservas) e os africanos e emergentes asiáticos, para quem o crescimento militar de Pequim preocupa menos.

No Brasil, a visão negativa superou a positiva (46% - 29%), assim como no México (53% - 17%).

O analista de Economia da BBC, Andrew Walker, disse que a visão da China é reforçada pelas diferentes percepções das relações econômicas chinesas no mundo.

Os respondentes que consideraram "injustas" as relações comerciais da China estão majoritariamente nos países da Europa ocidental, nos EUA e em seus parceiros econômicos, no Japão e na Coreia do Sul.

Walker lembra que a China é acusada, nos meios empresariais e políticos, de manter seu câmbio artificialmente desvalorizado – o que aumenta a competitividade dos produtos chineses no exterior.

Já na África, nos emergentes asiáticos, e no Chile e no Peru a percepção é de que a China atua corretamente. A questão não foi colocada para os brasileiros.

Fonte: BBC Brasil
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Multidão protesta em Londres contra cortes nos serviços públicos

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Na maior manifestação popular vivida na capital britânica em uma geração, uma multidão estimada em mais de 300 mil pessoas superlotou as ruas dos quarteirões políticos mais importantes de Londres neste sábado, três dias depois de o governo anunciar o orçamento para o próximo ano fiscal, com mais de 30 bilhões de libras em cortes nos gastos públicos. A caminhada – que durou mais de cinco horas e superou de longe a expectativa inicial dos organizadores – teve como objetivo demonstrar oposição às medidas de austeridade defendidas pela coalizão governista.

A maior manifestação coordenada por um sindicato em duas décadas no país trouxe pessoas de todas as partes, em mais de 600 ônibus fretados e até mesmo trens. Estima-se que a demanda por transporte para Londres tenha superado a oferta, limitando o comparecimento dos ativistas.

“Foi fantástico”, disse Paul Nowak à reportagem de Carta Maior, sentado ao lado do palco montado no Hyde Park para abrigar o ápice do evento e o fim da marcha. O dirigente da Trades Union Congress (TUC), central sindical que organizou a manifestação, comemorava a presença de “pessoas que nunca estiveram antes em uma manifestação política em suas vidas, dizendo em uma só voz que os cortes não são a cura”.

Quem percorresse o percurso da manifestação poderia testemunhar os motivos da alegria de Nowak. Assombrosa em diversidade, a Marcha para a Alternativa era composta de aposentados a estudantes, passando por famílias empurrando carrinhos de bebê. Muitos deles tendo viajado horas para estar lá. Eram 4,5 mil policiais e seguranças contratados pela TUC, trabalhando mais para orientar o público do que para manter a ordem. “Tivemos um quarto de milhão de pessoas e quase nenhum problema”, afirmava uma postagem em uma página especial montada na internet pela polícia para se comunicar com os manifestantes.

Às 11h da manhã, uma hora antes do combinado para o início da manifestação, os organizadores enviavam mensagens pela internet pedindo que as pessoas que ainda não tinham chegado procurassem desembarcar em estações de metrô diferentes a fim de evitar aglomeração. Eram 15h30 quando os organizadores anunciaram que as últimas pessoas estavam finalmente passando pelo ponto de partida.

O peculiar senso de humor britânico permeou toda a marcha. Dois ativistas construíram uma réplica de um tanque de guerra de cerca de dois metros e meio por três. Pintaram o símbolo da paz nas laterais do carro e desfilavam, empurrando o veículo da “guerra contra os cortes” tal como Fred Flintstone e Barney Rubble, do desenho animado da Hanna-Barbera. Até música tinha a invenção, e a trilha sonora variava de temas de filmes de guerra antigos a uma sugestiva Let's Lynch The Landlord, da clássica banda punk californiana Dead Kennedys.

“Estou marchando pois acredito que esses cortes vão destruir tudo de bom que existe em nossa sociedade”, disse Harriet Bradley, professora na Universidade de Bristol, a 170 quilômetros a oeste de Londres. Sentada ao pé de um monumento para recuperar o folêgo quando a manifestação já andava a mais da metade de seu percurso, ela se mostrou feliz com o a quantia de pessoas na marcha, porém temerosa com o futuro do “estado de bem estar social que foi construído depois da guerra e que é o nosso orgulho e alegria”.

“Eu nasci em 1945, no final da guerra, então eu cresci com educação pública e gratuita, eu fui para a universidade, eu tive acesso à saúde pública por toda minha vida e tudo isso agora está indo com os planos do governo, que são um assalto ideológico à esfera pública”, afirmou Bradley. Assim como uma boa parte do público, que carregava cartazes propondo uma greve geral, Bradley acredita que é preciso fazer mais que isso para impedir o avanço das reformas conservadoras.

Sam (que não forneceu o sobrenome), um norte-americano aposentado que mora em Liverpool e milita no Keep Our NHS Public (Mantenha o nosso Sistema Nacional de Saúde Público), segurava uma faixa em defesa do sistema de saúde britânico. “Eu sei como é quando o sistema público de saúde é destruido”, disse. “O NHS foi uma das grandes conquistas do últimos 100 anos e a idéia de os serviços de saúde serem providenciados através do mercado é uma besteira completa – eu desafio qualquer um a mostrar evidências de que o mercado pode fornecer um serviço melhor do que o setor público”, diz referindo-se ao sistema no seu país natal.

Sam acredita que os movimentos populares estão começando a se organizar e essa é a única solução possível para pressionar o governo a mudar os planos de privatização do sistema de saúde.

Ele vê uma relação entre os movimentos populares que começam a se manifestar nos EUA e na Inglaterra, muito em função do que ele considera uma postura do Partido Trabalhista (Grã-Bretanha) e do Partido Democrata (EUA) de virar as costas para o povo.

Certamente uma opinião não compartilhada pelo líder dos trabalhistas, o oposicionista Ed Miliband, Ele subiu ao palco no Hyde Park para um discurso e atacou o governo. “Sabemos o que o governo vai dizer: que essa é a marcha da minoria. Eles estão errados”. Miliband, assim como boa parte da manifestação, usou de uma expressão cunhada pelo primeiro ministro para descrever o que irá substituir os serviços públicos quando eles se forem – A Grande Sociedade, composta por pessoas das comunidades em trabalhos voluntários.

“Vocês queriam criar a “grande sociedade” - essa é a grande sociedade. A grande sociedade unida contra o que esse governo está fazendo nesse país”.

A manifestação, pacífica em sua grande maioria, parecia estar pronta para um desfecho perfeito por volta do final da tarde. Manchetes de jornais estariam todas disponíveis para o dia em que a política voltou às ruas de Londres. Os problemas porém vieram. E embora não tenham relação com a marcha da TUC, certamente roubaram as grandes manchetes que os ativistas já podiam antever quando o mar de descontentamento pacífico inundou as ruas do West End de Londres a partir de Embankment.

Ativistas que organizaram manifestações paralelas se reuniram no centro comercial londrino, a rua Oxford. Por volta das 15h, a concentração era tamanha que algumas das lojas que foram alvos de ativistas no passado resolveram fechar as portas temporariamente. Pouco mais de uma hora depois, funcionários seriam liberados de lojas como Top Shop, que haviam dado o dia como encerrado, diante de milhares de anarquistas e estudantes concentrados na região.

Algumas lojas tiveram vidros quebrados e foram atacadas com tinta. Manifestantes da UK Unkut invadiram a Fortnum and Mason, uma luxuosa loja de departamentos próximo a Picadilly. Cantando palavras de ordem e exigindo que a empresa contribuisse com mais impostos para a sociedade inglesa, a UK Uncut obrigou a loja a fechar as portas. Embora aleguem não ter destruido nada, alguns manifestantes foram presos pelo batalhão de choque que os esperava na porta.

“Isso não tem nada a ver com a marcha”, disse Nowak, defendendo a manifestação pacifica. “Esse foi um evento onde as pessoas trouxeram as suas famílias”.

Perto da meia noite, a BBC ainda transmitia ao vivo da praça Trafalgar, onde uma centena de manifestantes ainda estava reunida e policiais agiam para retirá-los do local. Ao todo, ao longo do dia, mais de 200 manifestantes foram presos.


Fonte: Carta Maior
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A Etiópia está à venda

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Imaginem terrenos férteis com uma área semelhante à do distrito de Lisboa arrendada durante 50 anos, por menos de 700 euros/mês. Não é preciso imaginar. É apenas mais um negócio oferecido pelo governo da Etiópia. No total, a oferta de terrenos nestas condições equivale já à área dos quatro maiores distritos portugueses: Beja, Évora, Santarém e Castelo Branco. Cerca de 35% da área continental de Portugal, três milhões de hectares, um quadrado com 173 km de lado.

Ao mesmo tempo, o governo etíope tem em curso um programa de relocalização das populações dessas áreas. O argumento é o de agrupamento em povoações maiores para assim assegurar o acesso ao abastecimento de água, à rede viária, a escolas, hospitais, transportes, etc.. A simultaneidade entre os dois acontecimentos é mera coincidência, dizem os responsáveis. A verdade é que a promessa de melhores infra-estruturas e maior qualidade de vida não tem passado disso mesmo, uma promessa, e o clima de medo e opressão está instalado. Só durante este ano, mais de 15 mil pessoas serão relocalizadas.

Apesar da Etiópia ser um dos países com maiores problemas de subnutrição do planeta – recebeu no ano passado 700 mil toneladas de alimentos como ajuda humanitária – os investidores vão produzir colheitas de alto valor como soja, óleo de palma, algodão e açúcar para exportação ao invés de cereais e outros vegetais para consumo das populações etíopes. Aos impactos sociais junta-se a devastação ambiental extrema: os terrenos são queimados, as florestas abatidas e as zonas úmidas drenadas. Uma reconfiguração do ecossistema em grande escala.

Estes fatos foram revelados por uma reportagem do The Guardian. O governo etíope defende esta industrialização em larga escala como necessidade e única solução para o desenvolvimento. Curiosamente, no início deste mês, um relatório das Nações Unidas mostrou que a agricultura ecológica, desenvolvida por pequenos agricultores e sem se basear em químicos e pesticidas, pode dobrar a produção alimentar em África nos próximos dez anos.

A mega-exporação de que falava no início, com o tamanho do distrito de Lisboa, terá 60 mil trabalhadores que vão ganhar menos de um dólar por dia. A sua missão será trabalhar as terras que sempre foram suas e para as quais não podem voltar com pleno direito. O governo garante ainda aos investidores vários incentivos fiscais e estradas construídas com dinheiro públicos.

O benefício para a população etíope é imperceptível. Ficam sem os alimentos e sem as terras para a produzir. O futuro fica comprometido. O poder do Estado e o seu aparelho repressivo garantem a venda a retalho do país e colocam a economia ao serviço da extorsão. Tudo à custa da segurança alimentar e da escravização “moderna” da sua população. Os poucos que lucram com o negócio - o fundo de pensões do Reino Unido, outros fundos financeiros e os tubarões internacionais do ramo - agradecem e mantém a sua aura de responsabilidade social.

Fonte: Carta Maior
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Rússia destrói suposta base rebelde e mata 17 insurgentes no Cáucaso

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.Uma presumível base rebelde foi destruída nesta segunda-feira no Cáucaso russo, durante operação militar terrestre, acompanhada por um ataque aéreo que matou 17 insurgentes e três membros das forças de segurança, anunciaram as autoridades em Moscou.

"A base era usada para treinar camicazes e preparar atos terroristas na Ossétia do Norte e Ingushétia", duas repúblicas caucásicas, informou o Comitê Nacional Antiterrorista, citado pelas agências de notícias russas.

A operação faz parte da investigação sobre o atentado cometido no aeroporto de Domodedovo, no dia 24 de janeiro, que deixou 37 mortos.

Segundo fonte das forças de segurança, citada pela Interfax, os dois detidos são os irmãos Islam e Iles Yandiev. São suspeitos de terem acompanhado até Moscou o camicaze que se fez explodir no aeroporto - identificado como Magomed Evloev, de 20 anos, originário da aldeia Ali Yurt na Ingushétia, pequena república vizinha da Chechênia.

O atentado foi assumido pelo líder da rebelião islâmica que sacode o Cáucaso russo, o checheno Doku Umarov.

Este é autor de outras operações, entre elas dois atentados suicidas que causaram 40 mortos em março de 2010 no metrô de Moscou.

Depois da primeira guerra da Chechênia (1994-1996) entre forças rusas e separatistas, a rebelião local foi-se progressivamente islamizando; saiu das fronteiras chechenas para transformar-se, em meados dos anos 2000, num movimento islamita armado ativo em todo o Cáucaso Norte.

Fonte: AFP
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1979: Acidente nuclear em Three Mile Island

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No dia 28 de março de 1979, a usina norte-americana de Three Mile Island, na Pensilvânia, foi palco do pior acidente nuclear ocorrido até então.

Gases radioativos começaram a evaporar já bem cedo na manhã de 28 de março de 1979 num dos dois reatores da usina Three Mile Island, nas proximidades de Harrisburg, a capital do estado norte-americano da Pensilvânia. Um correspondente alemão narrou o incidente da seguinte maneira:

"Segundo as informações de que dispomos, houve uma pane na bomba de água do sistema de resfriamento, que fica fora do prédio da usina. Imediatamente, entrou em funcionamento um sistema de emergência, mas um técnico o desligou antes do tempo, não se sabe por quê. Isto desencadeou o processo, que poderia ter resultado na explosão do reator."

Um dia depois, um grupo de ecologistas mediu a radioatividade em volta da usina. Sua intensidade era oito vezes maior que a letal. Uma área de até 16 quilômetros em volta de Three Mile Island estava contaminada. Apesar de ter sido declarado estado de emergência, nenhum dos 15 mil habitantes que moravam numa área até dois quilômetros da área contaminada foi evacuado. O governador do estado da Pensilvânia, Dick Thornburgh, iniciou a retirada dos habitantes só dois dias depois, começando com gestantes e crianças.

O tema foi assunto constante da imprensa norte-americana, em todos os seus boletins de notícias. Mais de cem peritos foram reunidos para tentar resfriar os elementos combustíveis e assim controlar o reator até desligá-lo.

Falha humana

Uma bolha de gás altamente radioativo havia se instalado na parte de cima do reator, impedindo o acesso da água de refrigeração. Somente no dia 2 de abril, os técnicos conseguiram reduzir a bolha de gás em volta do reator de 50 metros cúbicos para cerca de um metro cúbico. Enquanto isso, aumentavam nos Estados Unidos as críticas às medidas de segurança.

Em contrapartida, a empresa que administrava a usina acusou as autoridades de exagero ao comentarem o incidente. Algum tempo depois, os elementos combustíveis resfriaram e o perigo de explosão estava afastado.

No dia 1º de novembro de 1979, uma comissão nomeada pelo então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, chegou à conclusão de que o acidente fora causado por falha humana. A princípio, a direção da usina pretendia reparar o reator danificado. Os técnicos constataram, no entanto, que os danos haviam sido maiores do que se suspeitava. Setenta por cento do núcleo do reator fora destruído pelo calor.

Fonte: Deutsche Welle
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Comunidade internacional debate transição política na Líbia

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Enquanto a Otan assume o comando militar na Líbia, comunidade internacional se reúne em Londres para debater as operações militares e o futuro do país. Sarkozy e Cameron apelam a apoiadores para que abandonem Kadafi.

Representantes de 40 nações, entre eles a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, e o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, reúnem-se nesta terça-feira (29/03) em Londres, à procura de caminhos que possam levar a Líbia a se tornar um país democrático.

Um dos primeiros planos para uma solução do conflito líbio foi elaborado pelo governo italiano, como declarou o ministro do Exterior da Itália, Franco Frattini, em entrevista ao jornal italiano La Repubblica neste domingo. O plano italiano prevê sobretudo a instalação de um cessar-fogo e de um "corredor permanente de ajuda humanitária".

A Itália planeja ainda uma oferta de asilo para o ditador Muammar Kadafi. Segundo Frattini, o governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi tentou convencer a Alemanha para que ambos os países apresentassem o plano na reunião de terça-feira. Mas, nesta segunda-feira, Frattini deixou claro que não será apresentada nenhuma iniciativa apoiada apenas por dois países.

O Ministério do Exterior em Berlim confirmou a participação de Westerwelle na reunião internacional para debater o futuro da Líbia, mas relativizou a iniciativa ítalo-alemã anunciada por Frattini. Segundo um porta-voz do ministério, Berlim estaria em conversações com diversos parceiros internacionais, também, mas não exclusivamente, com a Itália.

Sarkozy e Cameron pedem que Kadafi saia

Nesta segunda-feira, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmaram que Kadafi deve partir imediatamente, numa declaração conjunta em que apelam aos apoiantes do líder líbio para que o abandonem.

O ditador deve deixar o poder porque seu regime perdeu toda a legitimidade, afirmam, apelando aos partidários do líder líbio para que o abandonem antes que seja "tarde demais". Na declaração, Sarkozy e Cameron pedem aos líbios que construam um processo de transição em torno do Conselho Nacional de Transição, o órgão dos rebeldes. "Não estamos considerando uma ocupação militar da Líbia", afirmam.

"Protetor Unificado"

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, como também representantes da Liga Árabe e da União Africana foram convidados para o encontro em Londres. A princípio, a reunião deverá tratar da continuação e da liderança da missão militar na Líbia. Uma segunda parte do encontro deverá abordar a situação humanitária no país.

Nesta semana, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) assume o comando de todas as operações militares internacionais no país norte-africano. O canadense Charles Bouchard foi nomeado para comandar a operação Unified Protector (protetor unificado).

Segundo Rasmussen, a missão da Otan é proteger estritamente "a população civil e as regiões habitadas por civis ameaçadas por ataques do regime de Kadafi". Ou seja, a Otan não está de nenhum lado. Até o momento, no entanto, os ataques aliados funcionaram como uma espécie de força aérea dos rebeldes contra as tropas de Kadafi.

Resolução 1973

Dessa forma, quando a Otan assumir os comandos das operações, essa espécie de ajuda aos rebeldes pode chegar ao fim. "Em termos militares, os rebeldes não são civis", lembra Alain Délétroz do Grupo Internacional de Crise (ICG), think tank sediado em Bruxelas. Um diplomata da Otan afirmou que a aliança pretende respeitar todos os aspectos da Resolução 1973 da ONU. "A Otan continua apartidária", afirmou.

No entanto, a coalizão ocidental responsável pela missão na Líbia até o momento também dizia se apoiar estritamente na Resolução 1973 da ONU. A resolução permite uma ação para proteger os civis, mas não para derrubar Kadafi. Para o especialista Délétroz, todavia, os ataques da coalizão serviram para afastar o ditador do poder, ainda que ninguém afirme isso abertamente.

Confrontos na cidade natal de Kadafi

Enquanto isso, com o apoio da artilharia aérea ocidental, rebeldes líbios conseguem obrigar as tropas de Kadafi a recuar cada vez mais. Nesta segunda-feira, os opositores do regime avançaram até Syrte, cidade natal do ditador líbio, após terem reconquistado uma série de localidades estratégicas no caminho. O anúncio de que Syrte teria sido ocupada pelos rebeldes não foi, a princípio, confirmado.

O governo russo criticou a intromissão do Ocidente. "Nós somos da opinião de que a intervenção da coalizão numa guerra civil não está apoiada pela resolução do Conselho de Segurança", disse o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov. Assim como a Alemanha e o Brasil, a Rússia se absteve na votação da Resolução 1973 da ONU.

Um dia antes da conferência sobre a Líbia em Londres, o governo do emirado Catar reconheceu os rebeldes como legítimos representantes do povo líbio. O governo de Kadafi acusou a coalizão ocidental de ter provocado a morte de mais de uma centena de civis através de seus ataques aéreos e criticou o governo de Catar pela intromissão drástica em assuntos internos líbios.

Fonte: Deutsche Welle
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Otan assumirá controle total da missão na Líbia em dias

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A Otan vai assumir o comando completo das operações militares na Líbia "dentro de dois ou três dias", mas uma porta-voz da aliança disse que a organização não vê uma solução militar para a crise e que espera por uma solução política.

A Otan concordou no domingo em assumir o controle de todas as operações na Líbia, colocando a aliança de 28 países no comando dos ataques aéreos que vêm alvejando a infraestrutura militar de Muammar Gaddafi, além de uma zona de exclusão aérea e um embargo de armas.

França e Grã-Bretanha exortaram os partidários de Gaddafi a abandoná-lo "antes que seja tarde demais" e pediram aos líbios que se opõem a ele que se unam em um processo político para preparar o caminho para a saída de Gaddafi.

"A transição já está em curso. Os países estão entregando equipamentos e armas à autoridade da Otan neste exato momento", disse a porta-voz chefe da Otan, Oana Lungescu, em entrevista à imprensa nesta segunda-feira.

"Essa transição não é instantânea. Está prevista para ocorrer ao longo de dois ou três dias."

Representantes da Otan disseram que o planejamento da aliança prevê uma operação de 90 dias de duração, mas que o cronograma dela vai depender da Organização das Nações Unidas (ONU).

"A missão foi planejada para 90 dias, mas isso não significa que seja restrita a 90 dias," disse um funcionário. "Vai depender da ONU nos dizer por quanto tempo quer que continuemos a operação."

Lungescu disse que a Otan espera que a missão seja a mais curta possível.

"Está claro para todos que não existe solução puramente militar para a crise na Líbia. O que esperamos é que a violência cesse e que haja uma solução pacífica para esta crise e uma transição para a democracia, que é o que a população da Líbia quer."

CONFERÊNCIA EM LONDRES

Lungescu disse que uma conferência de 35 países que terá lugar em Londres na terça-feira deve traçar "as linhas políticas gerais" para uma solução pacífica na Líbia. Um precedente possível seria a força multinacional estabelecida na Bósnia nos anos 1990.

De acordo com a porta-voz, a expectativa é que todos os 28 países membros da Otan participem da operação na Líbia, direta ou indiretamente.

Alguns países membros impuseram restrições a suas operações. É o caso da Holanda, que já declarou que participará apenas de patrulhas aéreas, não de ataques contra alvos em terra, disse o capitão Geoffrey Booth, oficial da Otan.

O general canadense Charles Bouchard, comandante da operação como um todo, disse que ela fez suas primeiras missões na operação da zona de exclusão aérea, mas que a transição para um papel mais amplo que inclua ataques em terra ainda está em curso.

Bouchard disse que a missão da Otan será "ajudar a proteger civis e centros populacionais contra ataques ou ameaças de ataques." Ele se negou a comentar os ataques aéreos recentes lançados por forças ocidentais, dizendo que a transição para o comando pleno da Otan ainda está em curso.

Indagado sobre como a Otan vai reagir se civis forem ameaçados por choques entre rebeldes e forças governamentais líbias, Bouchard se negou a detalhar quais serão as normas de engajamento militar da aliança.

"Toda ação que realizamos é feita com o cuidado de assegurar o mínimo de danos colaterais. Nosso trabalho é assegurar a segurança das pessoas," disse ele.

Indagado se a Otan, dada a imparcialidade declarada de sua missão, atacará forças rebeldes se estas ameaçarem civis, Lungescu se negou a responder.

"Essa é uma pergunta hipotética. Não vamos entrar nos detalhes sobre as regras de engajamento," disse ela. "Deixaremos a cargo dos comandantes da operação em campo dirigir as operações no dia a dia."

Fonte: Reuters
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