segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sarkozy altera Governo para enfrentar mudanças no mundo árabe


O presidente francês, Nicolas Sarkozy, realizou neste domingo uma mudança no Governo que afetou os Ministérios de Assuntos Exteriores, Defesa e Interior com o objetivo de reforçar o Executivo perante os conflitos no mundo árabe.

Tal modificação, a segunda nos últimos cinco meses, foi anunciada horas depois que a titular de Exteriores, Michèle Alliot-Marie, renunciasse após a polêmica originada por sua atuação perante a revolta tunisiana e pelas férias controvertidas no país quando já tinham começado os protestos.

A imprensa nacional considera que ao aceitar a renúncia da ministra e aproveitá-la para realizar novas mudanças, o presidente quis "maquiar" a saída forçada de Alliot-Marie e apaziguar as críticas que aumentaram nas últimas semanas contra a diplomacia francesa.

O presidente nomeou em seu lugar o até agora ministro da Defesa, Alain Juppé, cujo posto fica por sua vez nas mãos de Gérard Longuet, líder da União por um Movimento Popular, o partido de Sarkozy, no Senado.

Por sua parte, o Ministério do Interior, ocupado até agora por Brice Hortefeux, ficará nas mãos do secretário-geral da Presidência, Claude Guéant.

As mudanças foram anunciadas depois que aumentassem nas últimas semanas as críticas contra a política externa francesa por sua gestão perante as revoltas dos países árabes e se interpreta na imprensa como um reforço do Executivo perante as eleições presidenciais de 2012.

Em uma locução de sete minutos divulgada pela rádio e televisão, Sarkozy afirmou que tais remodelações foram realizadas perante as recentes mudanças nos países árabes e a necessidade de reorganizar o Governo francês para que a França esteja preparada para enfrentá-los.

"Meu dever é explicar os desafios e proteger os franceses", disse em seu discurso, no qual qualificou essas revoltas árabes como "mudança histórica" ao que os países ocidentais "não devem ter medo, porque os valores que defendem são os mesmos que os nossos".

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

A 14 meses das eleições presidenciais francesas e em plena Presidência do G20 e do G8, Sarkozy quis retomar as rédeas da política externa de seu país, surrada tanto pela oposição como por membros da maioria governamental, que a chegaram a qualificar de "amadora".

Em sua alegação no jornal "Libération", sustentaram que há também uma carência estrutural, ao constatar "mais uma vez que o país experimenta grandes dificuldades para integrar em sua política externa a defesa da democracia, o apoio aos dissidentes e a transformação dos regimes".

Nesse sentido, Sarkozy apontou que os países ocidentais não têm agora "mais que um único objetivo: acompanhar, apoiar e ajudar os povos que escolheram ser livres".

"O destino desses movimentos ainda é incerto. Se não nos unirmos, todas as boas vontades para fazer-lhes triunfar podem cair na violência e desembocar em piores ditaduras que as precedentes. Sabemos as consequências de tais tragédias sobre fluxos migratórios incontroláveis e sobre o terrorismo", ressaltou.

Por isso, pediu uma reunião do Conselho Europeu para abordar uma estratégia comum perante a crise Líbia.

Com esta aparição perante os franceses, Sarkozy procura além disso relançar seu papel como chefe de Estado em um momento em que sua popularidade alcança mínimos históricos, e fecha um fim de semana marcado pelo rumor sobre a "iminente" demissão de Alliot-Marie.

Fonte: EFE
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