domingo, 27 de fevereiro de 2011

Programas de modernização da Marinha, Exército e aeronáutica terão que ser revistos


Donas dos projetos mais ambiciosos das Forças Armadas, Marinha e aeronáutica se debruçam sobre a necessidade de pelo menos modificar seus cronogramas de reaparelhamento. A Força Aérea almejava contratar de imediato 36 caças na concorrência do FX-2, orçada em R$ 10 bilhões, e 28 aviões de transporte KC-390 da Embraer, cujo programa de desenvolvimento deve consumir R$ 800 milhões. Já a Marinha sonhava em ampliar o atual Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que ao custo de R$ 18,7 bilhões, resultará em cinco submarinos, sendo um nuclear, até 2022. Com os cortes, alguns prazos podem ser revistos.

Segundo especialistas, a modernização de 43 aviões modelo AMX está na ponta do corte imposto ao Ministério da Defesa. O programa de reaparelhamento e adequação da FAB tinha R$ 231 milhões previstos para 2011, e a manutenção e revitalização de aeronaves antigas, R$ 320 milhões. Na Marinha, os submarinos da classe Tikuna e Tupi necessitam de modernizações, assim como os aviões A4, destinados a operar no porta-aviões São Paulo — que finalmente deixou a fase de reparos depois de cinco anos parado. O corte ainda adia o cronograma ambicioso da Marinha de apresentar uma esquadra de seis submarinos nucleares e mais 20 convencionais até 2047.

No limite
Entre todos os programas para reaparelhamento das Forças Armadas, o que sofre mais críticas dos militares pelo atraso é justamente a compra dos 36 caças. Muitos associam a demora na escolha do substituto dos Mirage 2000 unicamente a pendências políticas, já que a primeira parcela do negócio só seria descontada no ano que vem, com a economia já equilibrada. “A vida útil da célula dessas aeronaves está no limite e se a Força Aérea se preocupa com a vida dos seus pilotos, isso deve ser levado a sério. Há um limite de horas de voo desses aviões. Se não começar o processo agora de compra, teremos de aposentar os aviões. Sem novos caças, ou ficaremos com uma janela sem proteção do nosso espaço aéreo, ou teremos de comprar aviões de segunda mão para tapar essa lacuna”, afirma o professor de Relações Internacionais da FAAP-SP e especialista em Segurança Nacional pela Georgetown University, Gunther Rudzit.

Os três aviões que disputam o negócio, o francês Rafale, o sueco Gripen NG e o norte-americano F-18 Super Hornet, tiveram o lobby reforçado nos últimos dias pelos fabricantes. Pelo menos por enquanto, não estão previstos cortes nas contratações da Marinha e da aeronáutica. Em 20 anos, as duas forças pretendem ampliar seus contingentes em 20 mil e 13 mil militares, respectivamente.

Fonte: Correio Braziliense
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