segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Fórum Social Mundial começa com reivindicações por um mundo mais justo


Milhares de pessoas reivindicaram neste domingo "um mundo sem violência, mais justo e equitativo" na inauguração da 11ª edição do Fórum Social Mundial (FSM), que por uma semana transforma Dacar (Senegal) na capital do movimento antiglobalização.

Membros de centenas de organizações da sociedade civil, procedentes de mais de 120 países, percorreram os três quilômetros que separam a sede da Rádio Televisão Senegalesa (RTS) e a Universidade Cheikh Anta Diop de Dacar (Ucad), que será a sede das reuniões.

Em wolof (língua mais falada no Senegal), francês, espanhol, inglês, árabe, português e muitos outros idiomas, os participantes afirmaram em voz alta que "outro mundo é possível" e criticaram o capitalismo, que eles responsabilizaram pela pobreza de milhões de pessoas no mundo.

"Por um mundo sem fronteiras" e "não à expulsão dos imigrantes, sim à justiça social" foram algumas das frases de protesto.

Caminhões com alto-falantes acompanharam com música a manifestação, amenizada por grupos folclóricos de vários países, que fizeram os participantes dançarem e a transformaram em uma festa africana.

Apesar do clima de festa, os participantes não se esqueceram dos objetivos do fórum, que pela segunda vez é realizado na África, o continente mais pobre do planeta e onde a maioria dos habitantes vive com menos de US$ 1 por dia.

Para Anselmo Ruoso, da Federação Única dos Petroleiros (FUP) do Brasil, o FSM é um espaço de solidariedade único para os povos excluídos do mundo e o programa mais importante para questionar o sistema capitalista, "o responsável por esta situação".

"Estamos aqui para dar impulso à luta contra o capitalismo e para reiterar que é possível viver em um mundo mais justo e mais equitativo", disse à Agência Efe, por sua vez, o líder da extrema esquerda francesa Olivier Besancenot.

Segundo ele, as revoluções em Tunísia e Egito evidenciam a pertinência das reivindicações do movimento antiglobalização.

"As pessoas reivindicam mais democracia, mais justiça social e liberdade e é o que se diz nesses países", afirmou Besancenot, quem acrescentou que este movimento "irá se ampliar, pois um sistema que deixa a maioria na pobreza e na miséria não pode perdurar".

"O Fórum Social Mundial manifesta sua solidariedade com os povos de Tunísia e Egito, cuja liberdade foi burlada durante décadas", disse à Efe, por sua vez, um dirigente da União Geral dos Trabalhadores do Marrocos.

A coordenadora da Associação Nacional de Mulheres Rurais e Indígenas (Anamuri) do Chile afirmou que as mulheres sul-americanas conseguiram muitos avanços nos últimos anos graças ao FSM.

"Melhoramos muito a luta contra a violência contra as mulheres e também no âmbito político registramos grandes conquistas no que se refere à paridade, que começa a ser realidade em países como a Bolívia", disse à Efe.

Melhorar a luta contra a ocupação de seus territórios pelo Estado de Israel é o objetivo de Yousef Habash, do Health Work Committees, uma organização palestina que pretende aproveitar o espaço oferecido pelo FSM para denunciar a injustiça que seu povo sofre.

"Este é o espaço da voz dos povos e, para nós, não há lugar melhor para solicitar a solidariedade na luta para defender nossos direitos", disse à Habash à Efe.

Yayi Bayam Diouf, presidente do Coletivo de Mulheres para a Luta contra a Emigração Clandestina no Senegal (Coflec), afirmou que têm grandes esperanças em relação ao FSM de Dacar.

"Esperamos que a Europa abra as portas para favorecer a livre circulação dos bens e das pessoas. Em vez de pôr muros, temos que construir pontes entre os países. Se não for assim, não haverá desenvolvimento na África", declarou Diouf.

"O encontro de Dacar põe o continente africano durante uma semana no centro das atenções, por isso que deveria obrigar nossos dirigentes a abandonar seus maus hábitos e favorecer um bom Governo", ressaltou à Efe.

"Outro mundo é possível e passará pela África, que tem os recursos humanos e minerais para isso", disse Mireille Pame-Balin, representante de uma ONG do Haiti.

Fonte: EFE
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