Logo depois da explosão da segunda-feira, no aeroporto Domodedovo de Moscou, o presidente russo, Dmitry Medvedev,afirmou que o terrorismo ainda é a maior ameaça à Rússia como um Estado.
Medvedev criticou a administração do aeroporto por supostas falhas na segurança (o que a administração do Domodedovo nega), e pediu a implementação de medidas para endurecer a segurança nos aeroportos russos, ao estilo do que é praticado em Israel.
Nenhuma organização ou indivíduo assumiu a responsabilidade pelo ataque até o momento. As suspeitas se voltaram, inevitavelmente, para a região do Norte do Cáucaso, uma área problemática ao sul da Rússia.
Mas, se por um lado um dos grandes porta-vozes de movimentos separatistas islâmicos (o site http://kavkazcenter.com) evitou condenar o ataque, por outro lado escreveu que o atentado no aeroporto "não tem nada a ver com muçulmanos ou com o Norte do Cáucaso".
A explosão é a última de uma série de ataques ocorridos nos últimos 15 anos, nos quais centenas de civis russos morreram. Este ataque tem a característica de ser o primeiro cujo alvo foi um local onde um grande número de estrangeiros, além de russos, estavam presentes.
Durante este período, vários alvos civis sofreram com ataques. Entre estes alvos estão aviões (que explodiram em pleno voo), trens, prédios de apartamentos em Moscou e outras cidades, um hospital, várias estações do metrô, um teatro, e, o mais famoso (e, certamente o mais violento), uma escola primária na cidade russa de Beslan.
Prioridades
Políticos liberais, como o líder de oposição Boris Nemtsov, criticaram as autoridades russas pela aparente inabilidade para diminuir o risco de ataques terroristas.
Em seu blog, Nemtsov escreveu que "claramente a batalha contra o terrorismo não está entre as prioridades de (Vladimir) Putin, a não ser, é claro, se descontarmos sua demagogia diária a respeito do assunto".
Caso Putin leia o texto, esta é uma acusação que deve incomodá-lo. Afinal, Putin, a figura central da vida política da Rússia durante mais de uma década, falou várias vezes na "ordem e estabilidade" como as características que definem seus objetivos políticos.
Mas, uma leitura rápida pela blogosfera russa sugere que muitas pessoas comuns não acreditam mais que as autoridades são capazes de lidar com o risco. Estatisticamente, a Rússia continua sendo um dos países mais perigosos do mundo, se forem combinados os múltiplos riscos do terrorismo e criminalidade.
O maior desafio para a segurança nacional da Rússia e as ameaças mais graves de grupos radicais ou organizações extremistas islâmicas vêm da região do Norte do Cáucaso.
Expansionismo
A Rússia é criticada frequentemente por organizações de defesa dos direitos humanos pelo comportamento de seus militares e de forças de segurança na região. Este comportamento, que esmaga a resistência local, apontando líderes escolhidos a dedo ou trazidos de outros locais, sugere que pouco mudou desde que a Rússia incorporou a região em guerras de expansão ocorridas no século 19.
Foi apenas em um período muito recente que o governo russo tentou tratar, de forma política, a questão da pobreza na região, das tensões entre clãs, problemas sociais e econômicos profundos, a alienação de muitos jovens, e a lenta porém aparentemente inevitável infiltração de ideias e valores do extremismo islâmico.
Os grupos extremistas islâmicos ficaram ativos durante o período entre a primeira e a segunda guerra da região da Chechênia (entre 1994 e 1999), quando a ocupação russa na Chechênia tinha sido praticamente encerrada e a república entrou em uma fase sem lei. O que começou como uma campanha desorganizada, porém, obstinada pela autonomia nacional, nos últimos anos da União Soviética se transformou rapidamente em uma das mais violentas campanhas de extremistas islâmicos.
Até os ataques de 11 de setembro de 2001, contra os Estados Unidos, as declarações da Rússia, de que enfrentava uma insurgência islâmica, foram rejeitadas ou subestimadas pelos países ocidentais.
Existem muitos simpatizantes da causa chechena no ocidente, muitas organizações muçulmanas levantavam fundos para os chechenos na Europa e no Oriente Médio.
Brutalidade
A brutalidade da resposta russa também não ajuda.
Existem provas documentais de como grandes números de pessoas inocentes, especialmente homens jovens, foram torturados, sequestrados e mortos no norte do Cáucaso.
A Rússia, por sua vez, acusou as organizações ocidentais de não serem razoáveis, de aplicarem "dois pesos e duas medidas" e de, deliberadamente, prejudicar a segurança nacional russa.
Por outro lado, o discurso político russo ficou mais sofisticado.
Existe a vontade de admitir o papel da corrupção e da pobreza, além da atividade de fundamentalistas islâmicos, no aumento do extremismo nas repúblicas do sul da Rússia.
Mas, a tendência de anunciar, em alto e bom som, soluções populistas e questionáveis (por exemplo, a afirmação de Medvedev de que "os ninhos destes bandidos serão liquidados") continuam em destaque.
Fonte: BBC Brasil
Medvedev criticou a administração do aeroporto por supostas falhas na segurança (o que a administração do Domodedovo nega), e pediu a implementação de medidas para endurecer a segurança nos aeroportos russos, ao estilo do que é praticado em Israel.
Nenhuma organização ou indivíduo assumiu a responsabilidade pelo ataque até o momento. As suspeitas se voltaram, inevitavelmente, para a região do Norte do Cáucaso, uma área problemática ao sul da Rússia.
Mas, se por um lado um dos grandes porta-vozes de movimentos separatistas islâmicos (o site http://kavkazcenter.com) evitou condenar o ataque, por outro lado escreveu que o atentado no aeroporto "não tem nada a ver com muçulmanos ou com o Norte do Cáucaso".
A explosão é a última de uma série de ataques ocorridos nos últimos 15 anos, nos quais centenas de civis russos morreram. Este ataque tem a característica de ser o primeiro cujo alvo foi um local onde um grande número de estrangeiros, além de russos, estavam presentes.
Durante este período, vários alvos civis sofreram com ataques. Entre estes alvos estão aviões (que explodiram em pleno voo), trens, prédios de apartamentos em Moscou e outras cidades, um hospital, várias estações do metrô, um teatro, e, o mais famoso (e, certamente o mais violento), uma escola primária na cidade russa de Beslan.
Prioridades
Políticos liberais, como o líder de oposição Boris Nemtsov, criticaram as autoridades russas pela aparente inabilidade para diminuir o risco de ataques terroristas.
Em seu blog, Nemtsov escreveu que "claramente a batalha contra o terrorismo não está entre as prioridades de (Vladimir) Putin, a não ser, é claro, se descontarmos sua demagogia diária a respeito do assunto".
Caso Putin leia o texto, esta é uma acusação que deve incomodá-lo. Afinal, Putin, a figura central da vida política da Rússia durante mais de uma década, falou várias vezes na "ordem e estabilidade" como as características que definem seus objetivos políticos.
Mas, uma leitura rápida pela blogosfera russa sugere que muitas pessoas comuns não acreditam mais que as autoridades são capazes de lidar com o risco. Estatisticamente, a Rússia continua sendo um dos países mais perigosos do mundo, se forem combinados os múltiplos riscos do terrorismo e criminalidade.
O maior desafio para a segurança nacional da Rússia e as ameaças mais graves de grupos radicais ou organizações extremistas islâmicas vêm da região do Norte do Cáucaso.
Expansionismo
A Rússia é criticada frequentemente por organizações de defesa dos direitos humanos pelo comportamento de seus militares e de forças de segurança na região. Este comportamento, que esmaga a resistência local, apontando líderes escolhidos a dedo ou trazidos de outros locais, sugere que pouco mudou desde que a Rússia incorporou a região em guerras de expansão ocorridas no século 19.
Foi apenas em um período muito recente que o governo russo tentou tratar, de forma política, a questão da pobreza na região, das tensões entre clãs, problemas sociais e econômicos profundos, a alienação de muitos jovens, e a lenta porém aparentemente inevitável infiltração de ideias e valores do extremismo islâmico.
Os grupos extremistas islâmicos ficaram ativos durante o período entre a primeira e a segunda guerra da região da Chechênia (entre 1994 e 1999), quando a ocupação russa na Chechênia tinha sido praticamente encerrada e a república entrou em uma fase sem lei. O que começou como uma campanha desorganizada, porém, obstinada pela autonomia nacional, nos últimos anos da União Soviética se transformou rapidamente em uma das mais violentas campanhas de extremistas islâmicos.
Até os ataques de 11 de setembro de 2001, contra os Estados Unidos, as declarações da Rússia, de que enfrentava uma insurgência islâmica, foram rejeitadas ou subestimadas pelos países ocidentais.
Existem muitos simpatizantes da causa chechena no ocidente, muitas organizações muçulmanas levantavam fundos para os chechenos na Europa e no Oriente Médio.
Brutalidade
A brutalidade da resposta russa também não ajuda.
Existem provas documentais de como grandes números de pessoas inocentes, especialmente homens jovens, foram torturados, sequestrados e mortos no norte do Cáucaso.
A Rússia, por sua vez, acusou as organizações ocidentais de não serem razoáveis, de aplicarem "dois pesos e duas medidas" e de, deliberadamente, prejudicar a segurança nacional russa.
Por outro lado, o discurso político russo ficou mais sofisticado.
Existe a vontade de admitir o papel da corrupção e da pobreza, além da atividade de fundamentalistas islâmicos, no aumento do extremismo nas repúblicas do sul da Rússia.
Mas, a tendência de anunciar, em alto e bom som, soluções populistas e questionáveis (por exemplo, a afirmação de Medvedev de que "os ninhos destes bandidos serão liquidados") continuam em destaque.
Fonte: BBC Brasil
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