Só na quarta tentativa o governo Lula conseguiu emplacar um ministro da Defesa ao mesmo tempo palatável aos militares e com o necessário misto de interesse e competência para o cargo.
Nelson Jobim já afirmou que fez a "lição de casa", se instruindo sobre temas militares para entender a pasta.
O primeiro ministro lulista era um diplomata, José Viegas Filho, no cargo de 2003 a novembro de 2004.
O embaixador não tinha trânsito fácil com os militares -tanto que a sua renúncia se deu após uma crise depois de nota do Exército que defendia o regime militar.
O segundo ministro foi o vice-presidente José Alencar, de novembro de 2004 a março de 2006. Sua indicação visava mostrar aos militares a importância do cargo. Mas a falta de recursos continuava.
O baiano Waldir Pires ocupou o cargo de março de 2006 a junho de 2007. Sua ignorância de temas militares era abissal. Em seu período no cargo ocorreu o pior da crise do tráfego aéreo, que ele não soube debelar.
Jobim, ministro desde 2007, sem dúvida foi o mais dinâmico. Foi o único que de fato tentou representar os militares perante outras áreas do governo -como mostra a atual polêmica sobre direitos humanos.
E apesar de não ter conseguido ainda terminar com a longa e tediosa novela que é a escolha do futuro caça da Força Aérea Brasileira, pelo menos Jobim deu a partida em vários outros projetos de interesse das três Forças, como a entrega dos três primeiros helicópteros de transporte EC-725 da Eurocopter (Projeto H-X BR), ontem.
A compra simboliza um princípio estabelecido na pioneira Estratégia Nacional de Defesa, de 2008: estimular uma maior capacidade de operação conjunta das três Forças e a compra, na medida do possível, de equipamento padronizado. Usar o mesmo helicóptero facilita o treinamento e a logística, e faz o preço unitário cair.
Jobim também conseguiu alavancar a compra de submarinos convencionais na França e apoio francês no desenvolvimento do casco de um submarino nuclear de projeto brasileiro.
Ele está ainda criando o Instituto Pandiá Calógeras para treinar pessoal em assuntos militares para o ministério, como o Instituto Rio Branco faz para o Itamaraty.
Calógeras foi o primeiro, e dinâmico, civil que comandou o então Ministério da Guerra, em 1919.
Fonte: Folha
0 comentários:
Postar um comentário