O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou nesta terça-feira, em visita à Índia, que é inaceitável para a comunidade internacional que atentados terroristas tenham origem ou sejam de autoria de grupos treinados no Paquistão.
"Não é aceitável que a segurança da Índia possa estar ameaçada por grupos terroristas que atuam a partir de territórios vizinhos", afirmou o presidente francês.
"Não é aceitável para o Afeganistão e para nossos soldados que os talebans e Al Qaeda encontrem refúgio nas zonas fronteiriças do Paquistão", declarou Sarkozy durante uma cerimônia em homenagem às vítimas dos atentados de 2008 em Mumbai.
Nova Déli e Washington acusaram um grupo islamita baseado no Paquistão, o Laskhar-e-Taiba (LeT), de estar por trás dos atentados de novembro de 2008 na capital econômica da Índia, considerados o 11 de setembro do país.
USINAS NUCLEARES
A Presidência francesa indicou ainda neste domingo (5) que França e Índia firmaram acordos para a construção de duas usinas nucleares, com contratos entre o grupo francês Areva e seu sócio indiano, a estatal NPC (Cooperativa de Energia Nuclear, na sigla em inglês).
As afirmações chegam um dia após Sarkozy ter defendido que Brasília e Nova Déli tenham assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU.
Ainda neste domingo o presidente da França e sua mulher, Carla Bruni, continuaram a programação da visita oficial à Índia com uma visita às ruínas de Fatehpur Sikri, uma das capitais do antigo império mongol.
Durante o passeio o chefe de Estado francês manteve uma reunião com o premiê indiano, Manmohan Singh, tendo como principal tema o G20, grupo dos países mais ricos do planeta.
No âmbito da Defesa, o Palácio Eliseu indicou que os dois países seguem com as conversações para a modernização dos caças franceses 51 Mirage 2000 que a Aeronáutica indiana utiliza.
Apesar de dar importância às questões oficiais da visita de Estado, a imprensa indiana ressalta a beleza da primeira-dama francesa na cobertura.
"O estilo de Carla deixa Bangalore sem palavras", afirma o "Sunday Times", elogiando suas roupas e indicando que ela caminha com "a desenvoltura de uma modelo". Já o "Mail Today" descreve a visita como o "romance da Índia com Carla".
CONSELHO DE SEGURANÇA
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, reiterou neste sábado, em visita à Índia, seu apoio à reforma do Conselho de Segurança da ONU e garantiu que este país "merece" ser membro permanente.
"É impensável imaginar que 1,1 bilhão de indianos não estejam representados de forma permanente no Conselho de Segurança", disse Sarkozy em declarações transmitidas pela televisão pública.
O líder francês, que chegou neste sábado à Índia em visita oficial de quatro dias, discursou na Organização Indiana de Pesquisa Espacial (Isro, na sigla em inglês), na cidade de Bangalore.
Em linha com o que havia expressado em outras ocasiões, Sarkozy reafirmou que Alemanha, Brasil, Japão e um representante africano e árabe deveriam ter também assentos permanentes no Conselho.
Durante visita à Índia no início de novembro, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, manifestou apoio ao país para que aceda a este posto, um dos maiores desafios da diplomacia indiana.
Em seu discurso, Sarkozy defendeu o fim da "injustiça" do "isolamento nuclear" da Índia, que "tem direito a energia nuclear civil", e apoiou que o gigante asiático entre no grupo de fornecedores nucleares.
Apesar de a Índia não ter assinado o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), o acordo de cooperação nuclear civil fechado com os EUA, já em sua última fase de desenvolvimento, abriu as portas ao comércio nuclear para vários países, entre estes a França.
Sarkozy partirá nesta tarde acompanhado de sua mulher, Carla Bruni, à cidade de Agra (norte), onde está prevista visita ao Taj Mahal.
O líder francês, acompanhado de ampla delegação composta por sete ministros, parlamentares e empresários, chegará no domingo à noite a Nova Déli, onde deve reunir-se com o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, antes de partir finalmente à cidade financeira de Mumbai.
Fonte: Folha
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