Os Estados Unidos estão "otimistas" com o governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, cujas críticas ao Irã foram "excelentes", e esperam "renovar" a relação com governo brasileiro. Esse foi o relato feito à Folha com exclusividade pelo subsecretário para Assuntos Políticos do Departamento de Estado, William Burns.
Número três da diplomacia americana, ele esteve com o assessor internacional do Planalto, Marco Aurélio Garcia, e com o ministro Nelson Jobim (Defesa). Ambos permanecerão no governo.
"Nós nunca iremos concordar em tudo, mas sabemos que o melhor é trabalharmos juntos. Vocês têm muito para se orgulhar. A ascensão do Brasil é um sucesso nosso também, porque mostra ao mundo que a democracia dá certo", disse.
Nos últimos anos, houve vários pontos de atrito entre os dois países, sendo o mais notável o apoio brasileiro ao Irã, arqui-inimigo dos EUA.
Em tempo de vazamentos diplomáticos via WikiLeaks, a conversa foi franca. "Essa crise [da divulgação de telegramas secretos] nos deu uma nova definição para a palavra arrependimento.
Eu mesmo deixei claro que nossa determinação é continuar um diálogo. Isso tudo atingiu o coração do nosso trabalho, mas reforcei que tomamos passos práticos para evitar o problema."
A agenda da conversa com Garcia foi ampla. Comércio, América Latina, Haiti, armas nucleares, todos pontos em que há discordâncias.
Burns citou a entrevista de Dilma ao jornal "The Washington Post", um dos sinais emitidos pela eleita após o mal-estar da recusa dela em encontrar-se com Barack Obama antes da posse.
"Achei a entrevista ótima", disse o diplomata, em referência à crítica de Dilma à abstenção do Brasil da sessão da ONU que apontou violações iranianas. Indagado sobre o desconhecimento sobre Dilma na arena internacional, Burns foi elogioso: "Ela é bem comprometida com os sucessos do país, estou otimista".
AVALIAÇÃO POSITIVA
Segundo a Folha apurou, o lado brasileiro considerou a conversa positiva e deixou claro que gostaria de ver mais iniciativas comerciais entre os dois países e um maior engajamento por parte de Washington em assuntos latino-americanos.
Burns disse que Dilma está convidada a visitar Obama no começo do ano. A secretária de Estado, Hillary Clinton, estará na posse.
O americano conversou com Jobim sobre a compra dos novos caças pelo Brasil.
A Defesa queria que o negócio de ao menos R$ 10 bilhões ficasse com os franceses, mas Dilma pediu mais tempo para analisar o tema.
"Saio daqui convencido de que o negócio não está encerrado. Nossa proposta de ofertar o Boeing F-18 é sem precedentes", afirmou.
Burns evitou falar sobre compensações, embora a ideia de uma megacompra de 100 aviões brasileiros Supertucano pela Marinha americana siga no ar.
Fonte: Folha
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