quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

EUA ratificam tratado de armas nucleares com a Rússia


O Senado dos Estados Unidos ratificou na quarta-feira um histórico tratado de desarmamento nuclear com a Rússia, numa importante vitória do presidente Barack Obama em seus esforços para se reaproximar de Moscou e restringir o arsenal atômico mundial.

Foram 71 senadores a favor e 26 contra, após uma tramitação polêmica, que pôs em risco o tradicional consenso bipartidário em questões de segurança nacional. Afinal, 13 republicanos votaram com o governo.

"Com este tratado, enviamos uma mensagem ao Irã e à Coreia do Norte de que a comunidade internacional permanece unida para restringir as ambições nucleares de países que operam fora da lei", disse o senador John Kerry.

O tratado Start 2 dá um prazo de sete anos para que Washington e Moscou reduzam seus arsenais instalados de armas estratégicas de longo alcance a um máximo de 1.550 unidades. Os lançadores de mísseis seriam reduzidos a até 700.

A aprovação ocorreu nas últimas semanas da atual legislatura, antes da posse dos congressistas eleitos em novembro, o que fará o governo perder o domínio na Câmara e ter sua vantagem reduzida no Senado.

O senador republicano Jim DeMint, contrário ao tratado, afirmou que um "Congresso demitido, sem responsabilidades" se apressou em aprovar a medida antes do Natal, e após "barganhas de bastidores" que liberaram bilhões de dólares em verbas para a modernização do arsenal atômico.

"O tratado não tinha chance de ratificação até que o presidente concordou com os bilhões de dólares para a modernização das nossas armas nucleares", disse ele.

Outro senador, Jeff Sessions, afirmou que o objetivo de Obama de eliminar as armas mundiais é irreal, e por isso o tratado deveria ser rejeitado.

"Acho que todo o mundo veria a ação do Senado (contra o tratado) como um ressurgimento da política histórica dos EUA da paz por meio da força, e uma rejeição de uma visão esquerdista de um mundo sem armas nucleares", afirmou.


O novo tratado START

Seguem os principais pontos do novo tratado russo-americano sobre a redução de armas estratégicas (Strategic Arms Reduction Talks, START) assinado em abril, em Praga, pelos presidentes russo, Dimitri Medvedev, e americano, Barack Obama:

- REDUÇÃO DE 74% DO NÚMERO DE OGIVAS NUCLEARES que ambos países possuem (em relação ao limite definido pelo tratado START I de 1993), a 1.550 respectivamente. Esta cifra corresponde a uma queda de 30% do número de ogivas em relação ao Tratado de Redução de Arsenais Nucleares Estratégicos (SORT, ou Tratado de Moscou), de 2002.

- LIMITAÇÃO A 800 DO NÚMERO DE VETORES (mísseis intercontinentais a bordo de submarinos e bombardeiros) mobilizados ou não por cada um dos dois países.

- LIMITAÇÃO A 700 DO NÚMERO DE VETORES posicionados.

- ESCUDO ANTIMÍSSEIS: segundo Washington, não impõe nenhuma limitação aos testes, ao desenvolvimento ou à instalação de sistemas de defesa antimísseis dos Estados Unidos, que estejam programados ou em curso de sê-lo. Também não limita os projetos americanos em termos de ataques convencinais de longo alcance.

- VERIFICAÇÃO: o novo tratado retoma os elementos do START I e os adapta aos novos limites. Prevê verificações in situ das instalações nucleares, intercâmbio de dados, assim como notificações recíprocas de armamentos ofensivos e de sítios nucleares.

- DURAÇÃO DO TRATADO: o tratado tem uma duraçao de dez anos a partir da data de sua entrada em funções e poderá ser renovado por uma duração máxima de cinco anos. Uma cláusula prevê que cada parte pode se retirar do tratado.

- ENTRADA EM VIGOR: o tratado entrará em vigor depois de ser ratificado pelos parlamentos dos dois países. O Tratado START de 2002 ficará automaticamente abolido depois da entrada em vigor do novo texto.


Fonte: Reuters / AFP
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