quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Documentos revelam apoio do Ocidente a afegãos na invasão soviética


As potências ocidentais se reuniram em segredo logo após a invasão soviética no Afeganistão e planejaram dar apoio à resistência islâmica, que atualmente está no foco do combate das forças da Otan no país asiático, revelam documentos britânicos dos anos 1980, publicados esta quinta-feira.

Oficiais de alta patente de Grã-Bretanha, França, da então Alemanha Ocidental e dos Estados Unidos se reuniram em 15 de janeiro de 1980, em Paris, para discutir a resposta ocidental à invasão, em 24 de dezembro de 1979.

A divulgação, pelos Arquivos Nacionais britânicos, de documentos mantidos em sigilo durante 30 anos ocorre em um momento em que os aliados ocidentais estão prestes a entrar em um novo ano de conflito no Afeganistão, onde combatem justamente os insurgentes islâmicos.

Segundo os documentos, entre os participantes do encontro estavam o então conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Zbigniew Brzezinski, e o secretário de gabinete britânico, Robert Armstrong.

De acordo com Brzezinski, o apoio aos "mujahedines" deveria ser coordenado com "nossos amigos" - um eufemismo para o MI6, a agência de inteligência britânica - e similares entre os aliados.

Sobre a reunião em Paris, Armstrong afirmou que embora se tentasse evitar uma guerra na conturbada região tribal afegã, fronteiriça com o Paquistão, ainda havia muito que poderia ser feito.

Ele disse que as forças presentes ao encontro concluíram que "seria do interesse do Ocidente encorajar e apoiar a resistência".

Armstrong disse que enquanto houver afegãos que queiram continuar a resistência contra a invasão soviética, a resistência deveria ser apoiada.

"Isto dificultaria o processo de pacificação soviética no Afeganistão e tornaria este processo muito mais longo do que ocorreria de outra forma", emendou.

Armstrong acrescentou que "a existência de um movimento de guerrilha no Afeganistão estaria no foco da resistência islâmica...".

A resistência dos "mujahedines" acabou alimentando o Islã radical no Afeganistão, o que levou ao crescimento da rede terrorista Al-Qaeda.

Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, as forças da Otan depuseram o regime talibã no Afeganistão, mas ainda combatem os insurgentes islâmicos, que recuaram suas bases para o Paquistão.

O ano de 2010 foi o mais mortal desde que o início das operações da Otan no Afeganistão, com mais de 700 baixas, com uma média de duas mortes por dia.

Fonte: AFP
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