A Coreia do Sul realizou nesta segunda-feira um exercício militar com munição real numa área disputada com a Coreia do Norte, apesar das ameaças de guerra de Pyongyang.
O exercício deveria ter ocorrido no fim de semana, mas foi adiado devido ao mau tempo. Ele durou cerca de duas horas, com disparos quase constantes de artilharia, alguns próximos, outros distantes que sacudiram os abrigos antiaéreos da ilha de Yeonpyeong.
"Não posso lhes dizer exatamente quantos foram disparados, alguns são distantes, alguns são barulhentos. O abrigo está chacoalhando e as pessoas aqui estão preocupadas, inclusive eu mesmo", disse uma testemunha à Reuters.
Yeonpyeong fica perto de uma área marítima disputada pelas duas Coreias. Em 23 de novembro, na última vez em que a Coreia do Sul testou munições lá, a Coreia do Norte reagiu bombardeando a ilha, o que causou a morte de dois civis e dois militares, no pior ataque contra o território sul-coreano desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53).
A Coreia do Norte alertou na semana passada para um ataque ainda mais violento caso o Sul repetisse os exercícios. China e Rússia pediram a Seul que não os realizasse, mas os Estados Unidos disseram que os sul-coreanos tinham direito de fazê-los.
Em meio à tensão, houve também relatos de um possível avanço diplomático. Segundo a CNN, o negociador norte-americano Bill Richardson obteve concessões norte-coreanas a respeito da retomada das inspeções nucleares da ONU.
Em viagem não-oficial a Pyongyang, Richardson teria também convencido o regime comunista a negociar a venda de 12 mil cápsulas de combustível nuclear, que seriam enviadas ao exterior, possivelmente à Coreia do Sul, segundo o canal. Também ficou estabelecida a criação de uma comissão militar envolvendo EUA e as duas Coreias, além de um outro canal direto de contato entre os militares norte e sul-coreanos.
A chancelaria sul-coreana não comentou as informações.
A Coreia do Norte expulsou os inspetores nucleares em abril de 2009, rompendo um acordo anterior de desarmamento.
Corea do Norte diz que 'não vale a pena' reagir a manobras do Sul
A Coreia do Norte qualificou nesta segunda-feira como "provocação militar" as manobras da Coreia do Sul no Mar Amarelo, mas disse que não merecem uma resposta, informou a agência oficial norte-coreana "KCNA".
O Comando Supremo do Exército do Povo Coreano informou em comunicado que as Forças Armadas do país comunista não viram necessidade de responder a "uma provocação militar imprudente", ainda segundo a "KCNA".
Previamente, o regime de Kim Jong-il havia ameaçado atacar caso a Coreia do Sul realizasse manobras militares no Mar Amarelo, que banha ambos os países.
Os exercícios aconteceram sem incidentes perante a ilha sul-coreana de Yeonpyeong, atacada no mês passado pelo regime norte-coreano, deixando quatro mortos.
Segundo a agência sul-coreana "Yonhap", um porta-voz da Junta de Chefes do Estado-Maior disse que não houve nenhuma "provocação" do regime norte-coreano durante as manobras, das quais participaram dez navios de guerra, caças de combate F-15 e canhões K-9.
Pyongyang não reconhece a linha fronteiriça marítima traçada em 1953 ao término da Guerra da Coreia, e o Mar Amarelo foi palco de frequentes confrontos entre os dois países vizinhos.
Rússia: manobras sul-coreanas ameaçam estabilidade da península
A diplomacia russa acredita que as manobras militares sul-coreanas com munição de verdade, em uma ilha recentemente bombardeada pela Coreia do Norte, são uma ameaça à estabilidade da península coreana, indicou nesta segunda-feira a agência Interfax.
"A península estava à beira de um conflito armado (quando as forças norte-coreanas bombardearam a ilha de Yeonpyeong em 23 de novembro), por isso todas as partes devem exibir moderação e renunciar a qualquer ação que possa gerar uma escalada", afirmou uma fonte diplomática russa.
"Acreditamos que as manobras realizadas com munição real não correspondem a este objetivo", acrescentou.
Seul levou a cabo manobras militares na ilha de Yeonpyeong, apesar das ameaças de uma réplica da Coreia do Norte, a partir das 14h30 no horário local (03H30 de Brasília). As operações duraram cerca de uma hora.
No fim de semana, Pyongyang prometeu um "desastre" caso a Coreia do Sul não renunciasse à execução das manobras militares.
Os moradores de Yeonpyeong e de outras quatro ilhas vizinhas haviam recebido durante a manhã ordens de se protegerem em abrigos.
China: ninguém tem direito de criar um conflito na península coreana
A China pediu calma nesta segunda-feira na península coreana ao afirmar que "ninguém tem o direito de pregar ou promover o conflito", depois das manobras com munição real do Exército sul-coreano.
"A China sempre disse que a paz e a estabilidade devem ser mantidas na península. É um objetivo pelo qual sempre trabalhamos incansavelmente", declarou a jornalistas o vice-ministro chinês das Relações Exteriores, Cui Tiankai.
"Ninguém tem o direito de pregar ou promover um conflito ou uma guerra, ninguém tem o direito de provocar um banho de sangue entre os povos do norte e sul da península", completou, ao ser questionado sobre a reação da China às manobras sul-coreanas.
A China é a única grande potência que se recusou a condenar o bombardeio do Exército norte-coreano contra uma ilha sul-coreana em 23 de novembro, que deixou quatro mortos, incluindo dois civis.
Fonte: Reuters / EFE / AFP
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