quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Berlusconi resiste por pouco a moção de não-confiança


O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, sobreviveu por margem estreita a uma moção de não-confiança nesta terça-feira, que deixou seu governo de centro-direita agarrado ao poder por apenas 3 votos de diferença.

O resultado reforçou a reputação de Berlusconi de ser um dos grandes sobreviventes da política italiana, mas o deixou gravemente enfraquecido, sem o apoio necessário no Parlamento para garantir estabilidade em um momento de grandes desafios econômicos e de uma crise ameaçadora na zona do euro.

A sobrevivência de Berlusconi no governo foi garantida por 314 votos a seu favor e 311 contra, na Câmara dos Deputados.

Após um debate acirrado, a contagem dos votos foi interrompida brevemente por uma troca de tapas entre deputados de campos rivais.

Pier Luigi Bersani, líder do oposicionista Partido Democrata, disse que a vitória de Berlusconi foi uma vitória de Pirro.

"O sr., primeiro-ministro, não tem mais condições de governar", disse o deputado ao Parlamento.

Policiais da tropa de choque fecharam os acessos ao centro de Roma e entraram em confronto com manifestantes, que atiraram bombinhas de artifício e jogaram tinta contra o Senado e laranjas contra o Ministério da Economia.

Depois de um ano marcado por escândalos de corrupção e sexo, e de um rompimento difícil com seu ex-aliado Gianfranco Fini, o que lhe causou a perda da maioria segura no Parlamento, o premiê de 74 anos se viu pelo menos provisoriamente garantido no cargo pelo resultado da votação.

Desde que chegou ao poder pela primeira vez, em 1994, Berlusconi já desafiou os céticos em várias ocasiões, reerguendo-se após uma série de gafes e escândalos para vencer três eleições e transformar a paisagem política da Itália. Mas ele polarizou os italianos.

Milhares de estudantes, trabalhadores e outros adversários do governo fizeram outros protestos em todo o país na terça-feira.

Se Berlusconi tivesse perdido a votação na Câmara dos Deputados, depois de obter uma vitória clara no Senado na terça-feira, teria sido obrigado a renunciar, potencialmente abrindo o caminho para eleições antecipadas em mais de dois anos em relação à data prevista, em 2013.

A moção de não-confiança iniciada pela oposição de centro-esquerda foi derrubada por 314 votos a 311.

"Uma campanha eleitoral neste momento é uma coisa que o país absolutamente não precisa", disse Berlusconi mais tarde durante o lançamento de um livro.

"Acho que há a possibilidade de estender substancialmente a maioria que apoia o governo", disse ele.

O resultado foi assegurado após uma campanha febril de negociações escusas de voto, na qual as acusações de compra de votos e corrupção feitas pela oposição foram respondidas com negações contundentes e contra-acusações de traição.


"IR PARA AS ELEIÇÕES"

Com o voto de confiança garantido, a atenção passará agora para as concessões que Berlusconi terá de fazer aos centristas e rebeldes da centro-direita para garantir uma aliança de mais longo prazo.

Na segunda-feira Berlusconi ofereceu abrir seu governo aos moderados em um pacto eleitoral amplo, mas seus aliados de coalizão da Liga do Norte já expressaram ceticismo.

"Ou há condições para continuar no governo com uma maioria sólida ou será melhor ir para eleições", disse a jornalistas o ministro do Interior, Roberto Maroni, membro sênior da Liga do Norte.

A votação da terça-feira foi acompanhada de perto pelos mercados financeiros, em estado de alerta devido à crise na zona do euro. Um período de dúvida prolongado poderia chamar a atenção para as finanças públicas da Itália, em situação difícil.

"A incerteza política só será dissipada se houver uma maioria clara", escreveram analistas do banco italiano UniCredit antes da votação.

A Itália tem uma das maiores dívidas públicas proporcionais do mundo - quase 120 por cento de seu PIB. Mas ela conseguiu até agora escapar da tempestade na zona do euro, graças a controles rígidos dos gastos e a um sistema bancário conservador que evitou os excessos durante o boom do mercado.

Os mercados foram tranquilizados na semana passada quando o orçamento de 2011 foi aprovado, mas o resultado da votação desta terça-feira não garante a maioria segura desejada pelos investidores, deixando em dúvida o futuro do governo.

Fonte: Reuters
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