O reforço no policiamento e as operações em comunidades não foram suficientes para sufocar as ações criminosas e reduzir o pavor da sociedade. O dia de ontem foi marcado por 26 ataques a veículos e postos da polícia — um a cada 46 minutos —, que alteraram a rotina de 16 bairros do Rio de Janeiro e mais sete municípios do estado. Na tentativa de conter os atentados, o governador Sérgio Cabral solicitou ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, ajuda da Marinha, que cederá veículos blindados ao estado. Os quartéis do Exército no Rio entraram em alerta máximo para risco de ataques.
Em vários bairros, ameaças levaram comerciantes a baixar as portas. Universidades liberaram estudantes mais cedo. Na rede municipal, 17.772 alunos de escolas e creches municipais não tiveram aula. Na rede estadual, 18 colégios fecharam na capital, em Duque de Caxias e Belford Roxo.
Também na Baixada Fluminense, a SuperVia alterou os horários dos trens no ramal Belford Roxo, a partir das 20h, por causa de um tiroteio próximo ao Jacarezinho. A Fetranspor informou que poderá alterar o itinerário dos ônibus por causa de ações criminosas, mas sem reduzir a frota.
Desde sábado, quando os ataques se intensificaram, o Disque-Denúncia (2253-1177) recebeu 238 ligações com informações relacionadas aos ataques incendiários. Só ontem, até o fim da tarde, foram feitas 171 chamadas para o programa com detalhes sobre os crimes.
Durante 13 operações da polícia em 27 comunidades, 18 pessoas morreram —oito delas em Belford Roxo. Segundo a PM, 25 pessoas foram presas. O confronto mais intenso ocorreu nas comunidades do Complexo da Penha, em um tiroteio que durou mais de 12 horas e deixou quatro mortos — entre eles uma estudante de 14 anos — e 15 vítimas de balas perdidas. Um PM também ficou ferido.
Pelo rádio, bandidos se preparavam para a guerra: “Manda subir mais munição”. À tarde chegou o reforço do Batalhão de Operações Especiais (Bope), o que intensificou o tiroteio. Em uma casa, policiais da tropa de elite apreenderam cerca de duas toneladas de maconha.
Por causa do confronto, 17 pessoas não conseguiram deixar uma creche e uma escola que funcionam dentro no Complexo da Penha até as 23h — mais de 12 horas após o início do tiroteio.
À noite, divididos em seis grupos, coronéis da PM, entre eles o coronel Mário Sérgio Duarte, comandante da corporação, partiram em comboio por ruas do Centro e zonas Norte e Sul para conferir o reforço no policiamento nas ruas.
Apoio inclui cessão de veículos, armas e equipamentos militares
Ontem à noite, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, anunciou o pedido de ajuda ao Ministério da Defesa para combater os ataques incendiários. Na terça-feira, Cabral já havia recorrido ao presidente Lula e ao Ministério da Justiça, que enviou 70 homens da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para atuar nas rodovias federais que cortam o estado.
“Acabamos de solicitar ao ministro Nelson Jobim o apoio logístico, com transporte, viaturas e equipamentos importantíssimos para o combate a esses criminosos. Mas não é apoio de efetivo. A Marinha não irá se envolver (nos confrontos). Irá só ceder equipamentos para a operação da Polícia Militar”, anunicou Cabral.
O governador deverá ter um encontro hoje com o comando da Marinha para acertar detalhes da parceria. O acordo é para a cessão de veículos terrestres, entre eles blindados que possuem armas acopladas. A utilização desses equipamentos pelas forças do estado deverá ocorrer ainda esta semana.
Informações sobre ataques a quartéis levaram o Exército a entrar em alerta máximo. De acordo com o Comando Militar do Leste (CML), a segurança foi reforçada em todas as unidades do estado. O alerta preventivo envolve também o aumento da segurança no deslocamento das viaturas militares.
O CML informou ainda que intensificou a troca de informações com as autoridades das polícias estadual e federal do Rio.
Fonte: O Dia
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