segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Governo do RJ atribui arrastões a grupo 'pequeno' de facção criminosa


O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou nesta segunda-feira (22) que um “pequeno grupo de uma facção criminosa” seria o responsável pela série de arrastões que aconteceram em diversos pontos da capital do estado e da Região Metropolitana nas últimas 24 horas.

“É um grupo relativamente pequeno de uma facção criminosa que está se sentindo prejudicada com a nossa ação. A caminhada é muito longa e ao longo desse caminho vamos encontrar muitas pessoas que estão perdendo e quem perde reclama. Nós não vamos nos desviar deste tipo de conduta. Se não formos em frente com esse projeto, o Rio está sujeito a não conseguir resultados melhores na Segurança Pública”, afirmou o Beltrame.

Segundo ele, as ações criminosas dos últimos dias seriam represálias à ocupação de 13 comunidades pelas Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs. Mais cedo, o comandante da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, e o governado do Rio, Sérgio Cabral, já tinham dito que os ataques estariam sendo orquestrados por uma facção criminosa em represália às UPPs.

O secretário de Segurança está em Brasília para reuniões com a Secretaria Nacional de Segurança Pública a respeito da organização da Copa de 2014. Ele retorna ao estado ainda nesta segunda.

Transferência de presos
Beltrame disse também que a transferência de presos ligados ao tráfico de drogas de prisões no Rio de Janeiro para presídios federais também pode ser uma das causas dos incidentes registrados nos últimos dias.

O secretário informou ainda que está sendo feita uma nova seleção de novos nomes de criminosos ligados ao tráfico de drogas para serem transferidos a presídios federais. De acordo com ele, o setor de inteligência da polícia vai analisar presos que possam ter tido influência nessas ações para verificar a possibilidade de transferi-los.

O secretário descartou um pedido de ajuda ao governo federal para conter a onda de crimes do último fim de semana. Segundo ele, são ações pontuais que devem ser combatidas com reforço no policiamento e retomada de operações.

“Vamos voltar a atuar nos morros no sentido de buscarmos os autores disso. Mais importante é buscar os autores do que as causas desse ataque. Já estamos elaborando um cronograma. Vamos mandar mais uma leva de presos aos presídios federais”, afirmou o secretário.

Beltrame, no entanto, disse não ter garantias de que os arrastões registrados nos últimos dias possam ser evitados no futuro. Ele explica que a ocupação de territórios do tráfico é um processo demorado, outros grupos criminosos poderão se sentir prejudicados e reagir.

“Garantir isso de certa forma é um blefe. Não há como garantir que não vai ter incidente em uma cidade de 12 milhões de pessoas, onde historicamente o tráfico se instalou. Temos que tentar buscar se antecipar. Estamos tentando pontualmente resolver. O que vai resolver esses problemas é o estado tomar territórios e debelar armas”, disse.

Segundo o secretário de Segurança, nos últimos 2 anos 13 comunidades já foram ocupadas pela polícia pacificadora. A meta é que 40 conjunto de favelas sejam ocupados por forças policiais até 2014.

PM promete reforçar policiamento
Após a sequência de ataques, o comandante geral da Polícia Militar do Rio, coronel Mario Sérgio Duarte, informou nesta tarde que a Polícia Militar vai intensificar o patrulhamento e colocar mais policiais nas ruas da cidade.

“Em regra, intensificaríamos o patrulhamento com mais policiais perto do Natal. Mas vamos fazer isso imediatamente. Vou reduzir escalas, e mais agentes estarão nas ruas”, disse ele. Segundo o coronel, a Linha Vermelha e a Linha Amarela já estão com reforço.

Nesta manhã, cinco homens armados fecharam a Rua Itapera, em Irajá, no subúrbio da capital, nas proximidades do Trevo das Margaridas, na Avenida Brasil e incendiaram três veículos. Uma cabine da Polícia Militar também foi atingida por um tiro disparado por criminosos, na manhã desta segunda na Rua Monsenhor Félix, também em Irajá.

Hipóteses da Polícia Militar
Para Mario Sérgio, os ataques estariam sendo orquestrados por uma facção criminosa em represália às Unidades Pacificadoras de Polícia, a transferência de alguns presos para o Presídio Federal de Segurança Máxima de Catanduvas e para causar pânico na população.

“Os criminosos estão tentando promover o medo na população. Eles achavam que íamos retroceder e parar de pacificar as comunidades. Mas isso não vai acontecer. A Polícia Militar está preparada para qualquer ação. A população pode ficar tranquila”, afirmou.

Ainda segundo o coronel, os ataques que aconteceram nesta segunda, foram uma represália a ação realizada pelo 41º BPM na cracolândia, onde muitos usuários de crack foram detidos.

“Vamos retomar operações em comunidades. Mas serão operações pontuais. No próximo ano, pretendemos ter a incorporação de 7 mil policiais na PM. Compramos também, mais de 300 motocicletas para fazer o patrulhamento das ruas”, acrescentou.

Motos vão reforçar policiamento
Uma das medidas para melhorar a agilidade dos policiais nas ruas é o aumento do uso de motocicletas. “O objetivo é conseguir chegar mais rápido ao local das ocorrências, já que os engarrafamentos dificultam a chegada dos carros”, explicou o Relações Públicas da Polícia MIlitar, coronel Lima Castro.

Ele nega que haja suspeita de que os ataques em diferentes partes do Rio tenham sido orquestrados por uma mesma quadrilha. “Já temos uma suspeita sobre um grupo que estaria novamente agindo na Zona Sul. Todos os dados estão sendo analisado pela área de inteligência para que a gente possa colocar essas pessoas atrás das grades”, afirmou Lima Castro.


Uma cabine da Polícia Militar (PM) em Irajá, no subúrbio do Rio de Janeiro, foi atingida por um tiro na manhã de hoje. Ninguém ficou ferido. Segundo a corporação, um veículo passou em frente à cabine e um homem disparou. Exames de balística estão sendo realizados para detectar qual o calibre da bala. A PM ainda não tem informações sobre quem seria o autor do disparo.

Vários episódios de violência foram registrados no Rio no fim de semana. Pelo menos cinco arrastões foram realizados nas últimas 48 horas. Na tarde de ontem, dois carros foram incendiados na Linha Vermelha após serem abordados por bandidos que fecharam a via para realizar um arrastão. Na zona sul, bandidos usaram um carro roubado pouco antes em Laranjeiras para fechar a Rua Fonte da Saudade, também na zona sul, onde roubaram mais vítimas.

Fonte: Portal G1
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